Capítulo 03 - Amargo Ciúme

9 0 0
                                    

A situação inverteu e agora era Luzia que sentia queimar dentro dela o ardor do ciúme, além da vergonha de ser desmascarada diante de das provas que não deixavam qualquer dúvida quanto a suas ações infames contra a companheira, que se dedicou tanto para preservar o relacionamento oriundo de uma amizade sincera, mas que terminava ali, naquele exato momento, e de forma constrangedora.

Ao ouvir de Sophia que tinha passado a noite no mesmo local onde ela a vários meses encontrava-se com o amante e que teria sido ao lado de um amigo, quase morre de raiva. Desejou descobrir de quem se tratava para tomar satisfações, pois o canalha estaria saindo com sua mulher. Eram casadas, as coisas não poderiam simplesmente acontecer assim.

Era de fato verdade o que ela analisava, mas teria antes que refletir nas atitudes que tomou contra sua companheira até poucos meses atrás, quando ela rastejava como um pobre diabo. Desejosa de pelo menos uma migalha de atenção e era tratada como uma inútil que sequer merecia um pouco de consideração.

Luzia esqueceu de que a terra é redonda e ao girar voltamos ao mesmo lugar de antes. Porém, aquele que estiver por cima voltará por baixo, e quem planta o mal só colherá sementes da maldade. Daquela noite em diante Sophia encerrava seus afazeres no restaurante e seguia direto para o barzinho. Ia encontrar-se com Aluísio, depois dormiam juntos numa pousada.

Luzia continuou a namorar Eduardo, mas agora ardia em ciúme ao pensar que sua mulher poderia naquele momento estar entregando-se a outra pessoa. O que de fato acontecia mesmo. As duas mulheres continuaram suas convivências naturalmente na mesma casa. Dormindo em quartos separados e pouco conversavam.

Como se fossem pessoas estranhas que nunca antes tivessem se conhecido. A princípio isso aconteceu sem muitos problemas, mas depois as coisas começaram a se complicar porque, diferente de Sophia, ela era extremamente possessiva e explodiu em fúria ao chegar todas as noites do trabalho e não mais encontrá-la em casa.

Naquela sexta-feira teve um dia péssimo no trabalho, discutiu com o namorado e ainda por cima a cabeça estourava de dor. Ao entrar e se deparar com a imensa solidão que lhe aguardava incansável naquela sala, decorada com papéis floridos na parede. Cujo padrão eram lindas rosas vermelhas, o piso com tapetes finos e móveis de alto valor dos tempos antigos, quando os primeiros proprietários ainda eram jovens e tudo aquilo era novidade.

Joga a bolsa para um lado e acomoda-se do outro, deitada olha o teto, sentindo-se uma droga. No início achou seu relacionamento com Eduardo prazeroso e acreditou que a paixão pudesse tomar um rumo sério, mas foi virando uma rotina e perdeu a graça. O pior de tudo era perceber que sua antiga companheira parecia não mais amá-la, estava vivendo outra fase na vida, parecendo mais realizada, mais feliz. Quanto a ela, o que restou foi trocar de lugar Sair da posição de quem humilha para ser humilhada, de quem menosprezou para o lugar do desprezo.

Sophia tem uma ótima noite de sono e acorda bem cedo para ir ao restaurante, passou às pressas, mas ainda percebeu a outra que dormia no sofá da sala. Isso a fez lembrar dos tempos em que fez o mesmo, enquanto amargava o ciúme da traição. Como de costume, no final da tarde foi tomar uma cerveja no barzinho onde Aluísio trabalhava e ali conversaram sobre uma proposta que desejou lhe fazer.

Ela o convidou para ajudá-la a gerenciar o restaurante, visto que tinha em mente abrir outro no centro. Valença do Piauí sempre foi uma cidade pacata e de poucos habitantes. Com uma população pequena que sobrevivia do comércio e agricultura.

SophiaOnde histórias criam vida. Descubra agora