10 † Medo

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"Amor, eu quero te tocar. Eu quero respirar no seu pescoço. Olha, eu tenho que te assombrar. Eu tenho que te trazer para o meu inferno. Amor, eu quero te foder, eu quero sentir você em meus ossos. Vou amar você.
Eu vou rasgar a sua alma.

— I Want It All (feat. Meg Myers & Hucci), Cameron Grey


E M I L Y     F R A N C O

03 de abril
Forks, Washington

Ao anoitecer, nos damos boa noite e seguimos para as barracas, onde eu divido a minha com Jenny. Me deito ao seu lado e posso vê-la com um sorriso travesso em seus lábios macios

— O que foi? — Pergunto, franzindo minhas sobrancelhas, já que minha melhor amiga possui uma mente muito fértil capaz de imaginar coisas que não acontecem de verdade.

— Eu acho que o Mihael gosta de você.

— Mihael? Não, eu não faço o tipo dele.

— Mas ele faz o seu tipo, né?! — A garota deixa escapar sua risada meiga.

— Pare, Jenny! — Sorrio retribuindo e me viro para o outro lado — Tente dormir um pouco e tenha uma boa noite.

— Como seria o nome shipper de vocês? Mihemily? Emiel?

— Jenny!

— Certo, boa noite para você também. — Ela diz, ainda com sua voz gargalhando, mas logo se vira para dormir, o que acontece muito rápido. Jenny tem uma baita facilidade para adormecer.

Tento transpor-me ao mundo dos sonhos, onde tenho certeza absoluta que encontrarei aquele ser novamente, afinal, ele não perde mais nenhum de meus sonhos. O que chega a ser como um comprometimento comigo.

Eu estou aqui, no mesmo lugar, ainda com o mesmo nevoeiro de antes. Talvez este nevoeiro seja a casa do espírito que me persegue, ou pode apenas ser o que tem dentro da minha mente.

Olho em volta sentindo a sensação familiar de estar sendo observada. Mas, desta vez, não vejo ninguém. Eu estou sozinha. Um estranho arrepio desce pela minha espinha, a sensação de que estava sendo vigiada tão presente antes sumindo tão repentinamente quanto surgiu. Eu me pergunto se imaginei tudo, se tudo foi apenas uma ilusão de minha mente.

Eu sinto o medo adentrar por meu corpo. Por que ele não está aqui?

Meus olhos se abrem, revelando que eu não quero mais dormir. Então, retiro-me da barraca e me direciono para fora, onde estão as árvores que balançam suavemente.

Em pé, observo a lua e sua maneira de brilhar, o que ninguém mais conseguiria reproduzir. Ando lentamente pela floresta, prestando atenção nos mínimos detalhes para serem lembrados mais tarde.

A floresta está em silêncio, com apenas o som ocasional de folhas caídas ou o suspiro do vento passando pelas árvores. Os pássaros estão em silêncio, assim como os insetos. Há uma sensação de calma e tranquilidade, como se a floresta estivesse esperando por algo. O silêncio é quebrado apenas pelo som dos galhos se movendo no vento e das gotas de chuva que agora caem na vegetação.

Sinto uma pontada de medo ao lembrar que o ser que sempre estava em meus sonhos não se encontrava onde deveria estar. A sensação de inquietação e suspense cresce dentro de mim, conforme eu me afasto do local. Percebo que não é seguro permanecer aqui e que algo está errado. Minha intuição diz para me afastar o mais rápido possível, antes que seja tarde demais.

Coloco meus pés em ação, mas paro repentinamente ao escutar o quebrar de um galho ao chão.

Minha respiração já não tem mais controle. Meus olhos analisam a floresta, as árvores e os cantos mais escuros, mas eu não vejo ninguém.

Abbadon'sOnde histórias criam vida. Descubra agora