Capítulo 49 - Chuva brava

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— Senhora, me desculpa mas não temos quarto — diz a moça da recepção.

— De novo? Sério? Eu já fui em vários hotéis de ontem pra hoje! Todos me dizem a mesma coisa! Olha, eu tô na rua desde ontem…

— Sinto muito, senhora…

— É o vídeo, né? Vocês não querem me hospedar por causa do vídeo que anda circulando na Internet.

— Senhora, não seria bom pra reputação do hotel… Estão dizendo por aí que seu pai não vai mais sustenta-lá, como pretende pagar?

— Olha, eu tenho dinheiro! Tenho muito dinheiro! Eu posso pagar…

— É melhor a senhora ir embora!

— Obrigada, mesmo assim! — Saio puxando minhas malas. Tiro meu celular da bolsa para pedir um Uber, mas ele acaba desligando por estar sem bateria. — Aí não! O que vou fazer? — jogo meus cabelos para trás e bufo.

Começo a caminhar pelas ruas até que chego em uma pracinha. Já está de noite e já é bem tarde! Estou tossindo desde cedo e eu preciso arrumar um lugar para dormir e logo. Deito no banquinho frio e começo a olhar para o céu, até que começa a chover novamente. Aí não! Eu nasci pra sofrer! Me levanto do banquinho e procuro um lugar seguro onde não tenha chuva. Fico na porta de uma padaria, onde tem teto. Solto alguns espirros e me contorço de frio…

— Mocinha… O quê faz debaixo dessa chuva, minha filha? — Um moço se aproxima debaixo de seu guarda chuva.

— É… fui expulsa de casa e meu marido me deixou!

Ele se aproxima e coloca a mão na minha testa — Minha nossa senhora, filha! Está queimando de febre! Vem… vou te levar pra minha casa…

— Não! Eu não quero incomodar.

— Ah, não seja boba! Vamos logo — ele me puxa para baixo de seu guarda chuva e tusso novamente.

— Minhas malas…

— Não se preocupe. Eu volto para buscá-las. Minha casa é bem pertinho daqui… vamos querida… Pegue meu casaco — ele tira seu casaco e me ajuda a vestir.

— Obrigada… — tusso.

***

Acordo tossindo e quando me dou conta, estou em uma casinha bem pequena. Nunca estive em um lugar tão simples em toda minha vida. Me levanto e me encolho ao ver um senhor em cima do fogão preparando alguma coisa. Droga! Onde estou? Por que não me lembro de nada?

— Bom dia, Cecília — ele se vira.

— Como sabe meu nome? — digo assustada.

— Você me disse ontem a noite… não precisa ter medo. Eu só quero te ajudar… Você tava com muita febre então te dei um chá e te deitei na cama… você estava suando e tendo muitas alucinações… chamando por um tal de Gustavo. Suponho que seja seu marido. Você não está mais com febre pois fiz um chá tiroqueda.

— Onde me encontrou?

— Você está praticamente na favela moça! Eu saí para visitar um primo doente e na volta te encontrei toda encolhidinha na calçada de uma padaria. Trouxe suas malas… Suponho que more em algum lugar muito chique de Boston. Essas roupas e mãozinhas delicadas não combinam muito nesse bairro. Podia ter sido assaltada, e não devia ter confiado em mim.

— Bom, suponho que não estivesse em condições de fugir do senhor… além do mais o senhor é um idoso!

— Não se engane, filha. Neste mundo nem os velhinhos são bons.

Rio — Verdade, mas o senhor parece uma boa pessoa.

— Prazer, sou Antônio, mas se quiser pode me chamar de Tony.

Sorrio — Muito prazer, Tony.

— O prazer é meu, querida. Olha, fiz uma sopinha pra você… pra ajudar na tosse.

— O senhor faz remédios? — Me levanto e ele me ajuda até chegar na mesa.

— Ah sim… aqui no bairro me chamam de Dr. Tony. Cuido de toda a gente.

Sorrio e pego a colher.

— A sopa é ótima. Daqui a pouco você para de tossir.

Tomo uma colherada — Obrigada.

— Mas o que aconteceu, querida? Por que foi expulsa de casa?

— O meu marido… nos casamos na semana passada! Mas é que meu pai nunca aceitou ele… e no dia seguinte meu marido foi embora, mas isso acabou prejudicando meu pai porque ele perdeu muitos clientes que depositavam seus dinheiros e suas economias no banco dele… agora não tenho pra onde ir porque tem um vídeo meu circulando na Internet e todo mundo acha que sou uma aberração de pessoa.

— Isso é complicado! Que marido babaca.

— Nem me fale! Odeio ele.

— Imagino.

Encontro Com CEO - Uma Escolha Quase Perfeita (1° Temporada )Onde histórias criam vida. Descubra agora