33 † Papai demônio

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"Se você olhar para a distância, há uma casa na colina, guiando como um farol para um lugar onde você estará segura; para se sentir melhor, porque todos nós cometemos erros. Se você perdeu o seu caminho...vou deixar a luz acesa."

— Leave a Light On, Tom Walker.

E M I L Y F R A N C O

11 de maio
Forks, Washington

Estou sufocando com uma fúria que queima tão forte quanto a dor que carrego, e não sei qual delas vai me destruir primeiro.

Depois que Jax decepcionou-me novamente, não tive ânimo para ir à aula, apenas voltei para casa e agora estou aqui descontando minhas frustrações em um e-mail que espero que não seja de ninguém.

Como ele pensou que eu me sentiria após dizer que quer libertar o demônio que matou a minha mãe?

Meus punhos apertam-sem distribuindo raiva e tristeza para o meu corpo. Esta dor aqui dentro é tão intensa que minha raiva se tornou a única forma de sobrevivência.

Pego meu notebook e digito o que vem por minha mente que está repleta de anseios e raiva. Meus dedos digitam furiosamente todos os pensamentos que tenho guardado durante os anos.

"Querido, Diabo...

Se você sentisse que tudo está perdido, o que faria?

Ultimamente, não tenho confiado em ninguém, muito menos em minha mente. Há tantas pessoas pedindo-me confiança, mas não se fazem ao trabalho de me entregar primeiro.

Como confiarei em alguém se agora não consigo confiar em mim?

E caso ele tome o controle do meu corpo?

Eu busco esperança para fingir que está tudo bem e para tentar lidar com a dor que me corrói todos os dias.

A morte da minha mãe, o abandono paternal, aquele psicopata perseguindo-me, sonhos estranhos e agora Jax estão me fazendo sufocar. O que eles querem que eu faça?! Eu não consigo resolver tudo, nem entender.

Me desculpe por te mandar esta mensagem, é que eu já não tinha mais ninguém a recorrer.
Você poderia me levar para dar um passeio ao inferno? É que aqui em cima está tão complicado."

Envio a mensagem e largo o notebook, afinal, o Diabo não atende por um e-mail qualquer.

Sei que peguei pesado com Jax, mas estou me segurando para não desabar. A cada objeto pontiagudo que noto pelo caminho, preciso esconder porque não sei o que serei capaz de fazer para minha dor passar. Estou segurando as rédeas para não sentar no chão do meu quarto e chorar até os falsos tendões do ventrículo do meu coração se desprenderem.

O que eu posso fazer para superar?

Não existe espaço para cura quando a ferida nunca para de sangrar.

Sentada na cadeira, diante da mesa em que fica meu notebook, brinco com meu colar de cereja com os dedos.

Sinto que há algo diferente no ambiente. Meu olhar, que se encontra baixo olhando para o teclado, se vai para frente, apenas sentindo o clima mudar. Ele se torna gelado e lúcido, onde arrepios passeiam por meus braços.

Decido virar-me, assim vendo a alta figura que se encontra no canto do meu quarto, me olhando sem desviar e deixando claro que observa meus detalhes.

Meu coração salta e meus olhos se arregalam. O ser que ainda se encontra parado, deixa escapar um sorriso sem dentes, parece amigável demais.

Abbadon'sOnde histórias criam vida. Descubra agora