Para Tudo Uma Razão: A Serenidade (Livro 1)

A Escuridão

   Pelo o que consigo me lembrar de uma história que outrora ouvi de um andarilho, os nove reinos nem sempre existiram. Em um certo período da história desse reino nomeado Camavor, civilizações começaram a se erguer notavelmente. Antes separados por povos, hoje... Unidos em nove grandes nações. Cada reino é governado por um monarca superior, detentor de status e um poder inigualável, autodenominados os noves grandes monarcas da justiça. Cada um com uma alcunha própria, ninguém ousa falar disso pois temem seus poderes "divinos". Melhor nem comentar sobre. Durante todo esse tempo, os nove reinos sempre entram em batalha, talvez para decidir um líder supremo entre todos, o fato é... pessoas são sacrificadas atoa por uma guerra idiota, batalhar... Eu não quero mais isso...

   Depois de tantos anos, décadas lutando e guerreando, meu corpo se lembra de cada técnica, mas a maestria da batalha a muito se perdeu. Eu vaguei em busca de meu povo, por muito tempo me vi preso na mesma lembrança daquele campo de batalha e de repente... Tudo desaparece, nem mesmo pude ver ou entender o que tinha acontecido, apenas não tinha mais nada lá. Ao chegar na primeira nação do reino de Calavor, chamada de Seleta, senti uma vibração estranha. uma conexão com a terra, mas deve ter sido apenas por eu estar interessado na beleza da paisagem. Enquanto vagava por estas terras, não pude deixar de notar o quão oceânico é, com várias ilhas e árvores, ilhotas compostas por pequenas terras. Um paraíso tropical onde a água reina e o verde toma conta da minha volta, com uma areia fina e amarelada. Vaguei um tempo por esse local, encontrei algumas pessoas se divertindo a beira da água, mas uma coisa chamou minha atenção. Por mais que era pequena, mas vi aquelas crianças utilizando uma forma elementar da água, formando pequenas bolas e jogando umas contras as outras. O povo daqui também utiliza de Sinergia, isso é muito intrigante, talvez vagar por novas terras me ajude a entender o que aconteceu no passado.

   Continuei procurando um bom lugar para montar um acampamento. Perto de onde parei, olhando ao redor me encontro vendo uma rocha pontuda relativamente grande, no conforto de uma sombra decidi ficar ali por um tempo. O chão esverdeado com gramas finas, um formato aconchegante das rochas com uma profundidade boa o suficiente para pegar no sono. Sentei-me a meditar e concentrar-me em meu interior. Respirar... Sentindo uma correnteza dentro de mim, passando por cada parte de meu corpo e seguindo até meus punhos. Cada membro fortalecido por uma sinergia entre o centro de meu corpo e meus músculos. Mesmo que pouco, a imaginação é um fator importante no uso da sinergia. Se eu tentar concentrar essa energia e liberar...

- Olá!! Ei!!! Parece que ele dormiu sentado...

- Mesmo tentando me concentrar, com tanto barulho não consigo meditar...

   Ao abrir os olhos, me vejo olhando para uma criança de cabelos marrons e um lacinho na cabeça. Ela vestia uma roupa fina com um tom azulado como o azul do céu, com detalhes rosas nas pontas, que na imaginação facilmente poderíamos ver um mar com várias lótus. Uma criança boba e curiosa, mas que sensação estranha... Tão jovem... Desperdício de tempo e talento. Sinto que ela é diferente, sinto uma vibração única nela que não vi em outras pessoas até agora, mas posso estar enganado, eu ainda consigo socializar com alguém?

- Por qual motivo está dormindo tanto, senhor? - Curiosa ela pergunta esperando algo valioso como resposta.

- Criança, deixe-me meditar e me concentrar em minha calmaria.

- Mas senhor, você é estranho, nunca te vi por aqui! você veio de bem longe, não é? - Continua insistindo em receber uma resposta clara.

   Sem muita paciência, movendo as mãos à sua frente lentamente, concentrando em sua palma, um pequeno impulso para afastar a criança para um pouco longe de si, na qual fica admirada com a incrível habilidade daquele desconhecido, volta correndo para perto do andarilho que fica mais impaciente. Em uma sequência de movimentos ele continua afastando a garota que admirada insiste em voltar.