Amigos Até Certa Instância(Em Pausa)

20. Além do que era pra ser

Hold on tight to the people who love you a little more on the days you can't love yourself

"Meu Deus, que beijo foi esse? Ah não, agora lascou tudo, eu beijei o melhor amigo que eu tenho agora. Parabéns Beatriz você é incapaz de manter a vida num curso normal. Foi coisa de momento amanhã tudo vai ter voltado ao normal, não é? Que droga! Quem eu tô querendo enganar? Não existe mais a definição de normal." Esses são os pensamentos que passam pela minha cabeça no minuto em que Pedro sai pela porta. Nós não falamos mais nada depois do beijo, ele simplesmente foi embora como eu pedi, não que um de nós fosse capaz de dialogar depois da avalanche de sentimentos e sensações que foi esse beijo.

"Eu devia ter previsto isso. Eu não devia ter correspondido ao beijo. De onde saíram todos esses sentimentos? Eu fiz terapia por tempo demais pra não saber que eu estava fingindo que eles não existiam a um bom tempo. O que é que eu vou fazer agora?"

Eu não sei o que fazer, então sem nem ao menos me importar com o horário eu ligo pra única pessoa que funciona da mesma forma que eu e vai conseguir me entender e socorrer. - Eu sei que a gente pode conversar por ligação, mas tu disse que se eu gritasse você vinha correndo e eu quero muito tu aqui.- é o que eu falo assim que Mariana atende o telefone.

- Eu vou, a gente vai comprar a passagem agora, não se aperrei não que eu já chego!- ela não estava brincando, no dia seguinte eu fui buscar Mari no aeroporto, depois de ter performado um zumbi nas duas reuniões que tive pela manhã.

- Caramba Beatriz, tua cara tá péssima.- ela fala antes de me abraçar e a gente rir.- O que é que aconteceu?- ela pergunta agora mais séria

- Eu acho que fiz merda.- eu falo choramingando.

- Tá bom, vamo tomar café e depois você me conta direitinho porque isso aí parece que tem nome e sobrenome.- ela fala arqueando uma sobrancelha como se perguntasse "tô errada?" e eu faço uma careta de derrota confirmando que ela está completamente certa e nós rimos.

- A questão é que eu não vim aqui pra isso, pra me envolver com alguém e muito menos acabar com a minha carreira. Fazem meses que eu estava noiva, eu não consigo viver tudo de novo.- eu falo pra Mariana depois que chegamos na minha casa e estamos conversando por cerca de uma hora.

- Você veio pra reaprender a viver depois que o noivado acabou.- ela fala e eu concordo.- Meses atrás você me disse que precisava começar de novo porque não conseguia se reconhecer sem Gabriel, certo?- ela pergunta e eu confirmo.- Eu acho tu atingiu o objetivo, tu construiu uma vida aqui longe de todo mundo. Amiga, tu juntou os caquinhos que seu coração ficou depois de tudo, e eu nem sabia se você ia conseguir, odiei Gabriel por meses quando te vi tão perdida. Então eu sei que tem mil coisas passando na tua cabeça agora, que tu tá com medo de se machucar de novo, mas eu só consigo ficar feliz em ver que tu conseguiu se apaixonar de novo.

- Apaixonar não Mariana, pelo amor de Deus!- eu falo pra ganhar uma olhar de repreensão dela dizendo "tu tá tentando mentir pra mim?"- mas enfim o problema é esse, eu construí uma vida aqui, mas como um ciclo vicioso idiota Pedro tá em todo canto que eu olho. Eu não quero esquecer como é viver de novo Ma.

Nossa conversa é interrompida pelo som de mensagens do meu celular, com uma mensagem de Pedro "A gente pode conversar?" e eu viro o celular mostrando pra Mari.

- Eu acredito que ele merece o benefício da dúvida. Todos esses medos que estão te fazendo surtar não combinam contigo e nem encaixam com o Pedro que tu me descreveu nesses meses. Se você precisa de um tempo tudo bem, mas pensa nisso.- ela fala me tirando um suspiro porque de alguma forma sei que ela tá certa. Então respondo "Só preciso de um tempo" e leio a resposta que vem em seguida "Só fica bem e para de tentar resolver tudo sozinha", e logo penso, quando foi que ele começou a me conhecer tão bem?, e respondo "eu tô bem e não tô sozinha, não se preocupa"