4|Confie em mim

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Descobri o significado de controle depois de passar mais de uma hora no mesmo cômodo que você.

Noah Urrea

Eu não sei em que momento, exatamente, a ideia de Sina me ajudar a acabar com os Rossi chegou em minha mente.

Provavelmente foi mais ou menos no período em que eu estava me segurando para não tirar cada peça de roupa dela, e testar minha teoria se ela ficaria quietinha enquanto minhas mãos e boca percorressem seu corpo.

Eu mordo a parte interna da bochecha, tirando a mão do bolso e checando o relógio. Eles estão atrasados.

A questão é: Sina é a mulher perfeita se eu quiser seguir em frente com o plano. Ela é linda, inteligente, espirituosa e teimosa. Não é do tipo que se assusta fácil. Quer dizer, a mulher não perdeu a compostura nem quando descobriu que passaria os próximos três meses trabalhando na máfia, fingindo ser quem ela não é. Se ela aguentou isso sem nenhum drama, eu imagino que vá conseguir lidar com meus "companheiros" nos negócios.

Um carro preto e sem placa estaciona na pista de avião, e Josh sai do banco de trás, apressando o passo para abrir a outra porta. Ele parece apreensivo ao faze-lo, no entanto.

Cabelos loiros ondulados e compridos saiem de dentro do carro, e Sina anda até mim batendo os saltos. Ela usa óculos escuros e pela linha fina que é sua boca, posso dizer que está irritada.

Estou preparado para ser ignorado, para ouvir sua voz sedutora pedir uma última vez para ir embora, ou até para algum comentário irônico me ofendendo. Eu me preparo para qualquer coisa.

Menos o que, na verdade, sai de sua boca.

- Quando chegarmos à Itália eu vou gastar cada centavo do seu dinheiro com roupas decentes e sapatos confortáveis, Noah. -Eu ergo as sobrancelhas, confuso e segurando um sorriso. Por que sempre que ela diz meu nome soa como uma ofensa? -Esses sapatos estão me matando, e não fazem nem duas horas que eu os calcei.

Eu olho para baixo, para os saltos de quinze centímetros. Bom, eles nem são tão bonitos mesmo.

Meu olhar sobe por seu corpo, mas eu me frustro, encarando os óculos de Sina.

- Não vejo nada de errado com sua roupa.

Ela dá um sorrisinho irônico.

- Isso é porque o sobretudo esta cobrindo toda minha roupa.

Josh me olha e sussurra com os lábios "não pergunte". Ele parece assustado.

Eu solto uma risada curta e grave, e volto a encarar o rosto da mulher em minha frente.

-Por que não abre e me deixa avaliar? -Eu faço só para provocar, claro. Eu sei que isso vai deixa-la irritada.

Eu levanto o olhar para o meu irmão, que vira de lado e passa a mão pelo cabelo claro, fingindo não ver a cena.

Pelo canto do olho, vejo Sina tirar os óculos de sol. Nós nos encaramos, e eu perco o fôlego com a força de seu olhar.

Como pude ter me esquecido desses olhos esverdeados incríveis?

Eu ergo as sobrancelhas.

- Abra o sobretudo, Sina,é uma ordem. - Eu digo, sabendo que ela sabe que eu estou fazendo de propósito.

Ela aperta os olhos em minha direção e devagar abre os botões grandes do sobretudo. Ela deixa a peça de roupa cair sobre os ombros e inclina a cabeça para o lado.

Sina esta usando um vestido de festa preto, brilhante e que mal cobre um terço de sua coxa. O decote é exagerado e vulgar, e ele não tem mangas.

Longe de nós, eu posso ouvir risadinhas masculinas, sussurros e um assobio.

Broken Pieces•𝘯𝘰𝘢𝘳𝘵Onde histórias criam vida. Descubra agora