01 | 𝐅𝐞́𝐫𝐢𝐚𝐬

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Paulo Guerra; Pont of view.

Mais um ano letivo se encerrava no último dia de aula. Todos empolgados para ir para sua casa, tanto que já haviam guardado o material há mais de 10 minutos antes do professor de matemática liberar. Ele nem estaria mais ali no ano que vem mesmo, o que com certeza, era um livramento. Com toda a sinceridade do mundo, se eu pudesse, fazia ele descer rolando aquela escada enorme por todas as vezes que ele já em mandou pra diretoria só porque não gostava de mim.

Mas era óbvio, claro que ele iria se incomodar. Eu sou muito mais bonito e esperto do que ele, além de que, meu cabelo é muito mais macio. E novo. É, eu sou jovem pelo menos.

Nas últimas semanas, por mais que continuasse insuportável, ele estava mais de boa, provavelmente cansado de nós, assim como estávamos dele desde os primeiros dias de aula.

Estávamos todos de pé, olhando fixamente para o ponteiro maior do relógio em cima da lousa, contando os minutos para podermos sair correndo por aquela porta e vazar. 60 segundos...40...30...10.

Iniciei a contagem regressiva, e como sempre, a turma me acompanhou. O professor, nem um pouco afim de ouvir toda aquela muvuca de adolescentes se matando para poderem sair, juntou suas coisas e saiu antes mesmo da minha voz soar direito, indo para a sala dos professores. Aproveitei pra gritar mais ainda.

5 segundos, acompanhávamos o ponteiro vermelho rodando no relógio, e no mesmo instante, meu olhar fico foi cortado pela mão fina parando os ponteiros, fazendo todos reclamarmos. Alicia estava novamente, como ano passado, em cima de uma cadeira segurando o relógio com sua mão cheia de pulseiras.

— Porra Alicia, dá pra tirar essa mão daí? Eu quero ir embora!! — Disse pegando uma bolinha de papel do bolso lateral da mochila, que tinha colocado mais cedo, e jogando nela, acertando sua cabeça.

Tenho um Deja-vu daquele momento, do que ocorreu no ano passado, quando íamos passar as férias no Paná-Paná. Nos últimos anos, sempre que vamos passar as férias em algum lugar ou ir em alguma coisa, as meninas são as que decidem os lugares e decidimos por votação, mas depois do Paná-Paná, Alicia que escolhe nossos passeios, porque por algum motivo, todos que ela escolhe, são os melhores e mais divertidos.

A garota jogou a bolinha de volta em mim, me tirando do transe causado pelo Deja-vu, e voltou a falar.

— Perai, gente! Só queria dar um aviso. Lembram que quando eu falei sobre onde iríamos passar as férias esse ano há algum tempinho? Então, eu consegui com que meu avô liberasse a chácara dele. Ele estava maio cansado também então vai tirar umas férias lá, deixando o acampamento com um funcionário de confiança dele. Enfim, vocês topam mesmo ir? Se toparem, iremos amanhã. Viajamos de noite para chegarmos de manhãzinha, o que acham?

Mais uma vez, todos toparam. Animados, começaram a conversar sobre. As meninas combinando suas coisas como sempre naquela baboseira e os meninos conversando também, todos com expectativas altas para essa viagem.

Alícia finalmente soltou os ponteiros quando o sinal da escola bateu, um ou dois minutos atrasado, como sempre. Ela desceu da cadeira enquanto todos saiam da sala, indo até sua carteira e pegando sua mochila, para sair da sala. A olhei fazendo isso, mas logo desviei o olhar. Peguei a bolinha de papel do chão, indo jogar na lixeira antes de sair, notando que estávamos sozinhos lá dentro, já que todos já haviam corrido pra fora.

Sai da escola após descer a escada rapidamente, sentindo a liberdade bater em meu rosto como um vento gelado. Me despedi dos meninos, que já estavam se separando para ir cada um a sua casa, e então comecei a seguir meu caminho.
Minhas pernas pararam a poucos metros do lugar que acabara de sair, quando escutei o grito exagerado de Marcelina, correndo para me alcançar.

𝐃𝐈𝐅𝐄𝐑𝐄𝐍Ç𝐀𝐒 | 𝐏𝐚𝐮𝐥𝐢𝐜𝐢𝐚 (Em revisão)Onde histórias criam vida. Descubra agora