capítulo 1

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21|04|22
Querido eu
nem acredito que estou nesse exato momento, dentro de um avião que tem o objetivo de deixar eu e mais 80 pessoas No R.J. Essas últimas semanas a única coisa que fiz foi tentar fazer a mamãe mudar de ideia quanto a me botar em um colégio interno, e ainda por cima no rio de janeiro Mas de nada adiantou. Tanto que aqui estou eu, a menos de vinte minutos do Rio. Em pleno terceiro ano, estou sendo obrigada a mudar de escola e deixar tudo para trás. Não que esse tudo seja muita coisa, mas sim, meus amados livros, um cachorro e minha progenitora. Eram tantos livros que não couberam nem um 1/3 na minha mala cor de rosa. Pois é querido eu... Quem compra uma mala cor de rosa? Nos respondendo, MINHA MÃE! Ela não tem nenhum senso do ridículo. Falo isso, mas sei que vou sentir muita falta dela com o passar dos dias. Sei que ela acha que o melhor pra mim é estudar tempo integral e ficar longe dos dramas familiares que é minha vida, mas eu não queria deixa-la só enquanto tudo desaba lá em casa. Minha vida tá um desastre ambulante. Não tenho amigos ou vida amorosa e só me apaixonei uma vez na sexta série. E ainda por cima, os meus pais estão se separando. O papai é um idiota. Ele tinha outra família e a mamãe acabou descobrindo. Quando fiquei sabendo, a imagem de pai amoroso que tinha dele foi pelo ralo junto com a nossa relação. Não nos falamos mais desde o dia em que ele saiu de casa. - Senhoras e Senhores passageiros, o avião irá pousar... apertem os cintos, todos. - A voz de uma aeromoça soou pelo avião e fecho o meu diário.
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Parei na frente do colégio e ele era enorme. As paredes eram de tijolos vermelhos, dando uma aparência antiga, e as janelas eram enormes. Muito assustador. Ter aquela visão só me fazia ter mais vontade de pegar um avião de volta pra casa e dizer pra minha mãe que eu não iria para colégio interno nenhum. Mas claro que não funcionária. A mamãe me botaria em outro avião de volta horas depois. Contei até três e comecei a caminhar pelo enorme gramado até a entrada do colégio. Depois de longos 3 minutos cheguei, finalmente, na bendita porta que, mais parecia ter sido feita pra um gigante do que pra um humano. Dentro tinha uma escada que dava pra duas direções, direita e esquerda. Em cima da escada tinha o enorme brasão da escola na parede, que era de um tom pastel. No teto tinha um maravilhoso lustre de cristal e alguns detalhes em gesso que davam um charme ao lugar. Quando voltei o olhar para a escada novamente, vi um uma mulher bonita desce-la graciosamente. - Bom dia, srta. Becker. Sou a Sr. Strauss, diretora do colégio, e estou muito feliz que tenha nos confiados o seu último ano. - disse a mulher, e sorriu logo depois. Como se eu tivesse escolha. Vamos, vou lhe mostra o colégio. - A mulher voltou a falar. (...) Depois da diretora ter me mostrado o refeitório, o jardim, a piscina, a área de laser e a quadra, a mesma me entregou um papel com todas as normas da escola e finalmente me deixou no meu dormitório. O lugar era bem espaçoso. Tinha duas camas, cada uma de um lado do quarto. Um criado mudo do lado de cada cama e em cima deles um abajur. Um lado do cômodo já estava decorado com fotos e uma colcha de cama com florezinhas coloridas. A parede da sua cama estava pintada de rosa bebê, enquanto o outro lado do quarto, que no caso era meu, era sem graça e a cama só tinha um forro com uma cor sem graça. Também tínhamos um banheiro. Suspirei aliviada por não precisar dividir o banheiro com centenas de garotas. Procurei pela minha suposta colega de quarto, mas não achei ninguém, então deduzi que estivesse em aula. Sra. Strauss explicou que meus horários só seriam iniciados no dia seguinte, então usei o resto da tarde para tirar as coisas da mala. Com tudo guardado e uma colcha de cama posta, meu trabalho já estava terminado. Tirei meus livros e botei na estante que havia no quarto, e a mesma estava só com livros didáticos, então deduzi, "de novo", que a minha colega de quarto não gostava de livros. Resolvi tomar um banho. Tirei minhas roupas e liguei o chuveiro logo depois. Fechei os olhos e deixei que a água caísse pelo meu corpo, na tentativa de que me acorda-se do pesadelo que havia se transformado a minha vida. Tentativa falha. Quando voltei a abrir os olhos, ainda me encontrava no mesmo banheiro minúsculo a milhas de distância da minha casa. Eu só queria a minha casa e o meu cachorro babão... eu só queria a minha mãe e todas as suas implicâncias. Não sei em que momento a água deixou de ser a única coisa que escorria pelo meu rosto. Chorei com soluços baixos, até não ter mais forças. Não sei quanto tempo passei de baixo do chuveiro, mas foi tempo suficiente para a minha colega de quarto deixar a bolsa em cima da cama e sair de novo. Sequei meu cabelo no secador e botei uma camisa do meu pai como pijama. Me joguei na cama exausta e dormi.

Sempre foi você| 𝕃𝕦𝕔𝕒𝕤 ℙ𝕒𝕢𝕦𝕖𝕥áOnde histórias criam vida. Descubra agora