8° Capítulo

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Havia se passado algumas horas desde que o silêncio havia se instalado ali e Any resolveu fazer uma parada de vinte minutos pelo final da tarde para comerem algo. Ela queria que o silêncio se dissipasse, mas mesmo após comerem as garotas não disseram uma palavra sequer.

-- A última pessoa que havia tocado naquele rádio foi meu pai. -- Any revelou baixo, vendo os cílios longos de Heyoon se ergueram em sua direção. -- E ele faleceu há alguns anos.

-- Eu sinto muito. -- Heyoon disse baixinho.

-- Eu só queria esperar o momento certo de ligar a rádio. -- As garotas olharam para Any espantadas, ela nunca tocava naquele tema e apenas mudava de assunto caso alguém tocasse.

-- Eu não sabia disso, eu realmente sinto muito, Any. -- Ela disse tocando na mão da mais velha. -- Prometo parar de ser tão curiosa ou intrometida. -- Any encarou o toque de Heyoon em sua mão e sorriu em sinal de que estava tudo bem.

-- Sabe de uma coisa que você me mostrou? -- Heyoon negou com a cabeça e Any riu baixinho. -- Descobri que não tem hora certa para ligar uma rádio, então... Obrigada.

-- Isso quer dizer que poderemos ouvir a rádio? -- Sabina se intrometeu esperançosa e Any voltou a fechar a cara.

-- Não! -- A risada das garotas ecoou pelo caminhão e Any voltou a ligar o veículo. Heyoon retirou sutilmente sua mão de cima da de Any e sorriu mais despreocupada.

-- Escuta, Gaby... Por que nunca nos disse sobre esse lance? -- Joalin perguntou. Any apenas deu de ombros, mas alguns minutos depois sua mão direita foi para o botão da rádio, ligando-a e aumentou o volume no último.

As garotas abriram as bocas chocadas e Heyoon sorriu de forma contida, desviando seu olhar para Any disfarçadamente. Any sorriu baixinho ao perceber algo: A nova companheira de estrada tinha uma espécie de reação positiva sobre Any.

-- Any? -- Heyoon cutucou o braço da caminhoneira, pois o volume estava realmente alto. -- Preciso fazer xixi. -- Ela confidenciou, tendo se inclinado e falado no ouvido da garota. any baixou o som do veículo para lhe responder.

-- Não podemos parar agora. Deveria ter feito xixi antes de sairmos. -- Disse séria. Heyoon cruzou as pernas e se moveu inquieta, fazendo Any bufar ao constatar que a garota deveria estar segurando há muito tempo. -- Assim que der eu paro. -- A risada de Sabina preencheu a audição de todas as garotas, que olharam para ela em confusão.

-- Não posso mais rir? Eu hein! -- Ela disse ao ver que a atenção estava toda sobre ela.

Alguns minutos se passaram e Any finalmente pôde estacionar, pegando um rolo de papel higiênico e entregando à garota. Any agarrou o papel e desceu correndo, fechando a porta às pressas.

-- Acho que você deveria ter dito a ela. -- Sabina disse rindo.

-- Ela não me deu tempo. -- Any explicou, desviando o olhar do retrovisor ao ver Heyoon se agachar ali. -- Tudo bem, quero todas olhando em outra direção!

-- Se ela tivesse nos dado tempo teríamos dito a ela que o retrovisor pega a imagem de onde ela está. -- Joalin disse, soltando uma risada anasalada.

-- Diremos quando ela voltar. Agora não quero ninguém olhando. -- Any repetiu e Sabina se inclinou, dando três batidas no ombro de Any.

-- É, irmãzinha, você está ficando frouxa. -- Any rosnou baixinho e lhe olhou feio.

-- Só estou impondo respeito. A garota não sabe que podemos vê-la daqui. Seria errado bisbilhotá-la.

-- Any, ninguém aqui tem interesse em olhar a vagina da garota, fica tranquila. -- Any ficou muda e Sabina riu baixinho. -- Ou será que tem?

-- Voltei. -- Heyoon disse após abrir a porta. -- Obrigada por isso, eu realmente estava prestes a morrer. -- Any apenas assentiu com a cabeça e lhe entregou um vidrinho de álcool em gel. Heyoon agradeceu baixinho e passou álcool em suas mãos. -- E aí, do que falavam?

-- Bem, você não nos deixou avisar que onde você foi dava para te ver daqui. -- Heyoon enrubesceu com a informação de Diarra. -- Mas não se preocupe, ninguém olhou.

-- Então onde eu deveria ir? Atrás ou na frente do caminhão os carros que vêm e que vão me veriam. -- Heyoon perguntou.

-- Desse lado do caminhão mesmo, mas embaixo do retrovisor. -- Any explicou e Heyoon assentiu corada. Os olhos verdes rolaram pelo caminhão e ela alçou uma sobrancelha ao achar o que buscava. -- Espere! Quem lavou meu boné? -- Ela perguntou, vendo o mesmo pelo retrovisor, localizado no canto de trás da boléia. -- Sabina!

-- Não olhe para mim; eu apenas disse que ele estava imundo. Não tocaria naquilo nem com luvas. -- Sabina respondeu e Any se reclinou, pegando o boné e o colocando sobre a cabeça.

-- Eu não lavei. -- Ally disse.

-- Eu não desperdiçaria o meu tempo com essa velharia. -- Diarra alegou.

-- Tudo bem, fui eu. -- Heyoon disse baixinho, temendo ter feito algo errado outra vez.

-- Por quê? -- Any perguntou.

-- Eu vi que precisava ser lavado e como você me deu a carona eu quis retribuir de alguma forma. -- Confessou desviando seus olhos para suas próprias mãos. -- Desculpe.

-- Eu... agradeço. -- Any disse. Heyoon lhe olhou e Lauren sorriu contido. -- Ele precisava urgentemente ser lavado, mas eu sempre me esquecia. -- Disse e Heyoon sorriu-lhe. -- É meu boné preferido.

-- Eu adoro bonés, mas nunca sequer experimentei um. -- Confessou rindo e Any retirou o boné, agora limpo, de sua cabeça e colocou em Heyoon.

-- Não seja por isso. -- Falou sorrindo.

-- Gostei. -- Heyoon disse, fitando a si própria no retrovisor.

-- Impressionante como fica linda de qualquer jeito. -- Any disse mordendo seu lábio inferior.

-- Como?

-- Oh, nada. -- Any disse rapidamente ao perceber que havia pensado alto demais. Diarra riu e se inclinou para dizer algo no ouvido de Any.

-- Como eu disse, frouxa.

-- Cale essa boca, ora. -- Resmungou, ligando o caminhão e olhando de soslaio para Heyoon, que ainda olhava para o próprio reflexo e fazia caretas. Parecia uma criança.

Any riu baixinho e negou com a cabeça, voltando a olhar pra frente e a levá-las para San Diego.

Destino InCerto (HEYANY/ANYOON)Onde histórias criam vida. Descubra agora