capítulo 3

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Lumine

Já cedo acordei para completar as minhas missões do dia e esperar pelas instruções de Kaeya.

Pelas ruas não haviam muitas pessoas, em Mondstad ninguém acordava muito cedo. Até os guardas do portão estavam cochilando em pé.

Enquanto passava pela ponte sobre o lago Sidra vi de longe a figura alta de Diluc, deitado sobre a grama.

Ele estava imóvel observando o nascer do sol e o movimento da natureza.

Com uma vontade incontrolável no peito corri até ele e o ataquei como um gato.

-Lumine?!

Ele gritou surpreso e sem fôlego, acho que exagerei um pouco.

Eu estava rindo pois ele estava muito distraído para perceber minha aproximação.

-Desculpe, não pude resistir.

Limpei as lágrimas de meus olhos e deitei ao lado dele.

-Hoje é um dia muito belo. Diluc quebrou o breve silêncio.

-Sim, muito bonito.

Senti um aperto no peito. Aether era um amante de dias ensolarados, nós deitávamos assim frequentemente e ficávamos olhando para a natureza.

Suspirei de cansaço. Quando irei encontrá-lo?

-Lumine, o que foi?

Ele deve ter percebido o meu desânimo repentino e virou para me olhar.

-Sinto falta do meu irmão. Esses dias ensolarados me lembram dele.

Não consegui conter a silenciosa lágrima que escorreu em minha bochecha. Chorar em silêncio deixando apenas as lágrimas rolarem era a minha especialidade.

-Vocês voltaram a se ver. Lembre-se, que todo o dia há sol, mesmo estando nublado.

Ele tem razão.

-Muito obrigada por me consolar, Diluc. Desde que cheguei em Teyvat, você foi a pessoa que mais me ajudou.

Realmente foi. Quando eu ainda não tinha mora para alguma pousada, ele me deixava trabalhar na taverna e dormir lá. Ele me ajudou com o Storm terror e sempre foi muito gentil.

-Obrigada por estar ao meu lado.

Coloquei minha mão sobre a dele e sorri pequeno. Nunca conseguirei contribuir com todos os favores que ele me fez.

Oh, quase me esqueci de dizer a ele.

-Essa manhã Katherine me deu uma nova missão.

Ele parecia bem concentrado no que eu iria falar.

-Terei que ir para Liyue. Acho que não voltarei para cá tão cedo.

Vi sua expressão quebrar ligeiramente.

-Liyue? Eu poderei te visitar se você não puder vir para Mondstad.

-Me visitar? Não seja bobo Diluc, é muito longe e acho que não terei um lugar fixo, e também você é muito ocupado.

Vi ele suspirar pesadamente enquanto apertava a minha mão.

-Quando irá partir?

-Amanhã mesmo. Hoje ficarei apenas para coletar alguns materiais e fazer uma missão com seu irmão e-

-Sempre Kaeya. Não se cansa de falar dele? Já me basta a pouca vergonha de ontem, ainda saiu sem se importar em me dar explicações!

Ele se levantou abruptamente me deixando assustada.

-Que discussão é essa de repente? Eu deixei bem claro que não quero nada com ninguém. Kaeya é uma das  pessoas que me ajudou com as dificuldades que eu tive aqui.

Por que raios eu estou dando explicações? Por que estou aqui de pé olhando para esse rosto furioso?

-Você deixa ele te tocar tão casualmente, sabe quais são as intenções dele!

Seus olhos pareciam arder como pyro.

-Isso é algo que amigos mais íntimos fazem, já deixei bem claro para ele não passar dos limites. São só brincadeiras!

Isto só serviu para deixá-lo mais furioso.

De repente ele se aproximou de mim ficando bem perto e me agarrou pela cintura bem forte, quase me erguendo. Seu rosto raivoso estava bem perto do meu e isso me fez arfar.

-Se eu soubesse que permitiria um homem te tocar tão casualmente eu já teria feito isso antes.

Ele mordeu meu lábio bem forte mas sem o machucar muito. Diluc estava me beijando brutalmente e de uma forma muito luxuriosa.

Eu batia em seu peito para tentar me afastar, mas ele não dava nenhum sinal de querer parar. Aquele não era o Diluc calmo e respeitoso que eu conhecia.

Aquele beijo…O meu primeiro beijo. Foi ardente como fogo e triste como suas cinzas.

Ele parou apenas quando sentiu minhas lágrimas dando um gosto salgado ao seu beijo.

-Por quê?

Perguntei, caindo no chão pela ansiedade e a tristeza.

-Eu sempre quis isso, mas não assim. Me perdoe.

Ele abaixou a minha frente para tocar meu rosto, mas recusei seu toque.

-Não me toque, nunca mais.

Levantei e joguei um saco com moras em seus pés.

-Minhas dívidas estão pagas, agora nunca mais apareça em minha frente!

E corri pegando impulso com meu Anemo para sair de vista o mais rápido possível. Precisava chorar, gritar, matar…
 

                                          Continua

ardente como fogo e triste como cinzas Onde histórias criam vida. Descubra agora