and it's only for the brave

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͏ ͏Harry já estava na recepção, cerca de quarenta minutos antes do horário de sua sessão. Pude vê-lo sentado numa das cadeiras apoiando a bochecha sobre um dos punhos.

͏ Seus olhos portavam um tom escuro de verde, era difícil diferenciar suas íris das pupilas, que por sinal estavam em tamanho reduzido, quase desaparecendo em meio ao verde intenso.

͏ Suas pálpebras caídas permitiam que seus cílios longos ficassem em evidência.

͏ Harry vestia uma camiseta branca de mangas pretas e compridas, com uma estampa de Conway & Loretta no centro. Em suas pernas estava uma calça jeans preta com rasgos que deixavam seus joelhos aparentes. Seu cotovelo estava apoiado em um deles.

͏ Acenei para ele e ele fez o mesmo para mim. Avisei que iria atendê-lo em breve e Harry acenou positivamente com a cabeça, pousando-a novamente em seu punho.

͏ A sessão do paciente anterior chegou ao fim, e solicitei que a secretária permitisse a entrada de Harry.

-Boa tarde, Harry! Chegou mais cedo hoje, hm? - o cumprimentei enquanto se sentava na poltrona.

-Boa tarde, Helene! Sim... - seu tom de voz estava mais baixo que o normal.

-Vou buscar sua xícara de chá e-

-Obrigado! Mas não quero tomar chá hoje, Helene. - Harry diz interrompendo minha fala.

͏ Ele não vai beber nem um gole do chá de hortelã? E pensar que na semana passada estava optando pelo de frutas vermelhas.

-Tudo bem! Vou começar com a ficha. - As pupilas, antes pequeninas, agora estavam dilatadas.

͏ Pude sentir o pavor consumindo as íris esverdeadas de Harry após ouvir aquela frase sair de minha boca.

͏ Perguntei a respeito de Niall, sobre a loja, e finalmente chegamos a última e pior delas.

-Sabe me dizer há quanto tempo teve sua última recaída?

͏ Pensava que não havia como deixar seu semblante ainda mais cabisbaixo, mas infelizmente, ele ficou.

-Há algumas horas. - ele responde evitando meu olhar enquanto encarava o chão.

͏ Ouvi o leve fungar de seu nariz, no momento em que levantou a cabeça, seus olhos brilhavam. Haviam lágrimas presas no canto deles, ele piscava desesperadamente na tentativa de afasta-las.

-Me desculpe... - Harry pronuncia passando as palmas de suas mãos pelos olhos.

-Não há motivo para se desculpar. É importante que você demonstre o que sente! - argumento tentando manter minha postura profissional.

-A festa foi horrível! - ele pontua deixando que uma das lágrimas traçasse um caminho por sua bochecha.

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͏ A música alta se misturava as vozes dos desconhecidos, que por sinal falavam extremamente alto.

͏ Minha mente era incapaz de ouvir meus próprios pensamentos. Tudo o que eu sentia, eram as batidas da música em sincronia com as fortes batidas do meu coração, enquanto eu e Louis passávamos abrindo espaço entre a multidão.

͏ Só existia uma coisa pior que ser um sóbrio em meio a um monte de bêbados. Que era ser um sóbrio em meio a um monte de bêbados desconhecidos.

͏ Todos pareciam estar me medindo com os olhos, esperando que eu falasse alguma coisa, ou pelo menos tentasse.

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