15 - Joguinho patético

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Estou há alguns minutos sentada no parapeito da laje da casa de Letícia. Já passaram tantos carros, tantas pessoas que já perdi toda concentração e estou apenas ouvindo meu subconsciente falar no meu ouvido há umas 2 horas. Na verdade, se passaram alguns minutos mas pra mim foram horas muito cruéis. Já se passaram alguns dias desde que Gustavo me rejeitou e Letícia me ligou algumas vezes para saber se eu estava bem. Não contei pra ela o que estava acontecendo, não queria estragar o clima da viagem dela, mas Felipe, meu novo melhor amigo chegou há um tempinho. Ele está sentado ao meu lado no parapeito, já contei tudo há uns 15 minutos e ele não disse nada em relação, mas finalmente ele decide se opor falando algo...

- Ele é um babaca! - Felipe me olha e eu suspiro. É, ele é um babaca. Na verdade nem sei porque estou tão mal, ele é apenas meu chefe, conheço ele a muito pouco tempo e eu não sei nada sobre ele. Como posso sentir algo por um estranho?

- Eu sou uma idiota, né? - Deito a cabeça no peito de Lipe.

- Claro que não, Cecí. Você não tem culpa de gostar dele... mas ele foi um completo babaca contigo.

- É errado amar alguém que não conhecemos?

Lipe ri e me olha - Ciss, - ele diz meu nome. Um apelido estranho que ele me deu, mas estou começando a me acostumar com ele, - não existe forma certa ou errada de amar. Você simplesmente viu algo nele que os outros não viram. Eu por exemplo, não vejo nada de interessante nesse babaca.

- Você não viu ele ainda. Ele é um gostoso.

- E o que te atrai nele realmente?

- Acho que tudo... ele carrega muito mistério e isso me faz sentir uma curiosidade tão grande... sem contar que... bom, na mesma hora que ele é carinhoso ele é seco! Duro! Egoísta e um puto babaca.

- Babaca, babaca, babaca! - Alguém diz atrás de mim. Sua voz é grossa e ao mesmo tempo rouca. É ele. Eu e Felipe olhamos para trás e lá está ele. Ele está terrivelmente perfeito. Seus cabelos estão extremamente ajeitados, na maioria do tempo ele vive espetado, provavelmente ele gosta dos cabelos espetados, mas hoje não há um fio de cabelo fora do lugar. Ele usa uma camisa azul de manga comprida, uma calça jeans laranja e um sapato preto da Nike. - Será que toda vez que eu te encontrar você vai me chamar de babaca? - ele sobe no parapeito e senta no banquinho, na minha frente e na frente de Lipe, - Você está diferente, Nilton. - Gustavo sorri presunçoso e tira uma caixinha de cigarro do bolso. - Vocês aceitam?

- A gente não fuma! - digo grosseira - E esse não é meu noivo, além do mais ele não se chama Nilton - enfatizo o Nilton e Gustavo sorri novamente ao colocar o cigarro na boca.

- Desculpa! Esqueci o nome do garoto... Nilberto?

- Você é mesmo um babaca! Para com isso!

- Cecí... a Mia me mandou mensagem... ela me chamou pra tomar um café, - Felipe diz fixado na tela do celular. Desde que saímos para almoçar naquele sábado, ele e Mia viraram grandes amigos, mas eu desconfio que eles estejam sentindo alguma coisa um pelo outro. Eles se olham de um jeito tão estranho, não é um olhar de um amigo para uma amiga.

- Mia? Mia... minha prima? - Gustavo pergunta.

- Tchau, Ciss. Espero que você fique bem - Lipe sorri e beija minha testa.

- Obrigada por vir. Amo você, amigo.

- Eu também te amo - ele sorri e desce do parapeito. Assim que Felipe sai pela porta da laje, eu me levanto para fazer o mesmo.

- Ei... onde você vai, baby?

- NÃO ME CHAMA DE BABY, EU TE PROÍBO DE ME CHAMAR DE BABY. - Parto para cima dele, enfurecida e aponto meu dedo indicador. - Vou ver a Letícia...

- Ela não está. Ela tá na minha casa com meu santo irmão e vim te ver. A porta estava aberta. Não é só você que tem direito de invadir minha casa. - ele coloca a fumaça do cigarro para fora.

- Babaca! Tomara que você morra com essa fumaça! - sussurro e desço do parapeito. Quando estou perto da porta sinto uma de suas mãos agarrando minha cintura. Ele me puxa para perto de seu peito, joga o cigarro no chão e pisa nele.

- Quando você vai entender que você não é como as outras mulheres que já conheci?

- Garota, lembra?

Ele revira os olhos e suspira logo em seguida. - Não quero te levar pra minha cama...

- Disso eu já sei... - começo mas ele rouba um beijo nos meus lábios. Seu gosto não está tão bom como na nossa primeira vez por causa do cigarro, mas sua boca não deixa de ser gostosa por isso. Ele anda com nossos corpos até a parede da porta e continua me beijando intensamente. Quando percebo que estou caindo em seu joguinho maligno eu o empurro com força, mas ele se aproxima novamente e prende meus pulsos acima da minha cabeça - Para, Gustavo! Já chega... por que você fica brincando comigo desse jeito? POR QUE FAZ ISSO COMIGO? Você não percebe que eu gosto de você? Eu não vou cair nesse seu joguinho patético... eu não sou como as outras...

- É exatamente isso! Você não é como as outras e você não tem ideia de como isso me irrita. Poderia me apaixonar por qualquer mulher... mas... tinha que ser você... minha vida foi calculada... fui treinado para fazer tudo de um jeito e você aparece e simplesmente muda toda a porra da minha vida.

- E por isso me trata assim? Como se fosse um capacho?

- Não posso transar com você!

- Por que? Por causa da Verônica? Você tem alguma coisa com ela?

- Não... a Verônica... a Verônica é apenas alguém importante... não pra mim... pra minha avó. Minha avó gosta dela e acha que eu devo ficar com ela e a Verônica também acha isso... por isso ela veio atrás de mim.

- Então por que transou com ela? Você só a deixou iludida.

- Você... você definitivamente me deixa louco com essa sua curiosidade.

- Gustavo... me desculpa o que eu vou te dizer... mas... você só me demonstrou ser um babaca por todo esse tempo! Você gosta de mim, mas por que você gosta? Eu sou apenas uma garota como você diz e mesmo que tenhamos algo algum dia... você não me conta absolutamente nada sobre você. Eu não sei quem você é! Eu definitivamente não sei... eu acabei de trair meu noivo e eu não sei com que cara olhar pra ele... você tem ideia das situações em que você me coloca? Eu não quero isso pra minha vida.

- Isso? Isso o quê?

- Você... você simplesmente me quer e ao mesmo tempo que me quer, você não me quer... eu não vou ser escrava disso. Eu vou terminar com o Nicolas, mas não porque eu estou disposta a ficar contigo, é porque eu percebi que eu não amo ele e porque o que eu fiz foi errado, eu preciso ter pelo menos a decência de dizer a ele o que eu fiz. Mas eu não vou me envolver com você pra depois você simplesmente me despachar. Eu acho melhor você ir embora e não voltar mais. Se você não me quer como sua mulher, se pra você eu sou apenas uma brincadeirinha, você realmente tá perdendo seu tempo comigo, ok?

- ... Se... se eu quiser um relacionamento sério?

- Como você quer um relacionamento sério se eu não sei um terço da sua vida? Como posso ter um relacionamento com um estranho?

- Eu... janta comigo essa noite? Eu te prometo que te conto o que você quiser.

- Tá falando sério?

- Muito sério. Já que é assim que você quer, é assim que vai ser. Topa?

Isso realmente acabou de me deixar extremamente surpresa. Há segundos atrás ele não queria me contar absolutamente nada da vida dele e agora ele já quer me contar tudo que eu quiser saber. Isso talvez seja estranho. Mas talvez seja uma boa oportunidade para nos conhecermos melhor e para eu entender também o que se passa na cabeça dele.

- Tudo bem. Eu aceito jantar com você mas desde que você não me esconda nada.

- Tudo bem. Você vai saber de tudo, - ele acaricia meu cabelo e eu sorrio.

Encontro Com CEO - Uma Escolha Quase Perfeita (1° Temporada )Onde histórias criam vida. Descubra agora