Pʀᴏ́ʟᴏɢᴏ☀︎︎

8 1 4
                                    

— Porque você cortou seu cabelo?! - Meu deus, ele está em casa?! — Eu já disse que EU não gosto do seu cabelo curto.

— N-não é-! — Meu pai me interrompe.

— E foi sem minha permissão ainda?! — Ele olha para mim com raiva. Sobrancelhas juntas, testa franzida... um olhar que já estou acustumado mas que sempre me dá arrepios.

— M-mas-! — Ele levanta de repente, o que faz eu me encolher e ficar quieto.

— "MAS" NADA! VOCÊ TEM QUE ME OBEDECER E PONTO FINAL! — Meu pai se aproxima de mim e pega meu cabelo, me puxando escada acima até o sótão — Você vai ficar aqui até aprender. É para o seu bem. — Ele me joga no sótão com força e fecha a única saída.

Você deve estar confuso – ou até assustado – com o que acabou de acontecer, então eu vou ter que explicar algumas coisas.

Meu nome é Zach Keller, tenho 15 anos – indo para 16 esse ano eletivo – e moro com meu pai.

Pelo o que você viu, você deve estar achando que meu pai é uma pessoa sem coração que tranca pessoas em lugares escuros como castigo, mas não é bem assim. Ele, na verdade, é muito legal, só não gosta quando faço coisas em segredo.

A culpa é um pouco minha também, porque eu sabia que não deveria cortar o cabelo sem permissão, porém cortei mesmo assim por conta de um momento de disforia.

Meu pai diz que me trata assim porque, desde que minha mãe morreu e ele teve que me criar sozinho, ele tenta me dar a melhor educação que um pai solteiro conseguiria, e fala também que eu deveria ser grato por ele não ter me abandonado ao meu nascimento.

Falando sobre minha mãe, ela era uma mulher doce e jovem de 22 anos, então descobriu que estava grávida e gostou muito da ideia de ter um filho com seu marido – meu pai –, mas ela teve complicações e acabou morrendo uns dez ou quinze minutos após o parto.

E é por isso que meu pai, quando briga comigo, fala que eu sou o culpado pela morte dela e quem deveria ter morrido era eu. Tem um pouco de verdade nisso, já que se eu não tivesse nascido, minha mãe estaria viva e meu pai estaria mais feliz.

Também é por isso que ele vive trabalhando e só para em casa uma vez na semana. Acho que, para ele, é mais fácil lidar com o trabalho do que com a própria vida.

Dito tudo isso, acho que podemos continuar a história normalmente.

~☆☆☆~

Eu tive que dormir no sótão, porque trancaram a porta. Pelo menos não estava tão frio, não tinha coberta, mas eu estava com meu moletom quando subi para cá.

— Desce, você vai se atrasar para a escola nova. Quando você chegar, eu já vou estar trabalhando. — Meu pai destranca a porta e nem sobe, apenas vai embora depois de dizer isso.

— Uhum, estou indo. — Desço as escadas devagar e vou para o meu quarto pegar uma roupa para tomar banho.

Pego o habitual de todo dia: Uma calça jeans aleatória, uma blusa do fundo do armário e um moletom.

Vou para o banheiro e tomo um banho até que longo, – já que eu não pude tomar ontem a noite e eu cortei o meu cabelo – depois pego minha mochila, desço as escadas para o primeiro andar e vou até a cozinha.

— Bom dia. — Digo para o meu pai, com um sorriso no rosto.

— Bom dia. — Ele nem sequer olha para mim, deve ser porque ele está fazendo o próprio café, então tudo bem.

— Estou atrasada, vou para a escola. Tchau. — Eu passo minha mão pelo meu cabelo preto ansiosamente e começo a sair de casa, não quero que meu pai fique com mais raiva de mim.

— Tchau. — Meu pai olha para mim, acena com a cabeça e volta a prestar atenção no café dele. E isso é o suficiente.

Só em saber que ele está bem comigo o suficiente para me dar tchau, eu consigo me sentir um pouco melhor.

Someone I MetOnde histórias criam vida. Descubra agora