Capítulo 4.

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— O que você acha? — Harry faz a pergunta enquanto anda de um lado para o outro no escritório do seu hospital. Escuta uma respiração pesada do outro lado do telefone e espera alguma resposta inteligente do amigo.

— Eu acho que você não pode me ligar antes das dez horas da manhã para pedir conselhos amorosos e sexuais sobre o meu irmão mais novo. — Gustave responde com o tom de voz calmo, mas sem emoção.

— Você é o meu único amigo e eu sinto muito pelo meu ex marido ser seu irmão ômega, mas eu preciso da sua ajuda.

A voz vulnerável de Harry é tão dolorosa para Gustave, que ele realmente se esforça para pensar sobre tudo o que o amigo lhe contou sobre o relacionamento conturbado que o irmão está tendo com o médico nas últimas semanas.

— Olha amigo, eu acredito que o meu irmão esteja muito confuso e não acho que você esteja passando segurança para ele.

— Como assim? — Harry pergunta enquanto se senta na grandiosa cadeira.

— Você quer ele de volta? Quer sexo casual? Não dá pra querer que ele esteja seguro se num certo momento você diz que quer ter ele no seu rut e depois diz que pode tentar encontrar outro soulmate. Ômegas normalmente não gostam dessas coisas e falar isso para a mãe dos seus filhos piora toda a situação.

O médico fica um pouco chocado pela sinceridade de Gustave. Durante o processo de divórcio, o amigo o ajudou de diversas maneiras, nunca poderia negar isso, mas o Tomlinson era mais inclinado a agir do que falar suas opiniões. Durante toda a amizade dizia sempre que palavras vazias o mundo estava cheio e que mostraria seu amor e gratidão por Harry com atitudes. E foi exatamente isso que fez, quando pegou o primeiro voo para Londres para ajudar o amigo com uma ressaca.

Escutando o silêncio de Harry, Gustave decide continuar a falar.

— O convide para um jantar e converse com ele sobre suas intenções. Você sempre dizia que Louis gostava de sua calmaria, mas para ser sincero, nunca acreditei muito que o meu irmão tenha gostado do fato de você nunca ter lutado para continuar casado com ele.

— Eu nunca quis me separar, todos sabem disso. — Harry diz com o tom de voz raivoso, enquanto bate forte na mesa.

— Mas você nunca fez porra nenhuma pra mostrar isso. Fala sério, eu te amo. Talvez até mais do que eu ame o Louis que é meu irmão de sangue, mas você nunca, repito, nunca, tentou ficar. Ele pediu o divórcio e no dia seguinte você foi embora. — Gustave continua com a voz calma, mostrando que o tom furioso de Harry não o incomodou.

— Eu não queria fazê-lo infeliz. — A voz do médico volta a ser baixa e rouca.

— Olha, talvez Julian tenha comentado com Connell, que aleatoriamente comentou com Jamie, que coincidentemente comentou comigo que Louis queria ser o tipo de pessoa que valesse a pena lutar.

— Passaram 5 anos.

— E ele ainda quer ser essa pessoa. Ele é o seu soulmate, Harry! A última coisa que você poderia aceitar era o divórcio e o fato dele ter retirado a marca.

— Foram escolhas dele, Gustave, parece que você não entende isso! — Harry fala como uma súplica para o amigo voltar a ficar do seu lado. — Ele decidiu se separar e ele tirou a minha marca.

— Você ficou focado na sua pesquisa enquanto Louis estava cuidando dos três filhos e abdicando da própria carreira para você ter o seu nome. Ele se sentia sozinho e você sabe disso. — Harry sabia, sabia disso tudo! Nos primeiros anos não conseguia dormir no apartamento frio e na cama sozinho sem o ômega, sabia que tinha sido sua culpa o divórcio. Sempre soube, mas ele não sabia lidar com a vergonha de ter perdido o ômega. Sabia lidar com muitas emoções, mas a vergonha ainda não era uma delas. — Você o negligenciou e simplesmente aceitou tudo que ele te propôs depois.

Lucky Again (l.s) - abo Onde histórias criam vida. Descubra agora