38|Epílogo

1K 56 2
                                    

Noah Urrea

As vezes, eu simplesmente não conseguia acreditar na minha sorte. Eu havia matado, ameaçado, e torturado mais homens do que poderia me lembrar. Mas, mesmo assim...

Eu olhei para o quintal, onde Sina brincava com os gêmeos, de quatro anos. Ela corria atrás deles fingindo que era uma vampira, e os pequenos arregalavam os olhos verdes, como os meus, e gritavam enquanto sorriam. Eles eram quase tão apegados à ela quanto eu.

Quase.

Então olhei para o meu lado, onde minha menininha comia maçãs, os olhos verdes espertos, observando tudo.

Caroline era a cópia de Sina, exceto pelos olhos. Era teimosa, corajosa, dorminhoca e muito inteligente. Quer dizer, não querendo me gabar, mas a minha garotinha tinha seis anos e já sabia a tabuada do um ao cinco.

Como se soubesse que eu estava olhando, ela virou a cabeça e encarou a mim e ao bebê enrolado em uma manta que eu segurava.

-Papai, a Valentina virou sobrinha do tio Josh e da tia Sabina também, né?

Eu abri um sorrisinho. Meus irmãos mimavam meus filhos quase tanto quanto meus pais. Não haviam crianças tão amadas no mundo quanto aqueles quatro.

-Sim, carino, ela é sobrinha deles. Igual você e seus irmãos.

Choe olhou desconfiada para o bebê, e eu segurei uma risada. Quando ela descobriu que o bebê que a mamãe carregava seria uma menina, ela ficou exultante, pois teria uma irmãzinha, e "não mais dois meninos nojentos", como ela mesmo havia dito.

Mas eu e Sina sabíamos que ela estava com um pouco de ciúmes da nova recém chegada. E era um amor.

Eu beijei a testa da minha garotinha enquanto, pelo canto do olho, vi minha esposa se aproximando de nós.

-Vá brincar um pouco com seus irmãos,si? - Ela assentiu e pulou do banco.

-Eu vou matar vocês! - Ela gritou, virando um vampiro muito mais rápido e assustador do que a mãe. Os meninos gritaram, genuinamente aterrorizados, e saíram correndo.

Sina se sentou ao meu lado e encostou a cabeça no meu ombro.

-O Matteo e o Pietro brigaram hoje. - Ela murmurou, encarando a pequena Valentina em meus braços.

Eu sorri. Desde que conheci Sina, eu simplesmente não parava de sorrir. Mesmo oito anos depois, casado e com quatro filhos, a simples presença dela me fazia querer dar pulos de alegria. Aquela chama inicial da paixão não se apagara, mas crescera e se tornara algo muito mais forte, mais intenso.

E eu amava aquela mulher com toda a força do meu ser.

-Eles estão sempre brigando,querida.

Ela soltou uma risadinha deliciosa.

-Não quer saber o motivo? - Eu assenti e ela continuou. - O Pietro disse que a Valentina iria gostar muito dele quando visse o seu super chute, e o Matteo disse que ela com certeza iria gostar mais dele, porque ele era mais alto. Então o Pietro disse que era mais esperto, e o Matteo que era mais legal. E aí eles ficaram discutindo por quase trinta minutos sobre quem ia ser o melhor amigo da nossa caçulinha.

-Acho que ela vai gostar mais da Choe, eu arrisco dizer. Os meninos são muito "nojentos", segundo a nossa filha, querida.

Sina suspirou e encarou Valentina, que acabara de abrir os olhinhos,verdes como os da meus e da irmã mais velha.

Broken Pieces•𝘯𝘰𝘢𝘳𝘵Onde histórias criam vida. Descubra agora