22.

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HYUNJIN
point of view.

— Chan... — senti o ar faltar e não soube como continuar a falar ou o que responder a ele. — Por que está sugerindo isso?

— Quando estávamos jogando, eu olhei para a sua mãe e vi o quão feliz ela fica quando está longe do seu pai. Eu também vi a forma como você olha para ela, vocês ficam tão radiantes. Eu quero poder ver vocês assim todos os dias.

— Você é mesmo real? — ele deu uma risada gostosa de se ouvir e me roubou um selinho.

— Você aceita?

— Eu não sei, Chris. Quer dizer, sair de casa realmente nos faria muito bem. Mas queriamos sair de lá e conquistar a nossa independência, na sua casa não poderíamos fazer isso.

— É claro que poderiam. Vocês já estariam conquistando a independência se livrando de um relacionamento abusivo, Hyune. E é temporário, vocês não precisam ficar lá para sempre, é só até... vocês conseguirem arranjar um lugar de vocês e se estabelecerem.

— Eu preciso conversar com a minha mãe sobre isso.

Acho que soei mais rígido do que deveria, mas é difícil.

Quero dizer, sair de casa é tudo que eu quero desde os meus 7 anos de idade. A idade em que eu percebi que amar não é dor.

Não que o amor em si seja só felicidade. É claro que não. Mas amor também não é dor o tempo inteiro e amar de verdade é tentar concertar o que se foi quebrado em um desses momentos.

Meu pai nunca tentou concertar nada, mas ele sempre conseguia piorar tudo.

— Você não gostou da ideia? — essa foi a primeira vez que eu me incomodei com o olhar que Chan me deu.

Ele parece confuso e triste ao mesmo tempo.

— Não é isso, é só que é... complicado.

— Você tem medo, não é?

— O quê?

— Você está com medo de ir embora, Hyune.

— Eu não sei, será que posso estar? — suspirei, cansado. Talvez eu esteja com medo.

— Está tudo bem ter medo, Hyunjin. — Channie fez carinho na minha coxa, brincando com os rasgos da calça. — Somos humanos e isso é totalmente normal para nós.

— Mas eu não deveria estar, não é? Vou fazer uma grande coisa ao ir embora, me libertar de metade dos fantasmas que me perseguem desde a infância, das dores, das memórias, dos choros e gritos. De tudo.

— Até as pessoas mais corajosas sentem medo. — disse. — Isso quer dizer que como qualquer outra pessoa, você está preocupado com as consequências de uma ação e isso não é necessariamente errado. Mas as vezes, nós precisamos seguir em frente sem deixar que o medo interfira nos nossos pensamentos. Você precisa ser livre e sua mãe também.

Suspirei. Estou cansado. Por que sempre tenho que ter medo?

— Eu nunca passei por um relacionamento abusivo assim, então não posso dizer com certeza. Mas eu sei que tudo vai ficar bem. Você não está sozinho.

— Eu sei, agora tenho você comigo.

— Não estou falando de mim, Hyunjin. — Chan sussurrou. — Estou falando de você mesmo. Nessa jornada, seguir o que você está sentindo sem se assustar é o mais importante. Você não está sozinho porque tem a si mesmo e isso é tudo que importa. Eu sou só um bônus.

— Você não é só um bônus, idiota. — revirei os olhos e ele riu.

— Estou aqui com você. Crescer é meio assustador às vezes, ainda mais quando você precisa fazer isso cedo demais. Hyun, você precisa entender que é mais que os seus medos. É mais do que aquela voz irritante que está presa na sua cabeça e diz o tempo inteiro que você não vai conseguir. Seu único dever é provar à ela que ela está errada.

— Você é muito importante para mim. Eu não consigo entender o que fiz para te merecer, mas obrigado, obrigado por tudo. Eu prometo que vou falar com a minha mãe sobre isso.

— Você também é importante para mim, muito mesmo. Não se questione se você me merece ou não, acho que nem preciso te responder isso porque você já deve saber a resposta. Eu amo você.

Travei assim que ouvi aquilo.

Ele me ama?

Senti as minhas mãos suarem e permaneci estático, olhando para o chão e me forçando a ter uma reação no mínimo decente. Preciso respondê-lo, mas dizer "eu te amo" nunca foi algo fácil para mim.

— Você não precisa me dizer de volta. — sorriu. — Eu sei que você me ama.

Eu te amo.

Chan mostrou um sorriso tão lindo para mim, o meu favorito, aquele que ele sorri tanto que suas covinhas ficam marcadas e seus olhos ficam mais pequenos aos poucos. Sorri de volta quando senti o calor do seu corpo no meu e relaxei.

— Meu Deus, Hyun. Como eu amo você.

— Eu também amo você e não quero ter medo de demonstrar isso.

— Você nunca precisará sentir medo quando estiver comigo.

daddy issues - chanjinOnde histórias criam vida. Descubra agora