12. Nossa loucura

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Spend time with people who don't let you forget - The world is better with you're in it.


No último mês eu e Pedro tornamos nossa amizade definitivamente oficial. A verdade é que a gente se deu muito bem, não passamos muito tempo juntos porque trabalhamos demais, mas uma vez na semana no encontramos pra ir na célula, virou nosso compromisso semanal.

- Animada pra conhecer a galera? Eu tô levando o violão e tu que vai cantar- Pedro fala super animado quando eu entro no carro.

- Quem? De jeito nenhum, eu não conheço ninguém e vou chegar lá pra cantar? Não senhor pode me deixar bem quietinha no meu canto.

- Ah não Bia, eu quero te ver cantar. Depois tu vai ficar de onda com a minha cara por causa das músicas.

- Vou não. Eu sou muito tímida, às vezes não parece, mas tu vai vê, quando chegar lá eu vou virar um bicho do mato que nem diz minha vó. Eu prometo que canto outro dia.- e foi exatamente o que aconteceu, apesar de todo mundo ter sido super simpático comigo eu fiquei super na minha.

Uma semana depois Pedro me manda mensagem "Bora cantar hoje?" e eu logo respondo "Tu é insistente vice. Eu não sei tocar mais não, aquele violão lá em casa tá pedindo socorro.", mas com ele não tem desculpa "Se o problema é esse eu toco. Vai Bia, só uma música, tu prometeu deixa de caô."

Precisei cumprir minha promessa e cantei, só uma música como a gente tinha combinado e percebi que senti saudade, na verdade foi muito bom. Resultado, depois que Pedro me ouviu cantando ele se recusa a fazer o louvor da célula sozinho e viramos uma dupla, o que rende desde de risadas até conversas profundas sempre que a gente sai. Saídas essas que são responsabilidade total de Pedro, eu tô aprendendo com ele que "amizades precisam ser cultivadas" então às vezes ele aparece do nada.

- Biazinha estou livre pro almoço, bora almoçar?- ele fala entrando na minha sala.

- E tu sabe se eu tô livre pro almoço?- falo olhando pra ele que entrou na minha sala do nada. Eu ainda me impressiono que ele sai do CT e vem aqui pra Gávea só pra gente almoçar.

- Claro que tá, não é trabalho escravo. Vem logo vai.- eu gosto quando a gente sai, mas nunca chamo porque sempre acho que tô atrapalhando, amo que Pedro não é nem um pouco assim, ele simplesmente entra no meio da minha rotina metódica sem pedir licença.

Nesse tempo Pedro também tem dividido a família dele comigo. Sempre que posso eu dou uma passada lá, principalmente nos fins de semana que tia Cristina me chama pra comer.

- Ih já tá por aqui?- Pedro fala quando chega e me vê sentada na mesa

- Eu avisei pra não me deixar a vontade, tia fica me chamando pra comer e eu não posso recusar.- falo enquanto ele senta

- Você já é de casa minha filha, não precisa nem chamar.- tia Cristina fala

- Será que eles não querem me adotar?- pergunto baixinho pra Pedro que tá sentado do meu lado.

- E eu vou perder meu lugar de caçula? Não senhora, nem pensar.- ele fala rindo.

Nas últimas semanas eu estive acompanhando de perto as gravações do FlaTV, gosto de ver como as coisas funcionam bem de perto sempre, sei que dá mais trabalho, mas assim eu consigo entender o que pode e precisa ser mudado de forma eficiente, acho que é por isso que sou boa no que faço e amo fazer. O outro lado da moeda é que acompanho a rotina dos jogadores e trabalho diretamente com eles, no início eles eram super sérios e profissionais comigo até descobrirem que eu não sou nem um pouco séria.

- Ei Biazinha, tá fazendo o que por aqui?- Pedro pergunta vindo falar comigo quando o treino termina.

- Tô trabalhando, tu acha que é todo mundo que pode ficar brincando de futebol o dia todo?- falo zoando ele e ele ri. Isso já virou uma piada nossa onde eu falo que ele passa o dia brincando que nem criança, mas ele sabe que é brincadeira

- Como ela é engraçada rapaz, não sabia.- David Luiz, que estava passando próximo a gente, fala parando quando escuta minha brincadeira e eu começo a rir com vergonha.

- Essa carinha engana, palhaça é ela.- Pedro fala me abraçando

- Era brincadeira, eu super respeito os atletas viu.- eu falo com vergonha e os meninos riem.

Esse comentário se espalhou e me levou pra um caminho sem volta, agora quando eu apareço no CT eles vem me zuar. Já me ameaçaram derrubar na piscina, já me fizeram treinar pênalti e por aí vai, perdi toda a minha credibilidade. 

Hoje eu fui pro jogo no Maracanã, mas 100% à trabalho, então não fiquei com a família de Pedro. Eu precisava de material pra fazer a cobertura completa da mudança de técnico e o desempenho do time foi tão bom que ficou fácil gerar conteúdo. Depois do jogo sempre tem uma reunião rápida pra definir as pautas que vão entrar e fazer uma seleção prévia de material, por isso eu cheguei de madrugada em casa e resolvi me dá folga, já que, amanhã é feriado.










Amigos Até Certa Instância(Em Pausa)Onde histórias criam vida. Descubra agora