capítulo 2

712 19 4
                                    

Acordei com o despertador do celular tocando a mesma música de dois anos atrás, The Scientist - Coldpay.
Olhei a tela do aparelho e era 6:30 da manhã. Girei minha cabeça para o lado e vi minha colega de quarto ainda dormindo. Me levantei com toda a força que me restava e obriguei minhas pernas a me levarem até o banheiro. Saí do banho e minha colega de quarto já estava de pé. Ela era morena e tinha os olhos castanhos, alta , mas muito bonita. A garota me olhou dos pés à cabeça, e esboçou um sorriso acolhedor, logo depois. Minha nova colega de quarto? A morena pergunta com um sorriso educado, no rosto.
-Acho que sim. Respondi um pouco tímida.
Nunca fui boa em falar com estranhos.
-Eu sou Bruna, a sua colega de quarto. O que você já deve ter deduzido. ela sorrir de novo.
-(S/n) Becker, prazer!
tento soar o mais amigável possível. Bruna, minha colega de quarto, assentiu e começou a dobrar os lençóis. Olhei pra minha cama bagunçada e me senti um desastre. seu uniforme tá em cima da cadeira. Bruna voltou a falar e apontou pra cadeira da escrivaninha.
-Certo... o café é de que horas? perguntei indo em direção as roupas. -As 7:30. E as aulas começam as 8:00 horas.
a garota respondeu e logo depois entrou no banheiro.
Já eram 6:50 e ainda vestia pijama. Peguei as roupas em cima da cadeira e botei em cima da cama. Fiquei me imaginando naquilo e eu não usaria de jeito nenhum. O uniforme era formado por uma camisa social, gravata e uma saia na altura dos joelhos.
-É ridículo, não é? /Bruna falou saindo do banheiro e rindo da cara que eu fazia pra aquela aberração.  -Mas pra sua alegria e de todos desse colégio,podemos personalizar o uniforme e deixar do nosso jeito. Isso é só um modelo pra você usar como base. _continuou. _ você só precisa usar as cores do colégio e botar o brasão da escola nas roupas. Fácil, fácil. _deu por fim.
-Jura? Nossa... quase enfartei só de me imaginar usando esse treco. _botei a mão no peito e abri um sorriso do tamanho do meu alívio ao escutar aquilo. Estava andando pelos corredores da escola com Bruna ao meu lado, mostrando tudo de novo. Mas agora na visão dos alunos. Ela falou que as aulas eram um porre e que a diretora era legal na maioria das vezes. Falou também, que a piscina era onde tudo acontecia, principalmente as festas. Pois é... quando ela viu a minha reação de espanto, disse que uma vez no mês sempre acontecia uma festa na piscina para cobrir a falta de diversão dos alunos. Enquanto ela me falava tudo eu só afirmava com a cabeça. Agora, com um uniforme mais apresentável, calça jeans preta, camiseta da farda e a ridícula gravata vermelha dado um nó frouxo, eu e minha colega de quarto seguia rumo ao refeitório.
-Aqui parece o inferno de tão grande.
Reclamo, já cansada de tanto andar. -Já já você se acostuma.
-Ninguém se acostuma com o inferno. _revirei os olhos.
-Às vezes sim. _ Bruna insinua algo, que não consigo pegar. A garota me olhava de rabo de olho e tinha as feições divertidas. Não o sei como isso foi acontecer, mas em um piscar de olhos eu estava em pé e no outro, estava no chão, e pra piorar, com um brutamonte em cima de mim. Não pira, não pira, pensei.
-Merda. Foi mal! _ O troglodita resmungava tão baixo, que se não fosse meu corpo sob o seu, não saberia que se referia a mim.
-Tudo bem, agora saia de cima!! Mando ríspida.
-Calma ae, esquentadinha!! Se serve de consolo, me empurraram. _ Se defendeu, parecendo levemente ofendido. Talvez ele sofre-se do mesmo que a maioria dos homens: Ego frágil. Virei o rosto na direção do garoto e lhe lancei o meu pior olhar de morte. Mas então o impossível aconteceu. Os olhos que me encaravam com um misto de irritação e divertimento, me deixaram sem palavras. Os mesmos olhos que tinham me tirado de órbita por incontáveis vezes, em um passado nem tão distante. Se já não estivesse no chão, com certeza eu desabaria. É ele sem dúvidas, o meu ex-vizinho. O meu amorzinho platônico de infância. É o... -Lucas...
_ soltei as palavras antes mesmo de percebe-la sair. Minha voz saiu menos que um sussurro, mas não baixo o suficiente, para que, o garoto que estava a menos de um palmo de distância, pudesse escutar.
-Esse é o meu nome... _confirma o garoto, com uma ruga entre as sobrancelhas. Mas então o rosto se suaviza como se ele tivesse acabado de lembrar de algo.
-Jura?
_resmungo irônica, e um sorriso falso me acompanha.
- Depois que você sair de cima de mim, podemos marcar um café pra falar sobre sua vida e como a mesma é entediante..., mas antes, VAZAA!_ Grito irritada. Que tipo de gente estuda nesse colégio idiota? Assediadores? 2
-Não precisa gritar, esquentadinha. _diz calmo, acompanhado de um sorriso maroto. Lucas faz menção de finalmente se levantar, mas como não consigo fechar a boca...
-Ah não? Jurei que tivesse algum problema de audição quando pedi da primeira vez... 1
-Escuto bem até de mais, gatinha. Já você, parece estar com raiva.
_O moreno disse, petulante. Lucas me olhava com tanta intensidade, que fazia com que eu me senti-se uma presa encurralada. Mas pior era a raiva que eu sentia, por ter me comparado a um animal doente.
-Sou conhecida por ter o pavio curto com babacas. Se eu fosse você, tomava cuidado. Morder sua canela por acidente, seria uma fatalidade. _ Entro na brincadeira. Meu tom de voz tão árduo quanto o seu. O Moreno abre a boca na intenção de devolver as farpas, mas é interrompido. -Paquetá!! Vamos, cara... deixa pra dá em cima das gatinhas depois do café. uma voz soa chamando por ele. E deduzo que seja o responsável por essa bagunça.
-Sou vacinado, mas agradeço a preocupação. Foi uma ótima conversa, mas preciso ir esquentadinha. _ Lucas pisca galanteador, antes de se apoiar sobre os braços, e num instante o peso confortável do seu corpo sobre o meu, não está mais lá. Nem o seu calor. Já em pé, o meu ex vizinho me oferece a mão, e a nego da forma mais rude possível.
-Tudo bem esquentadinha... como quiser.
-Meu nome é (S/n) becker, e não esquentadinha. O corrijo de forma rude. Nada do que ele não mereça. Assim,que o garoto escutou o meu nome, o sorriso idiota que ele carregava no rosto, sumiu. Lucas pareceu pensar em alguma coisa e quando finalmente ia falar algo, foi cortado pelo o amigo inconveniente, novamente.
-Cara, tô varado de fome, sério mesmo!!!! _ choramingou o garoto desconhecido.
-Tchau, (S/n). _Meu ex vizinho, botou as mãos nos bolsos e foi embora. Será que ele lembrou de mim? Lucas, era o tipo de criança que todos babavam. Era lindo, engraçado e educado. Um perfeito bom moço. o meu amor platônico por ele, teve início, no dia em que ele e a família se mudaram pra casa da frente. Ao contrário dele, eu era uma criança de oito anos, feia, gorda e dentuça. Uma perfeita Mônica. No primeiro momento em que o vi como pular de paraquedas, as borboletas no estômago não paravam quietas. Fiz minha mãe fazer um bolo, pra dar as boas-vindas a sua família, mas tudo que eu queria mesmo, era só uma desculpa pra ver os lindos olhos cor de mel do meu novo vizinho. Cheguei na porta da casa do garoto com a mamãe do meu lado. Toquei a campainha e a mãe do meu príncipe abriu a porta. A mamãe avisou o motivo da nossa visita e ela agradeceu e nos chamou pra entrar para comer um lanche. Fiquei encantada com a casa e com as obras de arte caríssimas, nas paredes. Pois é amiguinhos... o meu príncipe era um baita de um sortudo e um herdeiro de um enorme patrimônio dos pais, inclusive da mansão que eles moravam. A sra. Tolentino, chamou o filho pra descer e vir nos cumprimentar. Lembro bem, que meu coração parecia querer sair pela boca e corei instantaneamente. Mas invés dele descer as enormes escadas, ele gritou para a mãe que não estava afim de fazer sala para a Mônica. Quando falei que ele era educado não menti, tá? ele realmente era um príncipe...menos comigo! Voltando... a mãe do garoto ficou vermelha de vergonha. A mamãe disse que "estava tudo bem, crianças são assim mesmo." E enquanto isso eu corri pra casa pra chorar, com o coração partido pela primeira vez. Mas se foi a última? claro que não!!!! Eu era uma pirralha de oito anos que não sabia o que era amor próprio. Deixei o Lucas quebrar meu coração por cinco anos até ele se mudar pra não sei aonde. Quando descobri que o meu amor iria para longe de mim, meu coração virou fragmentos. Todas as vezes que o Lucas me machucou doeram bem menos que a notícia que não o veria mais. Mas depois que o tempo passou os choros e a saudade foram diminuindo, até não sobrar mais nada.
-Ei, Cinderela, o Paquetá já ganhou mais um coração pra coleção? _A Bruna me tirou dos meus desvaneios. Como eu pude esquecer da sua existência??
-Quê? claro que não... vamos logo pro refeitório? _ tentei mudar de assunto. Tá. ela pareceu querer falar mais alguma coisa, mas desistiu e fomos para o refeitório.

Sempre foi você| 𝕃𝕦𝕔𝕒𝕤 ℙ𝕒𝕢𝕦𝕖𝕥áOnde histórias criam vida. Descubra agora