15 † Invasor

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"Garota, você é como ninguém. Você realmente não tem complexo. Torna tudo mais intenso, me puxa até eu ficar obcecado."

— Body, Rosenfeld.

E M I L Y F R A N C O

05 de abril
Forks, Washington

Finalmente estamos em minha rua, Kaleb está estacionando perto de minha casa. Posso sentir a tranquilidade entrando por meus poros, mesmo que eu ainda não tenha certeza de que tudo passou.

Eu não vi mais os Abbadons há alguns minutos, eles apenas acenaram e sumiram por outras ruas.

Kaleb deixa eu e Luke em casa e nos despedimos. Agora ele deixará os outros, que grande amigo ele é.

Quando meus amigos se vão, entro em minha casa, lar doce lar. Ainda tem o cheiro da mamãe.

Esta casa ainda me recorda de todos os pesadelos que já tive, me lembra do luto que tanto tento amenizar, lembra da época em que papai nos amava.

— Luke, deveríamos começar de novo. — Eu falo, enquanto estou parada na entrada observando a casa, como se as memórias estivessem atingindo-me de uma vez, o que realmente está acontecendo.

— Como assim, Emily? — Luke deixa as malas no chão e me olha.

— Conseguir uma casa nova, realizar as coisas por nossos esforços.

Meu irmão suspira, trazendo sua tristeza para perto de mim.

— Não é tão fácil. — Seus olhos vão para o chão — Agora que estamos sozinhos, precisamos nos esforçar mais.

— Eu sei disso. Papai nos manda sempre uma mesada, ele acha que isso pode nos fazer perdoa-lhe, e talvez o dinheiro nos ajude com algumas coisas. Posso conseguir um emprego e tentaremos comprar uma casa.

— Você tem certeza? Esta é a casa em que crescemos. Passamos nossa vida inteira aqui, e ainda junto a nossa mãe.

— As lembranças daqui me machucam, muito mais do que me deixam feliz. Dói muito, Luke. Não consigo olhar para esta casa e não ver mamãe em todos os cantos. Poderia ter sido diferente se... — Meu irmão me interrompe, se aproximando e segurando meu rosto.

— Eu não quero mais escutar você dizendo que é sua culpa, Emily. Não é, e nunca será, entendeu?

Apenas aceno que sim, com minhas bochechas sendo esmagadas por suas mãos. Eu sei que é minha culpa, e vou levar isso comigo até o caixão.

— Você acha que a mamãe vai me perdoar se eu beber duas garrafas de vinho inteiras e sozinha? — Pergunto, com a voz impedida por suas mãos ainda estarem em minhas bochechas.

Meu irmão sorri e solta meu rosto.

— Ela te perdoará, mas se você vomitar, eu não vou limpar. — Luke pega as malas no chão, se direcionado à escada para levar suas coisas para o seu quarto.

Comemoro por finalmente poder me embebedar sem remorso algum. Luke não deixava-me beber de jeito algum, só foi deixar depois que mamãe morreu. Acho que ele está tentando me manter ocupada e feliz, esquecer que ela se foi para sempre.

Abbadon'sOnde histórias criam vida. Descubra agora