Mãe dos libertos

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    A mansão de Duroc,  grande Rei mercador. Resumida a cinzas. Rhaerys a fitava com paz em sua consciência. A princesa ainda segurava sua filha nos braços. Ela precisava de um funeral.
    A princesa recebeu o blusão de um dos homens ao seu redor, para se cobrir. Depois, foi com a sua filha até as árvores no quintal, terminou de enrolá-la com a cortina até o seu corpo ficar todo coberto. Algumas pessoas se ofereceram para ajudar, mas a princesa recusou, queria fazer isso sozinha. Ela pôs sua filha no chão e se afastou para pegar galhos e folhas secas caídas ao redor das árvores. Quando terminou, os posicionou delicadamente ao redor da bebê, pegou um galho e começou a frexioná-lo, até criar uma pequena chama. Ela se afastou quando o fogo começou a se alastrar pelo pano. Rhaerys se ajoelhou.
    -Peço perdão meu amor. Eu nunca quis que sua morte viesse desse jeito. - Ela começou a falar em alto valiriano, com a voz baixa e cheia de pesar. - Você merecia ter uma vida digna de uma princesa. Queria poder ter lhe mostrado Westeros. A nossa verdadeira casa. Não se preocupe, eu vou esperar aqui até você partir, para que não se sinta sozinha. Sentirei sua falta, minha linda Dragão Branco. - Rhaerys se pôs de pé. Ela esperou até a fogueira apagar.
    O Sol já estava se pondo. Eles precisavam agir rápido. Não podiam ficar ali depois do que aconteceu. Braavos não era mais um lugar seguro para Rhaerys. Precisavam partir. Mas antes, a princesa precisava pegar uma coisa.
    Rhaerys entrou na ruína que antes era uma mansão. Ela subiu pela escada, ou o que tinha sobrado dela. Ao chegar no andar de cima e passar pelos quartos, viu corpos carbonizados em toda parte. O seu favorito, era o que estava no chão do quarto de seu falecido marido.
    Ao chegar no seu quarto, que estava negro pelo fogo e cheirando a fumaça, foi em direção a uma moldura dourada na parede onde antes se encontrava a pintura de sua família . Ela retirou a moldura da parede e teve visão completa da abertura feita na parede. A princesa levou algun tempo para quebrar a parede sem ser notada, mas precisava esconder aquilo que pediu para seus cavaleiros levarem em segredo para Braavos. Irmã negra. A espada Targaryen, herdada por gerações de guerreiros e montadores de dragões. A espada de aço valiriano da época da Conquista. A princesa retirou a espada da abertura. Sentiu o peso dela em sua mão. Era linda, uma longa lâmina, tão forte que era capaz de atravessar qualquer armadura. E seu cabo com um rubi incrustado, com um brilho sutil coberto pela poeira de anos.

    Após sair da mansão, os comandantes dos imaculados vieram ao seu encontro, assim como um casal, que ela notou que usavam colares de escravos, feitos de correntes.
    -Minha senhora. - Um dos comandantes se curvou antes de voltar a falar. -Esperamos suas ordens.
    -Eu... - Rhaerys já havia se esquecido como era se sentir no comando. -Precisamos sair de Braavos. Imediatamente. Norvos é a cidade livre mais próxima. Quanto tempo levaremos para chegar?
    -Duas semanas, minha senhora. Menos, se tivermos navios. - Outro comandante respondeu.
    -Obrigado... - Rhaerys esperou para que ele dissesse seu nome.
    -Tigre Vermelho. - Ele se curvou mais uma vez. Rhaerys fez uma expressão de dor ao ouvir o nome do imaculado. Ela sabia de todas as coisas que aquele homem enfrentou para ser chamado assim.
    -Sabe que não precisa se chamar assim. Você é livre. Pode escolher outro nome, ou voltar a usar seu nome antigo, se isso lhe agradar.
    -Não mudarei. Usarei meu nome com orgulho.
    -Mas por quê? - Rhaerys não entendia.
    -Porque esse foi o nome que eu estava usando quando fui livre pela primeira vez. Esse foi o nome que eu estava usando quando pude escolher servir a minha rainha. Rhaerys Targaryen. - Ela sorriu ao ouvir isso.
    -Majestade, podemos pegar o ouro da mansão. A senhora poderá comprar o que precisa pela cidade antes de partirmos. - Disse a mulher com as correntes. Com uma voz rouca e tímida. Rhaerys consentiu com a cabeça.
    Cinco pessoas entraram na antiga mansão e saíram de lá com baús de ferro do escritório de Duroc, pesados de tantas moedas de ouro que continham. E depois, voltaram outra vez para pegar o que Rhaerys reconheceu como suas joias, e as joias das antigas esposas.
    Alguns dos imaculados se voluntariaram para levar um pouco do ouro para cidade, para comprarem roupas para sua rainha, cavalos, carruagens, comida, e o que mais precisassem durante a viagem.
    Eles voltaram com sete casas rolantes, carruagens enormes com espaço para cinco camas e bagagens; seis seriam divididas entre as 30 pessoas que antes trabalhavam na mansão e uma seria apenas para Rhaerys e suas coisas. 21 cavalos também foram trazidos, três para cada casa rolante. Os imaculados escolheram marchar, para vigiar as casas rolantes e proteger sua rainha. Tigre Vermelho foi nomeado comandante das tropas da Rainha, por isso, ele comandaria a marcha pelo caminho até Norvos.
    Entre as roupas compradas Rhaerys escolheu um vestido de seda carmesin, de decote cruzado e a borda da saia batendo no fim de sua canela, mostrando os sapatos pretos que usava. Eu sua cintura, usava uma sinta feita de moedas de ouro. Ela pegou um brinco de granadas em forma de pequenas esferas, com uma moeda de ouro pendurada em cada um.

    Ele seguiam pelas ruas como um exército. As pessoas olhavam admiradas e espantadas. A carruagem da rainha vinha primeiro, cercada por imaculados, com duas fileiras de cavalos, um na primeira e dois na segunda, e com o primeiro deles sendo montado por Tigre Vermelho.
    Ao chegarem perto de uma das fronteiras da cidade principal, alguns dos guardas ficaram inquietos. Pararam a carruagem e exigiram explicações e pagamento. Rhaerys precisou sair de sua carruagem. Ela não poderia demonstrar medo, se hesitasse estaria perdida. Mas um dragão é maior do que todos eles. Enquanto se dirigia aos guardas, um rapaz saiu da carruagem logo atrás da dela. Ele andou até se posicionar ao lado direito de sua rainha.
    -Essa é Rhaerys Targaryen, primeira de seu nome. - O rapaz a surpreendeu quando começou a defendê-la. -Rainha mercadora de Braavos. Rainha de Westeros inteira. - Ele não conhecia os títulos de Westeros, mas isso não o desencorajou. -A não queimada e mãe dos libertos. Vocês a deixarão passar! - O rapaz disse firmemente, enquanto tentava conter a tremedeira.
    Uma fileira de 20 imaculados armados com lanças começou a marchar. Se posicionaram na frente dos soldados. Em um simples movimento, se mantiveram em posição de ataque, apontando suas lanças para frente. Eles sairiam de Braavos.
    Os soldados recuaram. Alguns minutos depois o caminho estava liberado novamente. Rhaerys recuperou o fôlego, não queria um massacre, mesmo que fosse necessário. Ela voltou para sua carruagem e permitiu que o garoto a acompanhasse pelo resto da viagem como agradecimento. Os imaculados voltaram para sua forma, e todos continuaram a seguir seu curso.
    Estava feito. Sua jornada por Essos havia começado. A rainha encontraria sua irmã, voltariam para casa. Rhaerys recuperaria o que foi tomado de sua família. A rainha legítima conquistaria o trono de ferro.



































A canção de fogo e sangueOnde histórias criam vida. Descubra agora