06 | 𝐏𝐢𝐬𝐜𝐢𝐧𝐚

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O primeiro mês de namoro é o que todos dizem ser o "mês do grude". Eu não acreditava muito nisso até Mário e Marcelina começarem a namorar. Fazem apenas duas semanas e eles passam todo o empo do mundo juntos. Eu acho fofo, claro, mas aturar esses dois de grude dentro do meu quarto, me usando de vela já é prova de resistência.

Eu e Paulo voltamos a nos falar relativamente nessas duas semanas, não como antes, mas já estava melhor pros que não olhavam um na cara do outro dias atrás.

Mais um dia ensolarado nos permitiu aproveitar ainda mais o sítio. Hoje fomos todos a tirolesa, e desta vez Valéria foi a primeira a descer. A corda da tirolesa não rompeu, mesmo com todos nos a atravessando. Depois da tirolesa, resolvemos aproveitar a noite quente. Acendemos a fogueira apenas para dar um charme, então todos entramos para nos trocarmos, afinal decidimos logo aproveitar essa piscina.

No meu quarto, vesti um biquíni preto, e por cima, coloquei um short jeans meio curto e uma blusa branca confortável. Esperei Marcelina terminar de se vestir, e quando ela terminou, fomos lá pra fora, sentando todos ao redor da fogueira pra conversar um pouco antes da piscina.

Passamos alguns bons minutos conversando, nos lembrando de momentos nossos quando pequenos na escola, no Paná-Paná ou coisas assim. Comentamos sobre nosso primeiro passeio do terceiro ano do ensino fundamental, qual fomos pra um parque com a professora Helena, afim de colhermos fotos de insetos para nosso trabalho de ciências. Maria Joaquina, que estava em dupla com seu atual namorado, acabou se perdendo no caminho, causando a maior confusão. Lembramos também do dia em que aparecemos na TV . Foi o máximo.

— Quem chegar por último vai lavar a louça daqui e cozinhar junto com a Graça por uma semana! —Jaime soltou uma brincadeirinha infantil, fazendo todos correrem até lá.

Sendo o motivo de nossa gargalhada, o criador do desafio chegou por último, porque segundo ele tinha tropeçado em alguma coisa no caminho. Laura e Adriano sequer tinham saído do lugar que estavam anteriormente, estavam conversando.

As meninas guardaram seus shorts em um lugar onde provavelmente não teria chance de ser tomado por algum bicho, e os meninos colocaram suas camisas no mesmo local, exceto Paulo, que ainda estava sentado a borda da piscina. Cuidadosamente fui até lá, me sentando ao seu lado, porém olhando pra água antes de dirigir meu olhar ao rosto dele. Marcelina, por sua vez, estava de grude com Mário até dentro da piscina.

— Não vai entrar, Paulo? — Perguntei, olhando para sua feição tão indecifrável.

— Vou sim, daqui a pouco.

Eu tirei meu short e a blusa, ficando apenas com o biquíni, e fui prender meu cabelo.
Percebi que Paulo estava me olhando fixamente, mas quando olhei de volta ele parou, se levantou e tirou sua blusa, jogando a mesma em um canto qualquer.

Meu avô a poucos dias teve a ótima e brilhante ideia de colocar um escorregador daqueles infláveis a beira da piscina, na intenção de formar um passatempo divertido. Tinha sim a parte que impedia a passagem do brinquedo para a piscina, mas os meninos se quer se importariam, na certa passariam mais tempo naquele brinquedo do que na piscina.

Allan logo apareceu ali também. Jogou um pouco de sabão e água no brinquedo inflável, e então largando tudo aquilo também pulou na piscina. Instantes depois que eu havia terminado de pender o cabelo de uma forma que não molhasse na piscina, senti meus pés saírem do chão, como se estivesse sendo carregada. Percebi que era Paulo quem me carregava em pouco tempo, mas antes que eu pudesse falar alguma coisa, ele simplesmente me jogou na piscina com ele.

Assim que voltei a superfície da piscina, ele já estava saindo, então eu sai também, indo atrás dele, correndo quando ele começou a correr. Eu só queria dar uns bons socos nele agora. Não estava nos planos lavar o cabelo hoje; Na verdade esse nem é o problema, o problema era o cloro desbotar a cor das mechas e eu ter que pintar de novo. Enfim, eu só não estava afim; tinha lavado o cabelo ontem.

Paulo seguiu até o lago, onde entrou e nadou até o meio. Não hesitei em ir até lá, porém tinha me esquecido que o ponto que ele estava era um dos mais fundos. Aquele lago era raso, porém em alguns locais era mais fundo, e conhecidamente, Paulo estava no inicio de um deles. Lá pro fundo do lago, era bem mais fundo. Para ele até dava pé. Para mim, quase não dava. Eu tinha de ficar na ponta dos pés para conseguir ficar com a cabeça pra fora da água, e ainda sim era complicado.. Paramos a frente um do outro, e o silêncio parecia ter tomado conta do fim de tarde.

Trocamos olhares por segundos longos em silêncio, apenas nós dois ali. Os outros nem devem ter percebido que saímos, na verdade, já que estavam ocupados demais se divertindo. Meu corpo se arrepiou dentro da água quando senti as mãos de Paulo agarrando minha cintura, me dando mais estabilidade ali, e me deixando mais confortável também.

Fico pensando e me lembrando de que há meses atrás, eu ainda era mais alta do que Paulo, mesmo que fosse só um pouquinho. E hoje, ele me passou, está mais alto que eu novamente, como quando éramos crianças.

— Vamos voltar pra lá, Paulo.

— Não, tá bom aqui, só nós dois...

Continuamos ali em silêncio por apenas mais alguns instantes, mas antes que rolasse alguma coisa, Paulo resolveu me ouvir e voltamos pra piscina. No caminho, dei alguns puxões de orelha no garoto.

Voltamos para a piscina e Paulo ficou subindo e descendo no escorregador ou dando mortal na borda da piscina como uma criança de 5 anos, nada que falassem faria ele parar.
Após alguns minutos ele saiu da piscina e ficou na borda, pude ver melhor seu corpo, e que homem, puta merda!

Fiquei até com medo de estar babando.

Cansada de ficar na piscina, sai e fui me sentar na borda, como Paulo. Me sentei ao seu lado, vendo ele olhar pra cima, observando as estrelas na linda noite de verão.

— Lindas as estrelas né?- comecei a olhar também.

— É..- ele colocou a mão no meu queixo por alguns segundos, chamando a minha atenção. - Mas a estrela mais bonita 'tá aqui na minha frente.

Sem reação, sorri, e voltamos a nos olhar silenciosamente.

— Vem! - Ele Disse, e me levou sem que ninguém percebesse, para dentro da casa..
Nós subimos até o andar de nossos dormitórios. Ele foi ate o dele se trocar e eu fui até o meu.

Coloquei um short legging preto, e um top de alça preto também, uma roupa que realça meu corpo, por isso não usava muito. Fui para o dormitório de Paulo, batendo na porta antes de entrar, Paulo estava com uma blusa preta, e uma bermuda preta também.

Acabei deixando a porta somente encostada.

— O que queria, Paulo?- Disse indo até ele.

— Só sair de lá mesmo - ele disse enquanto eu sentava de seu lado na cama.- Você tá linda.

—Obrigada..

Nos começamos a se olhar e ele colocou uma mecha de meu cabelo atrás da orelha, começamos a nos aproximar e quando percebi, nossos lábios já se encontraram, assim começando um beijo calmo, ele pediu passagem com a língua e eu cedi.

Meu Deus, como eu não beijei esse homem antes?

No mesmo instante, senti como se estivesse sendo observada, mas estava ocupada demais para dar importância a isso, além do mais, era só um achismo.

O beijo calmo logo se tornou intenso, e com isso ele me puxou para sentar em seu colo, sem separarmos o beijo em nenhum momento.

Estávamos tão concentrados que só fomos nos separar quando ouvimos um barulho, então olhamos para trás. Jaime havia encostado na porta, e isso feito o barulho, quando a porta bateu na parede.

— Que babado, sempre soube! — Escutamos Valéria dizer, boquiaberta.

— Não é isso que vocês tá pensando não! — Disse, mas já não havia mais solução.

— Vocês estavam se pegando sim! - disse o ruivinho pequeno.

— Cala a boca Japonês, ah deixa vai, não é da conta de vocês!

— Tá tá chega de pegação, vamos jogar, vocês vem ou não? - disse Jaime passando mal grande de todos.

𝐃𝐈𝐅𝐄𝐑𝐄𝐍Ç𝐀𝐒 | 𝐏𝐚𝐮𝐥𝐢𝐜𝐢𝐚 (Em revisão)Onde histórias criam vida. Descubra agora