1 - Heaven and Hell

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Eram 6 horas da manhã quando a minha mãe saiu abrindo todas as janelas e luzes da casa, diferente de mim era claro no seu rosto que ela havia dormido cedo e estava mais que ansiosa para levar seus três filhos para o seus primeiros dias na escola. Infelizmente eu não poderia dizer que sentia o mesmo, na verdade tudo que eu menos queria era ir para a escola. 

Minha mãe até tentou me acordar mas faltaram esforços da minha parte pra sair da cama. De verdade, eu amo ela e quero muito que fique orgulhosa de mim, mas a escola? Talvez esse seja meu maior ponto fraco. Depois de tentar me acordar do jeito carinhoso, com carinho no cabelo e um bom dia calmo no ouvido ela apenas abriu as cortinas e foi para o lado do quarto de Mike, assim fazendo mesmo e saindo.

É talvez nos dois sejamos os mais preguiçosos da familia... depois de um tempo Mike se levanta ainda de olhos meio fechados e vai em direção das escadas para ir tomar o café da manhã, que pelo cheiro maravilhoso mamãe tinha com toda certeza feito Waffles e Bacon, eu realmente amo a minha mãe...

- Edward, acorda! Você vai nos atrasar para a escola. - Nancy fala um pouco mais alto jogando vários travesseiros em mim

- Só mais dez minutos... - digo me escondendo de baixo dos cobertores

- Eu juro que se você nos atrasar... - ela diz descendo as escadas

Suspiro alto e me sento na cama, finalmente deixando de lado a preguiça. Decido já de primeira fazer minhas higienes e me arrumar porque apesar de odiar aquele lugar, pelo menos estarei apresentável. 

Após tomar um banho quente e escovar os meus dentes decido rapidamente dar uma hidratada em meus cachos, que agora estavam na altura dos ombros, para os deixar bonitos. Não demora muito pra eu sair do banheiro e ir colocar uma roupa. Seleciono uma blusa preta com alguns escritos sobre Black Sabbath, vulgo a minha banda favorita. Pego também uma calça jeans e o meu tênis Converse preto de sempre. Depois de me arrumar finalmente desço com minha mochila.

- Bom dia, filho. - Minha mãe, Karen, diz me direcionando um de seus sorrisos mais sinceros 

- Bom dia, mamãe. Obrigada pelo café da manhã, o cheiro tá ótimo, como sempre. - digo dando um pequeno beijo em sua bochecha e pegando meu Waffle

- A Cinderela finalmente apareceu. Vamos, se não chegaremos atrasados no primeiro dia. - Nancy fala pra mim mas sem antes dar um soquinho no meu braço, coisa que sempre fazia todas as manhãs, era sua forma de me demonstrar carinho - Inclusive... adorei seu cabelo hoje - ela fala como se fosse nada e sai na minha frente

No fundo eu sei que ela me ama, as brigas e zoeiras são só o jeito dela de se mostrar preocupada comigo. Pode parecer idiota mas somos irmãos gêmeos, eu conheço ela mais do que ninguém. Logo, eu apenas sorriu feliz pelo seu comentário, adorava quando ela me elogiava.

Não demora muito para Mike descer correndo colocando seu pequeno sapato todo atrapalhado tentando nos alcançar.

- Calma garotinho, não vamos sair sem você. - eu falo sorrindo bagunçando seu cabelo enquanto ele me abraça

- Já tenho quase onze anos, não sou mais um garotinho! - ele fala com cara de bravo e eu apenas ajudo ele a amarrar seu cadarço, rindo

- Como quiser, garotão. - falo zoando e pegando nossos lanches com a mamãe - Brigada mãe.

Ela apenas sorri e nos acompanha até a escola. Infelizmente, o nosso carro tinha quebrado logo ontem e agora teríamos que ir a pé pra escola no nosso primeiro dia de aula. Não seria um belo começo mas ainda sim acho divertido por poder ter mais tempo para conversar com meus irmão e mãe. Segundo Karen, o pai não pode nos acompanhar hoje porque descansaria mais um pouco até a hora de seu trabalho, o que não nos deixa muito surpresos já que o mesmo quase nunca está presente. Por incrível que pareça nosso tio Wayne sempre foi mais pai do que nosso próprio pai.

Após alguns minutos caminhando e conversando finalmente chegamos na famosa escola de Hawkins. Nossa mãe se despedi dando um beijo rápido na cabeça de cada um e emocionada nos assisti entrar. Acho incrível como mães se emocionam até no primeiro dia de aula, mas acho que é isso que acontece quando você cria praticamente sozinha três crianças. No fim das contas eu sempre acho que ela fez um belo de um trabalho, já que somos melhores que muitos por aí...

Assim que entramos na escola Mike se afasta indo em direção de seus amigos e eu e Nancy vamos em direção de nossa sala de aula. Eu não fazia ideia do que teríamos no primeiro horário ou sequer o dia inteiro, mas também não fazia muita diferença porque a primeira semana é sempre a mais insignificante de todas. Entramos na sala e logo de cara ela encontra algumas de suas amigas enquanto eu apenas vou em direção ao meu lugar de sempre, o velho e famoso fundão.

Assim que chego na minha mesa de sempre apenas me sento, não me importando com o resto a minha volta. Coloco meu fone de ouvido, ligo meu celular, selecionando uma musica qualquer da minha playlist favorita e abaixo minha cabeça na mesa querendo apenas dormir mais um pouco até o sinal tocar, ou se deus (professor) quiser, até o final do ultimo período.

Alguns minutos se passam e assim que Heaven and Hell de Black Sabbath começa a tocar, também o sino da escola toda. Apesar do alto volume de meus fones ainda pode-se ouvir um som abafado de pessoas correndo para seus lugares e arrumando suas classes, além de aos poucos algumas altas conversar se cessando para assim o professor chegar. No meio dessa bagunça tive a sensação de que alguém tivesse sentado do meu lado pelo leve movimento da mesa e cadeira, porém achei que fosse só algo da minha cabeça e continuei ouvindo minha musica. Isso até no meio da mesma alguém tocar em minhas costas e tirar de leve um pouco do meu cabelo do rosto. 

Não demora muito para eu dar de cara com um menino de olhos castanhos, tão profundos e bonitos que por um momento sinto minhas bochechas ficarem levemente coradas pela proximidade e beleza. Rapidamente, arregalo meus olhos e em um susto levanto meu corpo deixando o mesmo reto na cadeira, num ato tão rápido que quase caio. 

Por um momento me xingo mentalmente por ter pensando tão bem de olhos tão normais como os dele e me proíbo de sequer olhar de novo em sua direção.

- Oi, eu me chamo Steve Harrington. - ele fala calmamente com um sorriso gigante em seu rosto e me amaldiçoou novamente por perceber mais detalhadamente como seu rosto e voz eram simplesmente perfeitos

De primeira eu não respondo e apenas fico encarando seu rosto, depois suas mãos que estavam estendidas para um aperto de mão meio sem jeito. O mesmo parece ficar consciente de minha demora porque apenas puxa sua mão de volta colocando na nuca em um sinal de vergonha enquanto suas bochechas ficam levemente rosadas. E olhando pra frente de novo, ele pede desculpas.

"Eu juro que não quis ser grosso!". Eu gritava internamente para mim mesmo, que idiotice eu estava entrando no oitavo ano e ainda não conseguia me comunicar direito. Que babaca!

- Edward Wheeler Munson. Mas pode só me chamar de Eddie. - digo nervoso tentando amenizar a situação estranha que ficou mas apenas pioro

Quem em sã consciência diz o nome todo quando acaba de conhecer alguém? Ele devia só estar sendo educando! Meu deus, eu sou muito idiota mesmo... Okay talvez eu realmente precisasse de algumas ajudas da Nancy pra me socializar, porque algum dia eu sequer recusei isso?! Sinto muito Nancy! 

Penso enquanto meu olhar se direciona para aonde minha irmã gêmea estava sentada, essa que estava na frente do professor e agora direcionava um olhar de duvida em minha direção enquanto eu apenas sorria triste.

Eu não sei ao certo quando ou porque, mas o menino que se nomeia por Steve estava rindo ao meu lado.

- Desculpa, eu achei fofo. - ele fala dando um pequeno sorriso em minha direção - Podemos ser amigos? - ele me pergunta com esse mesmo lindo sorriso

Por um momento me sinto hipnotizado por como seus olhos sorriam junto de seus lábios em um movimento de genuína felicidade. Novamente sinto minhas bochechas esquentarem e olhando para frente dou um leve aceno de sim com a cabeça. O menino do meu lado parecia ficar feliz porque o mesmo finalmente pega seus materiais de dentro da mochila e balança não só sua cabeça mas seus pés em um pequeno movimento de alegria. Movimento que me lembrou de Mike quando recebia doce da mamãe, o que me fez rir.

Talvez não fosse ser um ano tão ruim assim... mas uma coisa era certo, ele era como um algodão doce que lembrava o céu e as coisas mais belas. Já eu era como uma bagunça total, algo talvez meio amargo como o inferno. Éramos e sempre seremos opostos.

Só as estrelas sabem nos dizer - SteddieOnde histórias criam vida. Descubra agora