"Que droga! Por que isso não para?"
Meus olhos pareciam torneiras. Lágrimas não paravam de descer pelo meu rosto por mais que eu tentasse segurá-las.
Matar aqueles malditos Hilichuruls não estava funcionando bem então decidi andar sem rumo por Mondstad.
Estava bem longe da cidade, que coincidentemente era perto da casa de Diluc.
Achei uma árvore qualquer e me sentei, chorando ainda mais.
Diluc, apesar de ser reservado, era uma pessoa boa e com princípios. Ele tinha um lugar especial em meu coração.
Uma vez lembro-me que estava tão cansada das missões e do trabalho na taverna. Mesmo depois de um dia longo eu teria que limpar e dar brilho por todo o chão. Diluc percebeu que eu não estava em boas condições e se dispôs a me ajudar.
Logo ele, a pessoa mais influente de Mondstad. Alguém que nunca havia visto um pote de cera na vida, nunca havia limpado um chão ou feito esse tipo de serviço estava me ajudando.
Percebi que não foi um simples gesto de gentileza. Ele me apoiou.
Mas agora… O que foi aquilo?
Escondi meu rosto entre meus joelhos e fiquei na mesma posição por vários minutos até escutar meu nome.
-Lumine, o que você tá fazendo?
Não precisa olhar para saber que era Kaeya. O motivo do surto de seu irmão.
Kaeya também era uma pessoa especial para mim. Ele conversava comigo frequentemente, me apoiava emocionalmente e era um ombro para chorar a falta de Aether.
Levantei meu rosto e senti a brisa fria bater por meu rosto e fazer meus olhos arderem.
Ele viu que eu estava chorando e se abaixou em minha frente.
Não precisou dizer nada, ele apenas abriu os braços e eu aceitei seu abraço, nos deixando cair na grama e ficando lá por muito tempo.
Ele acariciava meus cabelos com cuidado e de vez em quando me perguntava se estava tudo bem. Eu não respondia, apenas o abraçava mais forte.
Depois de me acalmar nos sentamos na grama.
-Agora que você tá melhor, tenta me falar o que aconteceu. Se não conseguir, tudo bem.
Expliquei para ele o que aconteceu. Vi sua cara de culpado, de raiva, de tristeza. Isso provava que ele prestou atenção e dividiu meus sentimentos com ele.
-Não se sinta culpado,não é sua culpa. Diluc já é adulto, ele deveria se controlar.
Falei.
-Mas mesmo assim, eu tive uma grande influência nisso. E sobre Diluc, não acontece muito, mas há vezes em que ele se descontrola… com as coisas que mais ama.
Vi ele suspirar no final.
-Ele não tinha o direito.
-Você está certa. Uma mulher, principalmente você, tem que ser tratada com delicadeza. Se quiser vou dar uma surra nele agora mesmo.
O jeito que ele disse foi engraçado. Me fez dar uma pequena risada.
-Vou deixá-lo congelar no topo da espinha do dragão para que ele se arrependa de seus pecados. De ter ferido minha Lumine.
O jeito que ele disse minha, me fez ficar ruborizada e tímida.
-Não é hora de suas brincadeiras.
Não consegui olhá-lo nos olhos.
-Sabe que não são brincadeiras. Sabe que eu te amo. A mulher mais forte que eu já vi. A mulher mais sensível, mais bela, mais corajosa e mais brilhante do mundo. Naquele dia, em que você lutou de igual para igual com Dvalin, você descongelou meu coração, trouxe luz. Pois se eu vivesse mais um dia naquela cidade, sozinho, eu me mataria.
As palavras dele me emocionaram.
A primeira vez que ele se declarou para mim não parecia nada sério. Já tinha ouvido aquelas palavras de vários homens, mas agora, com essas palavras não sei se…
-E desde então eu vim tentando me aproximar, ser seu amigo, seu companheiro, seu superior e futuramente seu amante.
Ele segurou minha mão, tão pequena na dele.
-Então pedirei do jeito certo. Lumine, você poderia me corresponder? Me amar?
Aquela íris, tão diferente e tão familiar… elas me imploravam por uma resposta positiva.
-Eu não posso dizer no momento que eu sinto o mesmo. Você é com certeza uma pessoa especial para mim, mas não sei se sinto esse tipo de amor. Não posso me permitir sentir. Preciso achar meu irmão, preciso vasculhar todas essas sete nações e encontrar com ele. Nós não iríamos suportar a distância.
Escorreu uma lágrima pelo meu rosto ao ter que rejeitá-lo. Ele parecia tão sincero, porém não havia nada que eu pudesse fazer. Aether era meu objetivo e eu não poderia ter distrações.
-Mesmo que você viaje para a nação mais distante, eu ainda te amarei, serei seu amigo, companheiro e amante. Nos falaremos por cartas, que me dedicarei a escrever cada vez que eu sentir saudade de ti. Então não me recuse por esse motivo.
Eu realmente poderia me permitir amar um homem que não fosse meu irmão? Me permitir ter outro alguém para ser meu companheiro e amante?
-Lumine, deixe-me tirar a primeira impressão ruim que você teve do amor. Deixe-me te amar, com delicadeza.
Kaeya chegou bem perto de meus lábios mas sem tocá-los, deixando que eu desse essa permissão. E eu permiti.
Não foi como com Diluc. Foi calmo, delicado, romântico e amoroso.
Ele parecia ser bem experiente no que estava fazendo. Estava me deixando em transe, nas nuvens.
Quando terminamos não pude dar uma resposta negativa para seu pedido.
O abracei bem forte para que não fugisse de mim.
-Trate de me mandar uma carta toda a semana!
VOCÊ ESTÁ LENDO
ardente como fogo e triste como cinzas
Hayran KurguLumine era muito agradecida por Diluc tê-la ajudado com suas dificuldades no princípio de sua aventura. Ela sabia que ele o fazia para conquistar seu coração, mas ela fingia não perceber.