O nascimento de Viserys II

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298 D.C. em Braavos, na mansão de Duroc Ossabaw.

    Anos já haviam se passado, agora Rhaerys é uma jovem mulher de 26 anos. É a quinta esposa do Rei mercador mas rico do mundo, a qual todos diziam ser a favorita. Ela cresceu com a beleza e bondade de sua mãe; e a coragem de seu irmão. Era considerada a mulher mais linda de Braavos, mesmo que a mesma acreditasse que estava muito inchada para merecer esse título. Afinal, era de se esperar já que estava grávida de sete meses.
    Essa já era a sua quinta tentativa, das últimas vozes, conseguiu gerar apenas nati-mortos, crianças deformadas, cheias de escamas e algumas até com calda. Ou então, não conseguia chegar tão longe, e acabava sofrendo abortos logo no início. Isso já estava deixando seu marido furioso, e Duroc não é misericordioso quando se trata de falhas. Mas a princesa nunca deixava transparecer, não importa quantas vezes ela precisasse cobrir os ematomas com mais uma camada de roupa, ou quantas vezes ela preferiu ficar bêbada para ter uma noite com seu marido. Enquanto ela se fizesse útil, duraria, diferente da primeira esposa, que foi levada por uma febre repentina após descobrirem que ela não sangrava mais.

    A rotina era sempre a mesma durante o café da manhã. Em uma varanda espaçosa, Duroc sentava na ponta da mesa, Rhaerys sentava a sua direita na cadeira mais próxima a ele, e em seguida, vinham todas as outras esposas. E no lado esquerdo, estavam os nove filhos de Duroc. Os dois filhos de Vidya eram os favoritos de Rhaerys, eram os mais gentis e respeitosos entre os irmãos, e para a sorte dos dois, puxaram a aparência da mãe.
    Na maioria das vezes todos comiam em silêncio e acompanhavam Duroc quando ele saia da mesa, independente de já terem acabado a refeição ou não. Mas nesse dia, parecia que os Deuses queriam testar os limites da paciência de Rhaerys.
    -Então. Como a linda mãe dos dragões está hoje? - Edric, o filho da falecida primeira esposa, de 17 anos zombava de Rhaerys quando estavam em casa e seu pai nunca o repreendida. Principalmente porque Duroc amava o apelido criativo que as crianças inventaram, já que diziam que as únicas coisas que Rhaerys conseguia parir eram dragões.
    -Edric, Rhaerys precisava estar tranquila e descansada! - Vidya chamou a atenção do rapaz sutilmente.
    -Está tudo bem. - A princesa a tranquilizou sorrindo.
    -Não, ela está certa. Não queremos que haja outro incidente. Já é qual? A terceira vez? - Perguntou Duroc com um pedaço de bacon cuzido na boca.
    -Quinta. Meu amor. - Rhaerys reuniu forças para falar. Ela se convenceu de que para um pai de nove filhos, um a mais ou a menos não faria tanta diferença. Isso não a confortava.
    -Qual nome escolheu? - Seu marido perguntou entre goles do seu leite com mel.
    -Viserys II. Em homenagem ao meu irmão. -Rhaerys aprendeu com o tempo a falar apenas quando seu marido lhe perguntava algo.
    -É SÉRIO! Vai dar ao meu filho o nome do Rei pedinte? - E Rhaerys também aprendeu quais perguntas não deveriam ser respondidas. -E se for uma menina?
    -Rhaella II. Em homenagem a minha mãe.
    -Há que ótimo. Bom, contanto que a criança consiga vir ao mundo primeiro... Recebeu alguma notícia de sua irmã? HEHE! A puta Dothraki.
    -Não, meu amor. Não desde que ela casou, nenhum de nossos informantes voltou do Mar Dothraki e a última mensagem de Illyrio Mopatis dizia que Khal Drogo à levaria para Vaes Dothrak.
    -Que mulher burra, era só ter respondido sim ou não. - Disse Duroc em um valiriano cheio de traquejos e com um sotaque terrível. Rhaerys achava que ele parecia um caipira quando usava o baixo valiriano para a insultar sem ser descoberto. O que seu marido não sabia era que a língua Materna de Rhaerys é o alto valiriano, ela aprendeu essa língua antes mesmo da língua comum. Foi ela própria que terminou de ensinar Viserys após a morte de sua mãe. Então entender as variantes dessa língua era algo simples.
    Assim que Duroc acabou, limpos a boca com a manga da própria roupa e se levantou, seguido por toda a sua família.
Rhaerys andava pelos corredores longos, com seus pisos em xadrez que levavam até seus aposentos e a cada criado que passava por ela, era um sorriso que era forçado a aparecer, o que era uma tarefa quase impossível graças ao seu enjoo matinal.
    -Foi muito bem hoje minha princesa. - Elogiou Sor Reymond, o último cavaleiro que sobrou, já com os seus 35 anos. Sor Stefan morreu a protegendo durante o seu primeiro parto, quando três assassinos fingiram ser os mestres parteiros.
    -Obrigada Sor. - Reymond era seu melhor amigo, mas precisavam medir suas palavras quando estavam entre as paredes da mansão de Duroc.
    -Gostaria que seu marido sofrece algum acidente enquanto anda a cavalo? - Ele se aproximou e sussurrou aos ouvidos dela.
    -As pessoas suspeitariam. Meu marido é pesado demais para um cavalo aguentar. - Rhaerys devolveu a piada em sussurros. Dando risinhos em seguida.
    -Fico feliz que esteja sorrindo. Soube que isso faz bem ao bebê. - Rhaerys revirou seus olhos, não gostava de pensar nisso, se começasse, os pensamentos se tornariam preocupações, e em seguida, se transformariam e medos. E ficar com medo também a enjoava. -Essa está sendo sua gravidez mais promissora princesa, sem todas as dores fortes e os sangramentos, então precisamos amenizar os estresses sempre que possível.
    -Eu sei, mas eu continuo a ter os desejos estranhos. - Rhaerys ficava em êxtase sempre que comia fatias de carne crua, de preferência fraca.
    -Quando eu era criança, meu pai me contou que pegou a minha mãe comendo goiaba com azeite e sal a noite. Desejos estranhos não são algo fora do comum.
Os dois sorriam baixo durante todo o caminho. Sor Reymond a deixou na porta de seus aposentos antes de voltar ao corredor para ficar de guarda, como sempre fazia. Rhaerys gemeu de alívio quando tirou os sapatos que esmagadas seus pés inchados, Ela estava pronta para se jogar na cama e voltar a dormir quando reparou que sobre ela havia uma caixa de madeira, com uma alça de cobre na tampa. Rhaerys ficou curiosa, a avisariam se outro presente para o futuro bebê tivesse chegado. Talvez Duroc decidiu agradá-la com um presente de desculpas pelo último momento de raiva dele. Mas ao se aproximar da caixa, começou a sentiu um cheiro terrível que quase a fez vomitar. Mas a princesa então matou a curiosidade e abriu a caixa, mas o que viu a fez cair no chão aos gritos. Rhaerys gratava desesperada, suas lágrimas corriam pelo seu rosto, ela começava a se arrastar para longe da cama.
    -PRINCESA! - Sor Reymond escancarou a porta do quarto e correu até ela. - RHAERYS! O QUE HOUVE? - Quando ele olhou para a mesma direção que a princesa, viu uma caixa aberta, quando ele andou na direção da cama e olhou o que havia dentro, entrou em choque. Uma cabeça apodrecida, com a pele se desmanchando e cheia devermes; e por cima dela, ouro havia sido derretido, a cobrindo e também tinha escorrido para o metade do rosto. Por baixo do ouro, era possível ver mechas de cabelo branco pra.
Sor Reymond ficou em choque, mas recuperou os sentidos no mesmo instante quando percebeu que os gritos cessaram, ele se virou para a princesa e a viu desmaiada no chão, com o seu vestido encharcado de sangue.

    Rhaerys acordou com o Sol que atravessava pela janela cobrindo seu rosto, ela sentia seu corpo dormente. Ao virar sua cabeça para a esquerda; viu Sor Reymond, Vidya e seus filhos, Daruc e Vayden, velando seu sono, com expressão de espanto.
    -Rhae! - Vidya se debruçou sobre ela com um sorriso no rosto. -Graças aos Sete! Você está bem!
    -O que aconteceu? - Ela tentou se levantar mas estava muito zonza.
    -Efeito do leite de papoula. Os curandeiros disseram que você precisava de no mínimo cinco dias para se recuperar. - Reymond falou calmamente. Por instinto, Rhaerys alisou sua barriga e se apavorou ao ver que estava muito menor.
    -NÃO! NÃO! NÃO! NÃO! MEUS DEUSES! NÃO! - Ela começava a chorar histericamente enquanto se debatia na cama. Os meninos saíram do quarto, deixando sua mãe e o cavaleiro com a princesa.
    -Sinto muito Rhaerys. - Reymond se aproximou da cama e tentou tocá-la, mas então a princesa tentou afastá-lo, o empurrando. -Rhae! Calma! Por favor. - Então, em meio ao desespero, ele a abraçou, a fazendo se acalmar. Ela parou de chorar aos poucos.
    -Foi um menino, ele recebeu o nome Viserys antes de ser cremado. - Vidya tentou confortar sua amiga.
    -Havia um bilhete pregado na parte de dentro da tampa. - Reymond foi até a escrivaninha da princesa, onde havia guardado o bilhete. "Seu corpo foi enviado a mim por escravos dothraki, avisaram que Drogo exigiu que a irmã de sua Khaleesi recebesse. Eu não tive escolha. Lamento por sua perda, princesa Rhaerys Targaryen.".
    Viserys. Seu filho, seu bebê. Morto antes mesmo de nascer. Ela nem pode vê-lo, sentí-lo em seus braços. Ela foi fraca de mais para protegê-lo, assim como não conseguiu proteger seu irmão. O coração de Rhaerys não aguentava mais tristeza, a cada dia que passava, ela enfrentava mais perdas. Essa era a chance de dar um filho ao seu marido. O que aconteceria? Ele a mataria? Mas se a quisesse morta, não teria chamado curandeiros, não é?
    Daenerys, sua irmãzinha. Ela estava sozinha! Estava cercada por bárbaros, assassinos. Um Targaryen nunca deveria estar sozinho pelo mundo. Dany, ela era só uma garotinha, apenas 13 anos. Ela também perdeu Viserys, sem ele, quem a manterá segura?
    Rhaerys não pôde se dar ao luxo de lidar com uma perda por vez. Ela se decidiu. Não poderia abandonar Daenerys de novo. Ela encontraria sua irmã, a manteria a salvo. Mas não ali. Essos não era mais segura.
    -Vamos pra casa.









































A canção de fogo e sangueOnde histórias criam vida. Descubra agora