XII

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A cabeça do Detetive Arcos doía como nunca. Parecia que ia explodir a qualquer momento. Ele piscou várias vezes antes de conseguir recobrar a consciência. Ainda estava dentro do carro e a chave na ignição. O que aconteceu?, piscou forte. A Detetive Seas estava com ele e... merda. Gustav. Olhou em direção a sua casa e viu a porta levemente entreaberta. Não, não, não. Seu celular e sua arma tinham sumido e nem sinal de Aura. Forçou-se a levantar e sua cabeça rodopiou. Como era incômodo. Andou a passos arrastados até a casa e entrou. A mesinha da entrada estava caída e a sala vazia. Engoliu a seco. Não, por favor, não.

— Gustav...! — tentou chamar, mas sua garganta estava seca e arranhava.

Ouviu um barulho vindo do andar superior e subiu o mais rápido que sua letargia permitia. A porta do quarto de hóspedes estava escancarada e seus pés tropeçaram a medida que seu esforço pesava sobre sua cabeça. Piscou com força e ouviu um zumbido. Quando abriu os olhos pôde distinguir duas figuras. Gustav estava parado perto da janela com as mãos levantadas e a Detetive Seas estava perto da porta com a arma apontada para ele.

— Não...! — tentou impedir, mas seu corpo estava instável e vacilava.

— Detetive Arcos, — a policial disse sem tirar os olhos de Gustav. — para trás. Onde está sua arma?

— Eu... — piscou de novo. — eu não sei. P-pare. — conseguiu dizer apontando para a arma.

— Detetive Arcos, esse homem faz parte dos Barões. É um espião duplo. Está te usando.

Matteo balançou a cabeça. Não.

— Não...

— Detetive, para trás. Eu cuido disso.

— Vai fazer o que? — disse Gustav pela primeira vez, a malícia continuava na voz dele, onipresente. — Não pode atirar em mim. — abaixou as mãos.

— Mãos para o alto! — ela reforçou, franzindo o cenho.

— Ou o que, Detetive? — o jovem perguntou.

— Gustav... — Matteo estava voltando a si aos poucos. Engoliu a saliva. — pare de falar. Aura, — sua visão agora estava focando melhor nos dois. — abaixe a arma. Ele não é um espião.

Ou achava que não.

— Desculpe se não acredito no seu julgamento, Detetive. Você não parece... — deslizou os olhos sobre ele, mas rapidamente. — imparcial. Mãos ao alto! — repetiu.

— Detetive Aura, abaixe a arma! — disse mais enfático.

— Não! — ela também se impôs. — Ele é perigoso!

— Ele não é... argh... — sentiu uma pontada no local que havia sido acertado. — pare com isso. Abaixe a arma! Agora!

A Detetive Seas soltou um longo suspiro.

— Tsc. Isso vai dificultar tudo, mas... — lentamente ela virou a arma para o policial. — você não me dá outra escolha, detetive. — e então ela apontou a arma para a cabeça de Matteo.

— Detetive! — Gustav chamou. — Acho melhor não.

— Ah, você quer morrer primeiro? — Aura perguntou numa voz gélida que Matteo não reconheceu. Sua cabeça voltou a doer. — Pra mim tudo bem, traidor. — voltou a arma para a cabeça do jovem e puxou o gatilho.

O vento passou como uma rajada lá fora e as folhas das árvores mais próximas farfalharam ruidosamente.

Mas nada aconteceu. O choque daquele ato atingiu o detetive como um raio. De repente ele recobrou todos os sentidos. De olhos arregalados encarou a detetive sem compreender.

o informanteOnde histórias criam vida. Descubra agora