Desaparecidos

Capítulo 3

Alisson

Andamos e andamos pela floresta, cada passo nos levando mais fundo no desconhecido. A cada poucos minutos, olho para os lados e para trás, na esperança de ver algum sinal do Billy. O silêncio ao nosso redor é quase opressor, quebrado apenas pelo som das folhas sob nossos pés e o ocasional canto distante de um pássaro.

- Então, de onde você acha que somos? - pergunta Mason, quebrando o silêncio. Sua voz soa quase casual, mas há uma tensão subjacente.

- Eu não sei - respondo, tentando dar sentido à situação.

- Tenho flashes de memórias, mas nada concreto. E você?

- O mesmo. Tudo parece... turvo. - Ele faz uma pausa, olhando para o chão.

- Você acha que vamos encontrar uma saída?

- Quero acreditar que sim. - Tento sorrir, mas é difícil. - Precisamos acreditar que sim.

Continuamos conversando, trocando teorias e pequenas lembranças que surgem aleatoriamente. O ritmo de nossa caminhada diminui um pouco, e logo percebemos que estamos ficando para trás.

Olho para frente e noto que os outros estão parados, como se estivessem congelados no tempo.

- Por que eles pararam? - pergunto a Mason, sentindo um calafrio na espinha.

- Não sei, mas parece estranho - responde ele, seus olhos fixos no grupo imóvel. Aceleramos o passo, indo na direção dos outros. Quando chegamos perto, a sensação de algo terrível iminente se intensifica.

- O que está acontecendo? - pergunto, minha voz tremendo um pouco.

Ninguém responde. Seus olhos estão arregalados, fixos em algo à frente. Sigo o olhar deles e meu coração quase para.

É o corpo do Billy.

Ele está caído de uma forma que parece antinatural, os olhos abertos e vidrados, encarando o nada. Seu pescoço está torcido em um ângulo impossível, e há cortes profundos em seus braços e pernas, como se tivesse sido atacado por algum animal selvagem ou, pior, por algo ou alguém com intenção de machucar. O sangue seco mancha suas roupas e a terra ao redor, criando uma visão macabra.Uma onda de náusea me atinge, e meu corpo fica paralisado. Minha mente começa a correr com perguntas e teorias: O que aconteceu com ele? Foi atacado por alguém? Por quê? Isso é um aviso para nós?

- Oh meu Deus... - sussurro, sentindo as lágrimas queimarem meus olhos.

- Isso... isso não pode estar acontecendo - diz Mason, sua voz quebrada.Todos ao nosso redor estão imóveis, incapazes de processar a cena horrível diante de nós.

A floresta parece se fechar ao nosso redor, a escuridão se intensificando. O ar está pesado com o cheiro metálico de sangue e a sensação palpável de medo.

- Precisamos sair daqui - digo finalmente, minha voz quase inaudível.

Clarice é a primeira a reagir, dando um passo para trás, os olhos ainda fixos no corpo.

- Quem... quem poderia ter feito isso?

- Não sei - responde Harry, a voz tremendo.

- Mas seja quem for, ainda pode estar por aí.

- Não podemos deixar Billy aqui. - murmura Anne, os olhos cheios de lágrimas.

- Eu concordo - digo, minha voz firme apesar do medo.

- Mas precisamos pensar em um plano. Não podemos simplesmente ir embora e deixá-lo aqui desse jeito.

Mason olha ao redor, procurando alguma solução. - Talvez possamos enterrá-lo? Não podemos deixá-lo assim.