Peter voltou para sua casa um pouco mais tarde do que de costume.
Isso deixou sua mãe preocupada mais uma vez.
A porta da casa foi aberta e a brisa fria chegou aos cabelos claros da mulher que estava sentada na poltrona esperando pelo filho.
— Peter! Onde você foi? Me deixou preocupada de novo! — A mulher se levantou rapidamente.
— Mãe, eu quero falar com você sobre uma coisa.
— Oh. Não podemos deixar para amanhã? Eu estou realmente cansada...
— Por favor, eu juro que é rápido.
— ... — Ela suspirou. — Está bem.
A luz da sala era a única acesa na casa em que moravam.
O pai de Peter já estava no vigésimo quarto sono e sequer sonhava com a conversa que sua mulher teria com seu filho.
Peter agora tinha certeza do que sentia, e precisava contar isso para sua mãe antes que ela descobrisse por outra boca e acabasse tendo um surto.
Sua voz estava pesada, mas ele ainda conseguiu dizer de forma simples e direta.
— Mãe, eu não gosto de garotas.
— ...Como assim? — Um olhar confuso nasceu em seu rosto. — Você não gosta daquela sua amiga? Filho, por que você queria me dizer isso? Não precisa se preocupar, é só-
Ele suspirou. Sua boca começou a tremer enquanto estava tentando responder a mulher.
— Eu não me apaixono por meninas.O olhar da mulher era calmo e bem surpreso, na verdade. Nenhum traço de raiva ou surto era visível em seu rosto. Se ela estivesse sentindo alguma coisa parecida, seria uma das primeiras coisas que Peter notaria no rosto de sua mãe.
No entanto, ela estava realmente muito calma e não tinha nenhuma intenção de acabar gritando de repente.
Peter começou a suar frio e seu peito começou a doer depois do silêncio de sua mãe. Sua cabeça também estava um pouco irritada e sua mente agitada.
Os olhos da mulher eram claros como os seus, e dava para ver que ela não estava chateada.
— Não há problema algum em não gostar de meninas, querido. — Ela tocou as mãos trêmulas do garoto. — Eu te pressionei demais em tentar encontrar uma namorada para você? Filho, se em algum momento te deixei desconfortável com esse assunto, eu sinto muito... Eu achei que você estava procurando por uma garota, mas, acho que me enganei.
O garoto se surpreendeu com o pedido de desculpas de sua mãe. Era como se ela só quisesse aquilo para seu filho sem se preocupar com o que o próprio queria para si mesmo.
Parece que ele estava um pouco enganado sobre os pensamentos de sua mãe.
Mas, afinal, ela havia entendido o que ele quis dizer?
Nenhuma palavra dita pela mulher foi “garotos”. Talvez ela esteja pensando que seu filho só não quisesse uma garota para amar e ter uma família.
Peter queria ter certeza, mas não sabia como explicar para sua mãe sobre Noah. Ele então suspirou antes de dizer:
— ...Eu gosto de meninos....
A expressão da mulher mudou em questão de segundos. O loiro não sabia se ter dito aquilo daquela forma tenha sido muito apropriado, mas agora ele não poderia voltar ao passado para consertar.
O rosto surpreso de sua mãe lhe causava um pouco de ansiedade, e ele não sabia se deveria tentar corrigir o que foi dito.
— Desculpa, eu não deveria ter- — Ele começou a dizer, quando foi interrompido pela mulher.
— Está tudo bem, criança. — Ela sorriu. A mulher estava se sentindo feliz por seu filho ter sido honesto e dito o que sentia. — Meu bem, eu vou amar você, não importa suas escolhas. Eu sou sua mãe, é meu dever te apoiar e te respeitar seja qual for a sua escolha. — Suspirou. — Você gostando de garotos ou garotas, não importa. Isso não vai mudar o amor que sinto por você, Peter.
Peter não sabia o que sentir e muito menos o que dizer.
As coisas que ele estava ciente de estarem acontecendo nesse momento, era que, sua mãe havia o compreendido, seu peito doía tanto quanto sua cabeça e que algumas lágrimas começaram a escorrer pelo seu rosto quando os braços da mulher o prendeu em um forte abraço.
A mulher sorriu para seu filho com um olhar orgulhoso.
— ...Filho-
— Hum?
— Você...gosta do Noah? — A mulher deu um sorriso engraçado, fazendo seu filho ficar com o rosto pouco avermelhado. — Desculpa perguntar isso, é só que fiquei curiosa sobre vocês dois...
— Sem problemas... Uh, a gente... tá ficando, na verdade. — Peter respondeu rápido e direto.
— Oh- Nossa! — Ela se endireitou. — Fico feliz por vocês.
— Obrigado, mãe.
A mulher sorriu para seu filho e beijou levemente a testa do garoto. Seus lábios eram macios e quentes, e Peter se sentiu acolhido quando ela o abraçou mais uma vez antes de o desejar boa noite.
Semanas depois daquele dia, Peter já estava decidido em pedir Noah em namoro, finalmente.
Os pais de Noah já sabiam sobre a bissexualidade do filho e, por isso, aceitaram rápido o namoro entre os garotos.
Não foi muito diferente com os pais de Peter, que também se sentiam felizes pelo filho, mas que, de qualquer forma, era algo um pouco novo para a família.
As duas famílias se juntaram depois de tanto tempo separadas. Estavam tão felizes com essa junção quanto os garotos estavam depois de revelar o namoro a todos os parentes.
O Natal daquele ano foi animado e cheio de surpresas.
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Notas:
Fiz esse extra só pro Peter se assumir pra mãe dele... Não queria criar um capítulo, então é apenas um bônus...Mesmo assim, espero que tenham gostado da história! Por favor, digam o que acharam para eu saber como estou indo com minha escrita e o enredo das minhas obras- 🤧❤
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Nosso Espírito Natalino
Short Story·Este é um conto de minha autoria. Por favor, não repostar!!! •Título: Nosso Espírito Natalino ·Gênero: Conto, Romance BL •Livre para todos <3 ·Status: Completo [8 capítulos e 1 extra] •Sinopse: Dois melhores amigos de famílias rivais descobrem um...