O Garoto Prodígio

Six.

Por mais que Levi gostasse desse novo e atrevido Eren, sentia que era algo artificial, não pareciam ações espontâneas. Ele agia de forma estranha e vazia, sem explicações ou razões normais.

Gastou uma longa parte do seu dia tentando arrumar algo resposta para isso, Eren parecia uma caixinha de surpresas, cada vez mais profundo e confuso, isso estava o enlouquecendo.

Aos poucos, ligou alguns fatos que pareciam se conectar demais para ser mera coincidência.

Quando tinha seus 13 anos, houve o ocorrido da maquete, onde Erwin e seu grupinho o derrubaram no chão e só assim Levi descobriu que ele estava sofrendo bullying (Capítulo três). Mas não sabe ao certo a quanto tempo isso estava acontecendo.

Parando para perceber, foi a partir desse acontecimento ou um pouco antes, que os olhos do Yeager perderam o brilho inocente e se tornaram algo tão vazio.

A desculpa de Erwin de ter ajudado Eren, não fazia o mínimo sentido. Apoiou a cabeça na mesa de estudos do Yeager, enquanto pensava, logo se lembrando de um detalhe interessante.

A primeira vez que se envolveram de forma íntima, o mais novo fazia gestos decorados, e depois lhe disse que era baseado em vídeos pornôs, mas ironicamente, essa era a posição favorita de Erwin.

Tudo estava se encaixando mais do que deveria e Levi via isso como um deja vu horrível e desagradável.

[Flashback]

O Ackerman insistiu a semana toda para poder ir a casa de seu pai, afinal já fazia anos que não o via e sentia falta dele. Kuchel acabou cedendo, esperando ao máximo que desse tudo certo, mas foi um complemento desastre.

Levi presenciou coisas que não deveriam ser vistas por alguém da sua idade. Sexo, brigas violentas e até mesmo a morte de um rival de seu pai.

- Escute aqui Levi, se contar algo para a sua mãe, eu vou ter que te castigar - Falou sério

- Eu pensei que você fosse me levar para tomar sorvete ou algo do tipo, não que fôssemos ir até essa boate estranha... - Falou se afastando, um tanto perplexo

O homem deu uma leve risada, como se estivesse debochando de sua reação. Se aproximou do garoto e segurou seu rosto, em seguida, apontando para uma das dançarinas do local.

- Você quer se divertir? Então vai lá garotão - Falou o empurrando até ela

Antes que pudesse rebater ou sair daquela situação, foi envolvido em um beijo sedento da mais velha, essa que cheirava a bebida e suor, era repugnante.

Empurrou a mesma e saiu correndo, por mais que sua casa fosse longe, não gostaria de passar mais um segundo se quer com seu pai.

[...]

Seus pés doíam, era como se Levi andasse descalço. O frio daquele fim de tarde acompanhado de um vento forte, pareciam rasgar a pele do mesmo, tirando a fome que sentia.

Estava quase desistindo e deitando no primeiro banco que achasse para dormir um pouco, quando começou a chover. Sem muitas escolhas, andou até uma casa que tinha cobertura na frente da porta.

Se sentou ali, descansando e esperando a chuva acabar para assim voltar em casa. Olhou a vista sem muito entusiasmo, ainda estava horrorizado com tudo que viu.

O cheiro de um bom bolo de chocolate invadiu as narinas de Levi, que virou a cabeça discretamente para a janela, procurando o que causava isso. Viu um garoto loiro mexendo no forno e logo seus olhares se encontraram.