pódio de prioridade

Capítulo 8

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11 anos atrás...

No chão gélido da cozinha, Harry chorava altamente enquanto sua mãe gritava e estapeava-o continuadamente com um chinelo.

— Seu inútil do caralho! — Berrava, sem importar-se com a vermelhidão cada vez mais vivaz na pele do filho, ao dar sequência de pancadas. — Você é doente mental? Dando a porra do meu dinheiro para mendigos estúpidos.

O garoto soluçava, não arrependido de seus feitos, todavia, a dor das concussões fazia sua pele queimar.

— Vai ficar comendo essas merdas que sobraram e eu não estou nem aí. — Gritou uma última vez, prestes a bater a porta da cozinha para trancá-lo lá. — Precisa aprender a dar valor ao dinheiro que eu tanto ralo para ganhar, seu ingrato da porra!

E empurrou a porta.

As mãos de Harry tremelicavam enquanto ele tentava se impulsionar para sentar no chão, sentindo os hematomas arderem agudamente.

Jana havia o mandando ir ao mercado comprar cigarros, chips e cerveja.

Todas as sextas-feiras eram assim, ele comprava as mesmas coisas, ela levava alguns homens pra casa e ordenava que Styles não saísse do quarto até uma segunda ordem.

Havia um funcionário específico do mercado que o fornecia os cigarros sigilosamente, Harry se recordava de já tê-lo espionado pela fresta da porta algumas vezes, ele era um dos amigos de sua mãe.

Mas, desta vez, ao ver que sobrara troco, o cacheado não hesitou em dá-lo para um morador de rua solitário próximo a sua casa.

No entanto, ele não esperava que da janela de seu quarto, Jana monitorava todas as suas míseras ações.

E nem que iria receber tão rigorosas punições pela inocente atitude.

Harry passou a noite lá, esparramado sobre o piso gelado da cozinha enquanto escutava incalculáveis sonidos conhecidos de gemidos e chorava baixinho.

Estava faminto, mas Jana só o deixava comer jujubas desde que Harry, timidamente, comentou com ela que queria começar a se alimentar mais saudavelmente, pois percebia as dobrinhas de sua barriga aumentando quando sentava-se.

Foi um total erro revelar isso, no entanto, algo em seu interior tolamente acreditava que receberia ajuda.

Harry já sofria bullying constante por seus aparelhos auditivos, não queria mais uma razão para ser humilhado em frente a todos.

Todavia, não tinha escolhas, procurava em todos os potes daquela cozinha fria e tudo que encontrava eram jujubas e mas jujubas...

Num determinado momento da madrugada, os sonidos foram interrompidos, ele aguardou o suficiente para saber que Jana já deveria ter adormecido e fugiu pela janela.

Já sabendo de cór todos os macetes para tranca-la por fora, afinal, a fuga era certeira em todas as sextas, uma vez que Jana nunca se lembrava de nada, no dia seguinte, sequer de que Harry esteve em casa.

Ele engoliu o choro quando chegou em frente a casa de Linda, jamais queria que ela o visse naquele estado deplorável.

Enxugou as lágrimas, ajeitou os cabelos e tocou a campainha em plena 3:30 da manhã.