O Garoto Prodígio

Thirteen

Ambos desceram para a cozinha, pretendiam ao menos comer algo antes de irem até a casa dos Yeager's, já que provavelmente seria um pouco demorado. Eren se deparou com uma caixa de pizza sobre a mesa, e então se lembrou que Kenny saiu de casa para comprar, mas eles dormiram cedo.

- Vamos comer pizza, Levi - Disse Eren, com um leve sorrisinho.

- Nada disso, faz mal comer essas coisas de manhã - Falou Levi, abrindo a geladeira.

Eren não contestou, pois sabia que não adiantaria. Sentou-se á mesa e ficou quieto, o ambiente estava agradável, um tanto leve. Pequenos detalhes que o Yeager adorava desfrutar.

O mais velho preparava uma salada de frutas, estava de costas pro outro, parecia concentrado no que fazia. Eren não deixou de admirar o tronco exposto do mesmo, como se pensasse orgulhoso "Ele é meu".

Quando Levi estava quase terminando, Eren levantou de fininho e pegou uma garrafa de iogurte na geladeira, indo até ele. Colocou iogurte em um potinho e "roubou" alguns pedaços de fruta.

- Eren, você é um sapeca mesmo, viu?- Disse Levi segurando a risada - Escuta, você vai querer que eu vá contigo até a casa da sua mãe?

Eren ficou quieto por alguns segundos, no fundo nem ele sabia o que dizer.

- Sim - Falou antes de se virar, para ir comer.

[...]

Após comerem, Levi trocou de roupa e pegou o carro de Kenny emprestado, acabou não pedindo porque ele estava dormindo, mas como não pretendia demorar, não achou que teria problema.

Eren se manteve pensativo durante todo o caminho, era como se estivesse desligado o seu corpo da realidade, Levi tentava imaginar o que passava em sua cabeça, e se ele estava confuso ou só decidido.

- Você está desconfortável com isso, não está? - Falou Levi, estacionando.

- Estou, mas infelizmente na vida, nem tudo se baseia em zona de conforto. Eu preciso fazer algo - Falou com um leve sorriso e deu um selinho no mais velho - Não vou demorar, quero passar o resto do dia deitado contigo

Decidido sobre o que faria, o mesmo desceu do carro e andou calmamente, até parar na frente da porta. O Yeager se preparava mentalmente para ser xingado e escutar gritos, o que o fez suspirar fundo, quase perdendo o fôlego.

Levi olhava a situação com um aperto no coração, evitando se sentir culpado, afinal, ele não tinha feito nada. Viu Eren bater na porta e quase de imediato, a mesma foi aberta.

Quase que de forma automática, Carla deferiu um tapa forte no rosto do garoto, o fazendo até dar um passo pra trás. Ela estava gritando, e Levi não conseguia entender uma palavra sequer. Viu Eren levantar a mão, como se fosse devolver mas então a abaixou, e virou as costas, indo até o carro enquanto andava.

Obviamente Levi não esperava e não desejaria que Eren batesse na própria mãe, mas ele sempre acabava aceitando atitudes ruins dos outros calados, desde sua infância.

O Yeager abriu a porta e sentou rapidamente, colocando o cinto, parecia mais que ansioso para sair dali, enquanto os gritos de sua mãe pareciam mais escandalosos.

- Vamos para casa - Disse o mais novo, se ajeitando no banco

Levi olhou brevemente para seu rosto, tinha um desenho nítido dos dedos de Carla em sua bochecha, um vermelho dolorido. Suspirou e virou a chave, logo voltando a dirigir, tentando manter a mente calma.

- Não pensei que ela fosse fazer isso. Pensei que fosse gritar, me xingar, mas não me bater - Falou apoiando a cabeça no vidro da janela - Ela disse coisas horríveis, eu acho que ela está enlouquecendo. Ela sempre me tratou tão bem... Ela pode levar um preconceito tão longe ao ponto de ficar cega de ódio? Isso não faz sentido

O Ackerman se sentiu impotente, por sentir o peso nas palavras trêmulas de Eren, mas ao mesmo tempo não sabendo o que responder, se sentiu inútil e desejava que aquele dia simplesmente acabasse.

[...]

Eren estava no quarto, enquanto Levi e Kenny conversavam na sala, ele não sabia dizer quanto tempo aguentaria segurar a vontade de chorar até ficar fraco, talvez ele só estivesse esperando os braços amorosos do seu amado para então desabar por completo.

Com as pernas cruzadas, sentado no meio da cama e com uma expressão indecifrável, ele não poderia estar se sentindo pior, se sentindo do avesso. Sentia que tudo isso era culpa dele, que ele não foi um filho bom o suficiente.

Foi tirado de seus devaneios ao escutar o celular tocar, o olhou vendo que era a sua mãe, uma risada irônica saiu do mesmo e ele então desligou o aparelho, esfregando as mãos no rosto em seguida.

Levi entrou no quarto, sentindo a mesma energia pesada do dia que o Yeager surtou e cortou o cabelo, mas dessa vez parecia pior, ele parecia corrompido de dentro pra fora.

- Eren, nós não precisamos ficar em casa. Podemos ir visitar seu irmão, o que acha? Vai ser bom pra você - Falou sentando próximo a ele.

O Yeager abraçou Levi com força, como se não quisesse o soltar nunca mais e suspirou.

- Tudo bem, você tem razão - Falou soltando o abraço.

Levi acariciou o rosto do garoto e deu um leve sorriso, não era um sorriso de acolhimento, apesar da situação, era um sorriso apaixonado. Eren encarou toda aquela situação ruim, aguentou tudo aquilo sem dizer uma palavra ruim sequer a sua mãe, era um garoto amável.

- Eu quero um hamster - Disse o garoto quebrando o silêncio

- Um hamster? Podemos comprar depois de passar no Zeke - Falou sorrindo

- Ótimo!- Falou Eren, parecendo mais animado

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