Dou passos rápidos, quase como se estivesse correndo pelas ruas movimentadas de Seul. As pessoas me encaravam de várias formas, talvez pensando na garota louca descalça que chorava com o rímel todo borrado pelo rosto.
Talvez se perguntassem o porquê de alguém estar nesse estado enquanto todos estavam felizes e as músicas de natal ecoavam por cada loja dessa grande cidade.
Mas eu não ligo. Não me importo de estar descalça ou meu rosto estar todo borrado de maquiagem, não me importo com o frio mesmo que eu estivesse vestindo apenas uma calça jeans e uma blusa de manga curta. Tudo ao meu redor parecia sem graça e eu odiava que os outros estivessem felizes ao mesmo tempo em que eu me encontrava novamente no fundo do poço.
Sim, isso é egoísmo.
Mas se ele pode ser egoísta, então eu também me darei esse direito. Se ele acha que pode novamente me magoar numa briga incessante, então espero que esteja ciente de que a minha pessoa também pode gritar e apontar o dedo para ele.
Porque é assim que é minha relação com Minho.
Ao mesmo tempo em que Minho consegue fazer eu me sentir a garota mais especial e mais amada do mundo, ele também tem o poder de acabar com a magia do dia que eu mais amo.
Agora as pessoas vestidas de gnomos ou o papai noel sentado em sua cadeira majestosa pareciam nem sequer existir, o tilintar dos sinos não me traziam a nostalgia tão boa que costumava sentir ao ouvi-los e o cheiro dos pães açucarados não me atraíam como sempre fizeram.
E tudo por causa do Minho.
Tudo porque ele volta no mesmo assunto diversas vezes, tudo por conta do ciúme estúpido dele.
Como Minho ousa mexer com meus sentimentos? Como ele ousa estragar o melhor dia da minha vida? Passamos três natais juntos, três anos numa relação cheia de carinho e respeito; mas de dois meses pra cá é tudo ciúmes, ciúmes e mais ciúmes.
Ciúmes de uma pessoa que eu mal conheço.
Chego na grande árvore enfeitada no meio do centro e a encaro. Foi aqui que nos conhecemos, e eu soube na mesma hora que Minho era a pessoa certa pra mim; lembro como se fosse ontem, o garoto estava triste encarando essa mesma árvore. Assim como eu nesse exato momento.
Me perco nos meus pensamentos lembrando que naquela época Minho costumava odiar o Natal. Na véspera em que nos conhecemos eu estava com um suéter vermelho com o desenho de uma rena, luvas, cachecol vermelho, gorro da mesma cor e botas de pelinho branco. Havia comprado vários pãezinhos açucarados e estava me enchendo deles enquanto sorria ao ver o pisca pisca na árvore. Até vê-lo do outro lado, ele também a encarava mas tinha uma expressão triste. E não demorou muito para que começasse a derramar lágrimas incessantemente.
De primeira fiquei confusa pensando em como alguém poderia chorar num dia tão perfeito quanto aquele, mas foi fácil de entender que nem todo mundo gosta do natal e que nem todo mundo fica animado nesse dia. Me misturei nas outras pessoas e lentamente me aproximei dele, ficando alguns passos atrás escutando-o fungar.
VOCÊ ESTÁ LENDO
24 to 25 | Coletânea |
FanficColetânea de histórias curtas dos membros do Stray Kids. - Fanfics dedicadas apenas para datas especiais (natal, dia dos namorados, halloween, etc).