Se eu fosse dizer que esses dias que apenas aproveitei com Shuhua foram perfeitos, estaria mentindo. Não existem palavras para simplesmente descrever como foram todas as sensações de cada segundo que ficamos juntas só esquecendo que eu era a noiva de Lee Ji-Sung. O que Shuhua me faz sentir, não há palavras para descrever. Muito menos como explicar a sensação surreal de estar ao seu lado.
Tivemos de acordar antes do sol nascer para a segurança de nós duas, e mesmo assim, tive certeza de ver a governanta espiando entre as portas por uma enorme desconfiança de eu ser tão próxima de uma criada, não podia dizer o que ela estava pensando sobre nós duas, mas tive um horrível pressentimento que teria de encontrar com meu pai e teria de escutar asneiras que eu não queria ouvir.
Pouco voltei para o meu quarto e troquei minhas roupas, Shuhua despediu-se de mim com um beijo caloroso enquanto a porta de meu quarto estava fechada, eu tive de respirar fundo, precisava dormir pelo tempo que me restava, tive no máximo duas horas de sono e quando estava quase no ápice do meu descanso, a porta de meu quarto foi aberta sem minha permissão. A governanta abriu as janelas, deixou com que a luz forte do sol batesse em meu rosto, queimava meus olhos pelo tamanho desgaste do cansaço que eu sentia por não ter dormido bem. Ela olhou para mim sorrindo, aquele rosto de víbora velha com a postura ereta e a voz suave.
— O conde deseja vê-la pela manhã no quarto dele.
Isso foi tudo o que ela disse antes de dar as costas para mim.
Eu já esperava pelo pior, quando saí do meu quarto, não fiz questão de acordar Shuhua, ela precisava descansar, não queria que meu pai se revoltasse com ela e a punisse por algo apenas pela fúria miserável que ele sentia por mim. Não demorou muito para que eu sentisse uma forte dor no meu rosto, uma marca vermelha e ardida da mão de meu pai que me tapeou assim que eu entrei em seu quarto e fechei a porta.
— O que pensa que está fazendo? — ele perguntou ríspido, sabia que não deveria respondê-lo agora — Não esteve aqui no horário que deveria estar, não jantou na minha presença e retornou para casa quando o sol já nascia. Se estiver pensando em fugir do seu noivado, Soojin... Eu a espancarei até implorar para que o filho do Rei Lee Jong-Suk a salve de minhas mãos.
Eu precisava de uma boa desculpa, uma desculpa que não mencionasse Shuhua.
— Adormeci próximo ao lago lendo um livro sobre como ser uma boa esposa para o Príncipe Lee Ji-Sung. Ele quer de mim algo que tive medo de dar antes.
— Se quer ler, leia aqui — ele disse mais ríspido levantando a mãos para mim — não aceitarei mais nenhuma rebeldia vinda de você, sua cretina — outro tapa — Sua mãe era uma porca igual, ela já ousou fugir de mim e teve o que mereceu no final.
Eu sentia nojo dessas palavras, meu pai sempre soube que era o culpado pelo suicidio de minha mãe, ele não carregava culpa alguma por ele ser a razão do que aconteceu. Ele sentia prazer em ela ter se matado, ele não ligava de forma alguma se caso eu fizesse o mesmo, e pelo visto, achava que Lee Ji-Sung seria um salvador, era bonzinho demais, um verdadeiro cavalheiro que pede permissão e é loucamente cego de amor pela futura esposa. Se depender daquele verme, ele assistiria meu pai me espancar na frente dele, sentia prazer igual, e por ser tão asqueroso, ainda diria:
"Basta, isso já é demais. Eu fico no lugar dela agora, mas será ela quem irá me tocar, ela é a minha esposa, já sofreu demais em suas mãos, serei piedoso a fazendo ver que me importo com ela e que a deixarei ver que sou capaz de sofrer junto a ela".
Sempre há dias em que consigo canalizar totalmente todos os meus pensamentos grotescos em imagens de algo que poderia acontecer. Naquele momento, eu desejava mais a morte de meu pai do que a morte da família real.
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Minha Criada Yoo Su-hwa || sooshu
RomanceEm meio uma era de dinastias, diversos grupos de camponeses foram capturados e levados à força para servirem como escravos para a dinastia do Rei Lee Jong-Suk. Yeh Shu Hua, também chamada por Yoo Su-Hwa, foi tirada muito jovem de sua família para s...