As orbes chatanhas se abriram aquela manhã com muito esmero. A garota sentia seu corpo ainda muito cansado, consequência de não ter conseguido dormir cedo. Heyoon havia proposto algo entre elas, Any tinha certeza, o problema é que ela nunca teve nada casual. Sempre fora a mulher correta que só se envolvia sexualmente com suas namoradas e por isso transou apenas com cinco mulheres, todas elas agora ex-namoradas.
Sexo casual não parecia algo correto a se fazer, mas em seu mais profundo interior ela admitia que com heyoon a proposta fora bastante interessante. A garota era bem linda, sexy, doce e divertida e esse era exatamente o motivo de Any ter rejeitado. Seu maior defeito era se apegar rápido demais; ela se sentia uma adolescente em seu primeiro amor, mas nunca conseguira amadurecer esse seu lado e, por esta razão, quando via alguém com potencial para laçar seu coração ela simplesmente fugia.
Heyoon iria seguir seu rumo em alguns dias, nunca mais se veriam e, a menos que tivesse mal interpretado as coisas, se ela tivesse aceitado teriam um sexo, provavelmente, delicioso, levando em conta a forma como a garota gostava de provocar, contudo, Any não correria o risco de se apegar àquela garota. Não podia e por isso a evitaria.
-- Bom dia, Any! -- Diarra desejou assim que sua irmã saiu do banho.
-- Dia! -- Any respondeu baixo. -- Onde está Heyoon?
-- Acordou bem cedo e tomou um banho demorado, depois saiu com Sabina e Joalin. Devem estar no caminhão. -- Any assentiu e pegou sua mochila.
-- Quando estiver pronta é só sair. Deixarei tudo pago na recepção. -- E saiu.
Depois de ter acertado tudo na recepção ela se dirigiu até o caminhão, não acreditando no que ouvia. A rádio do veículo estava ligada.
Aumentou a velocidade dos passos e adentrou o veículo, desligando a rádio no mesmo momento. Seus olhos estavam acinzentados devido à intensa raiva.
-- O que eu disse sobre não ligar a droga do rádio? -- Ela perguntou de forma ríspida, olhando para Heyoon com fúria. -- Onde estão Joalin e Sabina?
-- Disseram que foram te procurar. -- Heyoon disse levemente assustada.
-- Ótimo, desça do meu caminhão! -- Exigiu. -- A partir de agora você está por sua conta.
-- O quê? -- Perguntou incrédula. -- Any, por favor...
-- Não! Desça já! -- O olhar triste de Heyoon deu a entender que ela havia entendido.
-- Certo. -- Ela disse baixo. -- Me desculpe pela rádio, eu só achei que não teria problema...
-- Teve! -- O tom firme de Any impediu Heyoon de dizer qualquer outra coisa. A mais nova apenas pegou seu vestido azul de onde havia deixado. Os olhos verdes acompanharam a garota descer do caminhão e pegar sua gata junto.
-- Hey... -- Any gritou, fazendo Heyoon lhe fitar. -- Aonde arranjou esse vestido? -- Perguntou se referindo ao que ela usava no momento.
-- Eu emprestei. - Diarra surgiu ali de repente. -- Sempre uso vestido mais compridos mesmo, como ela é mais alta ficou do tamanho ideal. -- Disse sorridente. Any apenas assentiu quieta e Heyoon suspirou.
-- Boa viagem, Diarra. Foi um prazer conhecer você. -- Heyoon disse, fazendo a mais alta franzir o cenho.
-- Como assim? Você não vem com a gente? -- Heyoon negou com a cabeça e sorriu-lhe fraco.
-- Boa sorte em sua jornada. Vou ao banheiro trocar de roupa e já te devolvo o vestido.
-- Não precisa. Seu vestido está molhado e eu realmente prefiro que você fique com esse. -- Diarra disse sorrindo simpática.
-- Bem, muito obrigada então. -- E dito isso, foi para a beira da estrada voltar a pedir carona. Um grande vinco se formou na testa de Diarra.
-- Eu não entendi! Ela saiu daqui para pedir carona para a mesma direção em que vamos?
-- Eu a expulsei. -- Any disse seriamente. Diarra arregalou os olhos e olhou confusa para Any.
-- O quê? Por quê?
-- Não está dando certo viajar com ela.
-- Any...
-- Está livre para se juntar a ela caso discorde de minha decisão. -- Any disse, batucando os dedos no volante. O rapaz da recepção, de repente, se aproximou de Heyoon.
-- Você está com um péssimo humor esta manhã, mas isso não te dá o direito de ser grosseira com os outros. -- Any acompanhou Heyoon negar algo com a cabeça e o rapaz tocar-lhe o braço gentilmente. Heyoon voltou a negar e tentou se esquivar do toque, no entanto o garoto não lhe soltou.
"Você não tem nada a ver com isso." Any pensou.
O garoto tentou dar um beijo em Heyoon e a garota se esquiava, mas ainda sorria fraco. Heyoon empurrava com suas mãos o peito daquele homem, tratando de manter distância, mas o mesmo era insistente. Sorria galante e falava algo que Any não podia ouvir. O homem jamais foi grosseiro, ríspido ou algo assim, era só um idiota que não entendia um não. Any bufou e abriu a porta de seu caminhão, caminhando até os dois.
-- Heyoon! Vamos. -- Gritou séria e ambos lhe olharam.
-- Ela já já vai. -- O garoto disse simpático. -- Não é, boneca? -- Any se aproximou e segurou gentilmente no pulso de Heyoon.
-- Vamos? -- Heyoon lhe fitou com mágoa, mas entre aquele babaca e Any a escolha era óbvia. Com um breve aceno de cabeça ela se despediu do rapaz e seguiu o caminho para o caminhão. -- Sempre terá babacas como esse. -- Any resmungou.
-- Pode me deixar alguns metros daqui. -- Heyoon disse, entrando no caminhão. Sabina e Joalin já estavam lá e Diarra já havia lhes explicado o que houve.
-- Você irá conosco. -- Any disse séria e Heyoon lhe fitou.
-- Não, obrigada. -- Os três pares de olhos assistiam tudo da boléia. Any suspirou lentamente e encarou Heyoon.
-- Olha só, me desculpe ter estourado daquela forma com você. -- As três garotas se cutucaram atrás delas. Any não pedia desculpas assim, ela simplesmente fazia um longo silêncio e logo tudo voltava ao normal.
-- Certo. -- heyoon disse olhando para a estrada. Any ligou o caminhão e seguiu o rumo. O silêncio era denso, não tranquilo como antes e ela sentia que devia dizer o motivo de ter estourado daquele jeito. Afinal, sair gritando do nada com alguém que sempre foi gentil com você era, no mínimo, algo bem estúpido a se fazer.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Destino InCerto (HEYANY/ANYOON)
FanfictionAny Gabrielly é uma caminhoneira; levava a sua vida na tranquilidade das estradas de todo o país. Aos seus vinte e sete anos não se via fazendo outra coisa senão dirigir, exatamente como seu pai a ensinara. A garota possui mais duas irmãs adotivas...