Lauren's Point of View
Sempre fui uma pessoa que teve muita dificuldade em se adaptar. Era como se eu fosse sempre a peça que não se encaixa no quebra-cabeça, sempre deixada de lado ou descartada sem dó.
A ansiedade social é algo que me assola desde que me conheço por gente. Talvez deva ser por isso que não tinha amigos.
E não, eu não estou sendo modesta. Eu literalmente não tinha amigos. Bom, pelo menos não aqui.
Não que isso fizesse muita diferença agora.
Apesar de ter sido duro no início, aprendi a lidar com isso ainda na infância, diferente dos meus pais. Vinte anos depois e eles ainda não aprenderam a lidar com isso.
Nos mudamos para os Estados Unidos há alguns meses, mas não houveram grandes avanços no meu caso.
Isso me deixava genuinamente triste, mas não havia muito que eu pudesse fazer. Afinal, eu até que estava tentando.
Eu sabia que poderia mudar até de planeta, mas não conseguiria esquecer de tudo o que aconteceu tão cedo.
Apesar de achar que era dar murro em ponta de faca, decidi atender o pedido do meu pai e concordei em, ao menos, tentar conhecer pessoas novas.
Me enturmar, segundo ele.
E bem, é por isso que eu vinha todos os dias para a cafeteria. Esse foi o lugar mais vazio e tranquilo que consegui encontrar nas redondezas. Era muito aconchegante também, o lugar perfeito para ficar em paz.
Ok, ok. Esse não era o único motivo.
Prefiro não entrar em muitos detalhes agora, mas eu acabei omitindo algumas coisas sobre o meu passado. Não é como se eu não tivesse tido nenhum amigo a minha vida inteira.
Eu tive.
E talvez, não tenha sido apenas amizade. Se é que você entende.
Nós costumávamos ir à cafeteria todos os dias, já que estudávamos na mesma faculdade. Sempre às quatro da tarde, sempre no mesmo lugar.
Existia uma parte de mim que ainda não havia conseguido seguir em frente, se é que conseguiria algum dia.
E assim como a guitarra, esse costume era a única coisa que havia me sobrado como lembrança. Não poderia abrir mão disso de forma alguma.
Até o mesmo pedido eu mantive.
Voltando ao assunto, a ideia de usar a cafeteria como válvula de escape estava funcionando. Eu não precisava interagir com ninguém e meu pai acreditava que eu estava socializando por aí.
Perfeito, certo?
Agora, leia a frase anterior novamente. Estava.
Exato.
Durante os primeiros três ou quatro meses, mantive apenas um contato cordial com a barista do local. E estava ótimo dessa forma.
Com o passar do tempo, as interações começaram a aumentar de forma considerável. Ela realmente parecia engajada em puxar assunto comigo.
Chegava a ser adorável. E engraçado.
Por vezes me perguntei se ela estava tentando virar minha amiga ou se apenas estava sendo simpática por exigências do seu trabalho.
Nunca consegui chegar em um consenso, confesso.
E, apesar do mistério, sua simpatia havia me pegado de jeito. Já havia perdido as contas de quantas vezes me peguei gargalhando por algo que ela havia falado na hora de me atender.
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Hopes and Dreams
FanficCamila Cabello era baterista de uma banda amadora de Miami e trabalhava como barista para conseguir transformar seu sonho em realidade. Apesar de ser muito determinada, o cansaço por conta das inúmeras tentativas falhas vinha fazendo com que ela cog...