capítulo 5

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Caminhar sem destino sempre me assustou de várias formas. Tenho medo de não chegar a lugar nenhum, e se chegar tenho medo de não achar o que queria. Ou até mesmo de ficar sozinha. Mas é exatamente assim como me sinto, como se estivesse andando sozinha, por um caminho totalmente desconhecido. Me sinto solitária, vazia e sem lugar pra ir. Faz duas semanas que estou no Rio de janeiro e não vejo a hora de sair daqui. Perdi as contas de quantas vezes já chorei, só essa semana, com saudades de casa e de quantas vezes já liguei pra mamãe, perguntando se estava bem. A mesma sempre me dava a mesma resposta: estou ótima, querida. Mas eu sabia que não estava. Minha mãe está sofrendo do outro lado do Brasil e eu não fazer nada. Liguei para minha melhor Luísa também... ela me contou que tá de rolo com um carinha, mas queria que, eu estivesse lá, caso desse errado. Falei que estava com saudade e a garota começou a chorar, me fazendo chorar junto. Querido eu, aqui é legal e tals... tenho uma amiga e um "amigo", mas nada se compara a minha casa. A Bruna me entende nesse requisito, mas ela disse que não quer que eu vá embora. A minha colega de quarto diz que já se apegou a mim. Eu também me apeguei a ela, mas deixar a minha mãe sozinha tá me matando. Faz alguns dias que não pego pra escrever e não contei nada do que aconteceu quando cheguei aqui. Que eu tenho uma amiga chamada Bruna, você já sabe. Mas que o Lucas Paquetá, também está nesse internato, não. Pse... por obra de alguém lá de cima, reencontrei o babaca do Paquetá. No primeiro dia de aula, ele caiu em cima de mim e fiquei irada, mas quando vi os seus olhos fiquei sem reação. Depois disso fugi dele o máximo que eu pude, mesmo estando na mesma sala que o cretino. Só que hoje, quando eu estava na piscina ele apareceu e vê-lo sem camisa e todo molhado foi de mais pra mim. Entretanto, não precisou de muito pro encanto acabar. Foi só o garoto abrir a boca e me tratar como se mandasse em mim, que a minha raiva voltou a mil. O rapaz de 18 anos continua o mesmo menino de 14, mimado, egocêntrico e prepotente. Se eu voltar a sentir algo por ele de novo, preciso que me internem.
Fechei o diário e fui dormi.
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Já é duas da tarde e tô parecendo um zumbi por não ter dormido direito, ontem. A Bruna praticamente me obrigou a sair da cama e aqui estou eu, indo comprar o almoço pra nós duas. Desci as escadas do dormitório e fui em direção ao restaurante dos campos.
-Eiii...
escutei alguém chamar, mas achei que fosse coisa da minha cabeça e continuei andando.
-(S/n), Espera! - Dessa vez me virei e vi Neymar (melhor amigo do Lucas) do outro lado dos campos acenando pra mim.
-Achei que nunca me ouviria.
_fala o garoto sem folego pela carreirinha que acabou de dar._
-Desculpa, estava distraída. Ontem não dormi muito bem.
_ Bocejei. _
-Não aparenta.
-Não aparenta? Olha o tamanho dessas olheiras.
_ lhe mostro o rosto e aponto para a região arroxeada, sob meus olhos._
-Que nada. Você tá ótima como sempre. _coro, automaticamente. _
-Não precisa mentir pra me agradar, gosto da verdade por mais ruim que seja.
-Que bom, mas não estou. _ sorrio sem graça. _
-está indo pra onde? _ Neymar me pergunta apontando na direção que eu estava andando._
-Comprar o almoço.
-Posso ir com você? _ garoto faz a cara do gato de botas, ou pelo menos tenta. Sorrio e afirmo com a cabeça. _
-Eu não sei se você gosta desse tipo de coisa, mas queria te chamar pra uma social.
-Você acertou! Não curto muito de sair em grupo, prefiro um bom livro. -Você pode ler o tal bom livro outra hora. Sair um pouco da sua zona de conforto não vai te matar. _ ele faz biquinho, fingindo estar chateado e não consigo segurar o riso. _
-Vamos, (s/n)... Vai ser legal! _ O garoto volta a falar. _
-Tudo bem, eu vou..._abro um sorriso e Neymar me abraça em agradecimento._
-posso levar uma amiga? _ Neymar pensa um pouco e com uma relutância estranha, finalmente aceita.
-Tudo bem, pode levar sua colega de quarto.
-Mas eu nem falei quem iria levar. -Não precisou. Te vejo na piscina as 20:00hrs, não se atrase. _Disse indo embora._ Achei que ele tinha dito que iria comigo, no restaurante. O sacana só queria mesmo era me convencer a ir nessa bendita festa; balanço a cabeça em desaprovação, mas não me chateio. Compro o meu almoço e levo pro quarto.
- Bruna, cheguei. _ chamo._
- Estou aqui. _ a garota aparece na minha frente. Entrego o almoço dela e a mesma dá um sorriso agradecida.
-Vi o Neymar enquanto estava indo ao restaurante. _ solto enquanto minha amiga devora a comida. _
-E? _Pergunta com desinteresse. Tudo o que a Bruna quer fazer agora é comer. _
-Ele me chamou pra uma social na piscina hoje.
-E daí? _Bruna continua a comer._ -Vem comigo? _ perguntei já sabendo a resposta_
-Não
- Por favor...
_tentei fazer a carinha que o Neymar fez, pra me convencer a ir a tal festinha. _
-Não e não! Você sabe que eu detesto o Júnior. Ele é um troglodita mimado e tá querendo você.__ Bruna tinha uma cara de desgosto. Parecia que a qualquer momento ela botaria o comer só por falar o nome do garoto. pra fora _
-Leva o xolo. _apelei._
-Ele também odeia o diabo. _ A garota já tinha parado de comer e fez dois chifrinhos na cabeça, quando falou a palavra "diabo". E eu gargalhei. Eu gosto do Neymar mais a Bruna é hilária. Parei de rir e tentei de novo. _Vamos Bruninha, por mim... _ela pensa por um tempo e responde. _
-Está bem... Se o xolo aceitar, o que acho muito pouco provável... _ ela enfatiza._...eu vou a essa maldita social.
-Tudo bem!
_abraço minha amiga e começo, finalmente, a almoçar_
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+ Um
O "Júnior" no qual a bruna se refere é o neymar
Um beijão até amanhã ♡

Sempre foi você| 𝕃𝕦𝕔𝕒𝕤 ℙ𝕒𝕢𝕦𝕖𝕥áOnde histórias criam vida. Descubra agora