Aquela era uma informação valiosa demais. Agora as forças tática e de rastreamento saberiam o que estavam procurando. Do outro lado daquilo que Gustav chamava ironicamente de esconderijo, o jovem de cabelos rebeldes e olhos audaciosos testava o detetive. E ele sabia disso.
— Você sabe onde elas estão. — não era uma acusação, era uma constatação. O jovem deu de ombros apenas para irritar o mais velho. — Eu posso recompensá-lo por essas informações.
Os olhos dele brilharam em malícia.
— Agora sim estamos conversando. — o tom depravado dele lançou uma corrente elétrica para a espinha do policial e o mesmo sentiu calafrios que não deveria.
— Financeiramente. — retificou com o cenho franzido. — Você pode ligar para a delegacia. Eles podem te dar uma recompensa. — explicou.
— Se eu quisesse uma recompensa financeira, — frisou. — já teria ligado, detetive.
Agora estavam num impasse. O Detetive Arcos precisava de informações e o jovem Gustav não as daria a menos que... bem, o detetive conhecia as condições.
— O que você quer?
— Não vou pedir muito, detetive, como eu disse, é meu dever cívico contribuir com a justiça. — sorriu e seus olhos marotos diziam que ele iria pedir muito sim. — Que tal uma peça por informação?
— O que? — quase deu um passo para trás.
— Uma peça de roupa. — explicou.
— Eu entendi. — respondeu horrorizado.
— Então por que perguntou?
— Eu me recuso. — bateu o pé. — Já tenho as informações que eu precisava.
— Hmm. — Gustav murmurou pensativo. — Eu te disse o que procurar, mas acho que seria bem melhor se eu te dissesse onde, com quem e quando.
Droga.
O jovem checou o relógio.
— E até onde eu estou vendo tempo não é algo que você tem de sobra, não é, Detetive? — o jovem continuava a chamá-lo assim pois parecia gostar dessa brincadeira de polícia e ladrão.
Matteo contou até três e retirou seu sobretudo. É pelo bem da sociedade, pelo bem da sociedade, repetia mentalmente.
— Comece a falar. — ordenou enquanto falava para si mesmo não se deixar ser levado pela situação.
— Sim, senhor... — murmurou com uma voz afetada. Coçou a nuca. — As armas já entraram no Estado, não adianta de nada vigiar a fronteira.
— E como sabe disso? — perguntou surpreso com a novidade.
— Isso vai te custar outra peça, Detetive. Se eu fosse você não faria muitas perguntas, eu ainda tenho várias informações. — avisou observando o tanto de roupa que o homem ainda tinha.
O homem engoliu a seco. Retirou os suspensórios. Gustav franziu o cenho.
— Isso não é peça. — protestou.
— Claro que é. — respondeu com a voz autoritária e viu o jovem se calar.
Gustav pigarreou.
— Enfim, meus coyotes... quer dizer, os coyotes de um amigo meu viram.
Como se Matteo fosse cair nessa. O detetive ponderou por um momento. Mas como eles reconheceram o contrabando?
— Como... — olhou para as próprias roupas, tinha algumas de sobra antes de começar a passar por constrangimentos. — como reconheceram?
VOCÊ ESTÁ LENDO
o informante
RomanceO Detetive Arcos precisa urgentemente de informações sobre um novo caso e ele sabe onde consegui-las, mas não sabe se quer pagar o preço por elas.