III

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Aquela era uma informação valiosa demais. Agora as forças tática e de rastreamento saberiam o que estavam procurando. Do outro lado daquilo que Gustav chamava ironicamente de esconderijo, o jovem de cabelos rebeldes e olhos audaciosos testava o detetive. E ele sabia disso.

— Você sabe onde elas estão. — não era uma acusação, era uma constatação. O jovem deu de ombros apenas para irritar o mais velho. — Eu posso recompensá-lo por essas informações.

Os olhos dele brilharam em malícia.

— Agora sim estamos conversando. — o tom depravado dele lançou uma corrente elétrica para a espinha do policial e o mesmo sentiu calafrios que não deveria.

Financeiramente. — retificou com o cenho franzido. — Você pode ligar para a delegacia. Eles podem te dar uma recompensa. — explicou.

— Se eu quisesse uma recompensa financeira, — frisou. — já teria ligado, detetive.

Agora estavam num impasse. O Detetive Arcos precisava de informações e o jovem Gustav não as daria a menos que... bem, o detetive conhecia as condições.

— O que você quer?

— Não vou pedir muito, detetive, como eu disse, é meu dever cívico contribuir com a justiça. — sorriu e seus olhos marotos diziam que ele iria pedir muito sim. — Que tal uma peça por informação?

— O que? — quase deu um passo para trás.

— Uma peça de roupa. — explicou.

— Eu entendi. — respondeu horrorizado.

— Então por que perguntou?

— Eu me recuso. — bateu o pé. — Já tenho as informações que eu precisava.

— Hmm. — Gustav murmurou pensativo. — Eu te disse o que procurar, mas acho que seria bem melhor se eu te dissesse onde, com quem e quando.

Droga.

O jovem checou o relógio.

— E até onde eu estou vendo tempo não é algo que você tem de sobra, não é, Detetive? — o jovem continuava a chamá-lo assim pois parecia gostar dessa brincadeira de polícia e ladrão.

Matteo contou até três e retirou seu sobretudo. É pelo bem da sociedade, pelo bem da sociedade, repetia mentalmente.

— Comece a falar. — ordenou enquanto falava para si mesmo não se deixar ser levado pela situação.

— Sim, senhor... — murmurou com uma voz afetada. Coçou a nuca. — As armas já entraram no Estado, não adianta de nada  vigiar a fronteira.

— E como sabe disso? — perguntou surpreso com a  novidade.

— Isso vai te custar outra peça, Detetive. Se eu fosse você não faria muitas perguntas, eu ainda tenho várias informações. — avisou observando o tanto de roupa que o homem ainda tinha.

O homem engoliu a seco. Retirou os suspensórios. Gustav franziu o cenho.

— Isso não é peça. — protestou.

— Claro que é. — respondeu com a voz autoritária e viu o jovem se calar.

Gustav pigarreou.

— Enfim, meus coyotes... quer dizer, os coyotes de um amigo meu viram.

Como se Matteo fosse cair nessa. O detetive ponderou por um momento. Mas como eles reconheceram o contrabando?

— Como... — olhou para as próprias roupas, tinha algumas de sobra antes de começar a passar por constrangimentos. — como reconheceram? 

o informanteOnde histórias criam vida. Descubra agora