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O dia escolar foi estressante – por conta de toda a matéria mesmo sendo o PRIMEIRO DIA DE AULA –, mas está tudo bem agora.
Eu estou no laboratório de informática com o Connor porque a gente tem que imprimir uns negócios para o trabalho.
Enquanto à gente estava quase acabando de separar o que íamos imprimir, a impressora fez um barulho como se já estivesse imprimindo algo.
— Você clicou no botão de imprimir? — Pergunto a Connor, porque acho que uma máquina não faria isso sozinha.
— Óbvio que não. — Decido pegar o papel recém imprimido e ler um pouco.
— "Querido Evan Hansen." — Olho para cima e vejo o mesmo garoto de hoje de manhã — Deve ser aquele garoto ali. Aquele que você empurrou.
— Eu só empurrei ele porque ele riu de mim! — Evan não parece o tipo de pessoa que faria isso.
— Mas você tem total certeza que ele estava rindo de você?
— Não, mas eu sei que ele estava! — Eu olho para Connor, daí ele olha para mim e a gente fica assim por um tempo.
— Porque você não vai lá com essa carta e entrega para ele? — Entrego a carta para Connor e ele levanta e vai até Evan.
De longe, não dá para ouvir o que eles estão conversando, mas deve estar indo bem já que Connor está rindo junto de Evan.
Depois de um tempo, parecia que a conversa não estava indo tão bem como antes, porque eu estava começando a conseguir ouvir a conversa mesmo de longe.
Connor então saí correndo do laboratório com a carta na mão ainda, e eu tento pegar todos os papéis que eu fiquei imprimindo e ainda correr junto para o acompanhar.
Quando ele para de correr, a gente está no estacionamento da escola.
— Connor, o que houve? — Digo entre suspiros.
— VOCÊ SABIA QUE ISSO IA ACONTECER! — Ele se aproxima de mim e eu nem consigo ir para trás, acabei paralisando de medo - FOI TUDO UM PLANO DE VOCÊS DOIS PARA ME FAZER SURTAR, NÃO FOI?!
Ele continua falando um monte de coisas e eu continuo absorvendo tudo lá paralisado e chorando. Ele meio que está me lembrando meu pai agora.
— D-desculpa. — Ele olha para mim e percebe tudo o que está acontecendo de uma vez, fazendo-o parar imediatamente. Então ficamos uns minutos em silêncio.
— Eu-... — Connor põe a mão no meu cabelo e o bagunça de forma leve, como se não soubesse realmente o que fazer — Eu... quero tomar sorvete. Você quer ir? — Com o tempo, paro de chorar, o que não alivia o clima mas já é alguma coisa.
Faço um barulho de confirmação e começo a andar rápido até a saída do estacionamento, esperando que Connor esteja me seguindo.
~☆☆☆~
Eu e Connor fomos tomar sorvete – mesmo tendo feito a gente esquecer o que tinha acontecido, não preciso entrar em detalhes – e depois fomos para a casa dele.
— Seus pais se importam de você ter vindo aqui sem avisar? — Ele pergunta ao chegarmos perto da casa dele.
— Meu pai está trabalhando, depois aviso para ele.
— Beleza, se você diz. — Connor ia abrir a porta, mas hesita — Já avisando, meus pais podem acabar falando algo desnecessário. E tire o tênis antes de entrar. — Daí ele abre a porta.
A gente entra e eu começo a fazer o que Connor faz – tirar os tênis, onde botar os tênis, coisas assim – para ter certeza que não vou fazer algo errado.
— Eu trouxe visita! — Connor anuncia — A gente vai ficar no meu quarto fazendo trabalho! — Ele sussurra "Vamos." e começa a subir as escadas.
Quando chegamos no quarto dele, eu fico parado em pé com as folhas na mão esperando ele dizer onde posso ficar. Observo enquanto ele põe a mochila ao lado da porta.
— Você pode sentar na cama, no chão, na cadeira, em qualquer lugar que quiser. — Connor diz, então abre a janela e vai em direção a gaveta, procurando uns materiais para o trabalho — Deixa a sua mochila aí também.
Coloco minha mochila ao lado da dele e decido sentar na cama por enquanto, e fico revisando as folhas imprimidas para ter ideia do que escrever.
— Connor disse que trouxe um amigo! — Ouço uma voz, que deve ser a mãe do Connor, lá embaixo dizendo isso a alguém.
— Sua mãe? — Olho para ele e ele apenas acena com a cabeça positivamente.
— Você viu quem ele trouxe? Pode ser um dos caras que vende maconha para ele! — Parando para pensar, aqui realmente tem cheiro de maconha — Eu vou subir para verificar.
— Que pé no saco. Pelo amor, nem para falarem baixo. — Connor resmunga.
— Esse trabalho chega a ser entediante. Não é, Connie?~ — Mudo de assunto e ele ri um pouco da provocação, depois eu boto as folhas ao meu lado na cama.
— Connor! — Quem eu acho que é o pai do Connor abre a porta — Sua mãe disse que você trouxe um "amigo". — Ele muda o tom quando diz a última palavra e Connor apenas aponta para mim.
— Boa tarde. — Eu falo e o pai do Connor olha para mim como se estivesse tentando descobrir algo de errado que eu fiz.
— Espera, Connor, você trouxe uma garota?! — Eu não sou uma garota.
— Não. — Posso estar errado, mas parece que Connor fala de um jeito muito mais monótono com o pai.
— Voz de garota, rosto feminino, muito baixa para ser um garoto... Você não deveria mentir para o seu pai. — Eu pareço tão feminino assim? — A porta vai ficar aberta por precaução.
— Eu tenho total certeza de que Zach é um menino. — Connor fecha a gaveta depois de pegar tudo o que precisa — Agora, se você já acabou de verificar, a gente tem que fazer um trabalho. — O pai de Connor se afasta da porta e vai embora dizendo coisas como "O que eu faço com ele?!" e "Ele é um caso perdido.".
— Meu deus. — Jogo o resto do meu corpo na cama enquanto suspiro forte.
— Eu falei que eles são desnecessários às vezes. — Ele olha para mim e eu olho para ele de volta.
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Someone I Met
Fiksi Penggemar(BMC X DEH) (Pré-DEH AU) (OC x Character) Nessa visão da história, acompanhamos a vida de Zach, um garoto trans de 15/16 anos, que muda de escola para começar seu segundo ano no ensino médio. Zach tem que lidar diariamente com sua disforia e um pai...