Capítulo 02 - O Primeiro amor

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Dona Ana envelheceu além da conta e ficou sem forças para trabalhar, as filhas se casaram todas, Seu Genésio também fraquejou por causa da idade e era ela quem administrava o pequeno restaurante que eles abriram anos atrás, depois que a coisas lá na feira não andavam mais dando certo. Estudava a noite e dedicava maior parte do dia à frente da venda, gostava de gerenciar, era boa no que fazia e carismática com a clientela.

Tanto que certo dia conheceu Marcelo com quem mais tarde começou um namoro sério contra as expectativas que seus pais adotivos esperavam para ela. O rapaz era um playboy de terceira categoria, pela pinta podia se perceber as intenções ruins estampadas em seu rosto, não passava de um aproveitador. Apesar de pertencer a classe média e andar por aí num carro do ano ou numa moto de última geração. Mesmo esnobando uma moral artificial, no final não passava de um mal caráter.

Mas a paixão lhe cegou os olhos ao ponto de não conseguir enxergar um palmo adiante do nariz, nada que lhe diziam adiantava. Rejeitou inúmeros conselhos e permaneceu iludida, logo ela que, quando criança, aprendeu com Lúcia que este é um sentimento típico dos fracos e que os apaixonados servem de idiotas para os outros. E olha só o que fez, acreditou num falso amor e iludida mergulhou de cabeça naquele abismo sem fim.

Por um lado, como uma verdadeira guerreira conquistou seus objetivos e realizava os ideais que desejou alcançar desde a infância. Mas por outro, seguia a passos largos em direção oposta ao futuro promissor que tanto almejava abraçar. Entretanto, o primeiro que conquistou seu inocente coração durante seis meses de namoro não se deu bem. Pois não teve a menor chance de levá-la para a cama, pois ela se tornou uma mulher traumatizada, visto que a primeira vez na qual viveu uma experiência sexual foi de maneira drástica, violenta e dolorosa.

Era assim que imaginava esse ato e repugnava o sexo, isso que causava irritação em Marcelo, que por diversas vezes ameaçou deixá-la. Ela queria agradá-lo e em certas ocasiões aceitou ser tocada, estiveram juntos na cama, mas na hora do acerto fugia dele e evitava a penetração. Aos poucos o rapaz foi cansando da insistência e terminou o relacionamento, afinal, era rico e de boa aparência, vivia sendo cobiçado por uma multidão de outras garotas. Para que perder tempo numa relação sem resultados como aquela? Ao ficar sozinha caiu em profunda depressão e colheu amargos prejuízos.

Pois não conseguia mais concentrar-se nos estudos e na administração do restaurante, foi necessário que os pais adotivos voltassem a assumir os negócios enquanto ela se recuperava. Aconselhada por Marta, uma amiga e confidente, procurou um psicólogo e duas vezes na semana fazia terapia. Isso foi primordial para que desse a volta por cima e reconquistar a autoestima, porém, perdeu a confiança nos homens em definitivo, tornando-se uma mulher amarga e sem interesse por eles. Dedicou-se apenas ao trabalho, aos estudos e a zelar pelos "padrinhos", que era como chamavam aqueles que a adotaram.

Na faculdade fez várias amizades, mas a convivência com eles era apenas por lá, nada de farras, passeios ou viagens nos finais de semana. Dentre eles apenas Luzia, uma pessoa formidável e externamente comunicativa, permanecia o tempo todo conectada a ela pelas redes sociais e andavam sempre juntas.

As duas tinham laços tão fortes que se tornaram como irmãs e a amizade delas era vista de bom grado por suas famílias, que aprovaram a estranha união.

Cursaram a graduação e tinham os mesmos objetivos, sonhavam iguais e eram semelhantemente inteligentes. As vezes Sophia brincava com o pai da amiga, e ele sorria com as insinuações:

SophiaOnde histórias criam vida. Descubra agora