[Triste, morte de personagem principal]
A lua está em seu apogeu, sua luz prateada aluminando o que sobrou desse cidade sem nome. Um silêncio desconfortável toma cada canto, não há uma única alma viva para preencher esse vazio, com exceção de uma figura solitária que sai de um prédio cuja fachada se perdeu a tempos. Talvez fosse uma farmácia, mas também poderia ser um mercadinho, não importa muito agora.
Thiago apoia a mochila no ombro e começa a descer a rua em silêncio, os escombros do que um dia foi uma grande cidade atrapalham a visibilidade e obrigam o homem andar em ziguezague, cada passo dado com cuidado redobrado, a última coisa que precisaria agora é pegar tétano ou quebrar o tornozelo. Ele estava feliz, depois de tanto tempo, finalmente havia reunido os materiais para fabricar uma nova versão da cura. Thiago sentia que essa era a certa e ele queria acender seu último cigarro para comemorar, mas era melhor não comemorar muito cedo.
Algo faz barulho e o homem para pensando que foi ele mesmo, mas o som se repete e ele olha em volta vendo uma movimentação suave vinda de um beco. Ele engole em seco reconhecendo o ponto de encontro que marcou com seu amigo, o único outro sobrevivente do grupo. Thiago saca a arma e se aproxima a passos lentos, um cigarro cairia bem agora. O ruído fica mais alto e fácil de identificar, era o som nauseante de mastigação, dentes longos e afiados rasgando carne e tecido seguido pelo som molhado dos pedaços devendo pela garganta da criatura. Thiago rezou para ser um zumbi de sangue, uma bestial qualquer criatura menos aquela. Não podia ser ela. Ela não...
Uma longa calda negra balança, um eido se pelos emaranhados sacudindo na ponta e espalhando gotas de sangue pelo ar.
Não...
A forma esguia e alongada se debruça sobre o cadáver, longos braços terminando em garras afiadas agarravam os ombros enquanto ela comia.
Por favor...
As longa orelhas arredondadas estavam caídas para trás enquanto ela erguia a cabeça e engolia um pedaço maior, uma língua pontuda aprece entre os caninos para saber o sangue do focinho estreito.
Não faz isso...
Ela volta a comer preguiçosamente, o colar em seu pescoço brilhando na luz fraca, Thiago quase caí de joelhos, os braços pendendo ao lado do corpo. Aos seus pés a espada do companheiro jazia abandonada.
Liz não decora nosso garoto!
As lágrimas escorrem pelo rosto do homem e ele abandona a mochila. Não adianta mais fazer uma cura. Ela cruzou a linha que nenhum deles esperava, mesmo que funcione nenhum deles vai conseguir continuar. Ela na viveria sabendo o que fez com o garoto. E ele não viveria sem ela.
Thiago pega algo em seu casaco, uma caixa de madeira, ele se abaixa e joga a mochila para longe antes de se aproximar da criatura que um dia fez votos de amor eterno ao seu lado. Ela ergue a cabeça e seus olhos se encontram, é quase como se ela o reconhecesse. Thiago devolve a caixa para dentro do casaco e pega algo em sua mão abrindo os braços.
— A quanto tempo, minha querida. – ele sussurra com a voz trêmula. – Vai um abraço?
Ela se aproxima a passos lentos, o focinho farejando o ar enquanto estuda o homem, quando percebe que ele não vai resistir ela se lança sobre seu corpo e crava os dentes em seu ombro, os braços rodeando seu corpo em um abraço mortal. Thiago grita de dor, mas retribui o gesto mantendo ela perto de si enquanto aperta o detonador.
Um clarão envolve seus corpos e tudo desaparece. Talvez ele devesse ter fumado um último cigarro..
.
.Para alguém que passar por essa rua esquecida e seu olhar se desviar para o beco em ruínas com mancha vermelhas e negras, talvez você deva olhar em volta. Em algum lugar nesses escombros existe uma mochila, com vários ingredientes e folhas e mais folhas de anotações e experimentos fracassados, talvez algum desses possa curar essa doença ou pelo menos ajudar a entender ela. Mas o mais importante é o caderno no fundo da mochila, ele tem vários relatos de uma família que enfrentou o apocalipse e perdeu a mãe para esse mal, dentro dele tem um cigarro e uma aliança, e as últimas folhas estão cheias de anotações intituladas "Para quando a Liz voltar ao normal". Talvez você nunca saiba o que aconteceu de verdade, talvez nem os leitores saibam. Talvez nem o Thiago saiba de verdade o que aconteceu, afinal, o Joui sequer viveu para ver o que a Liz se tornou.
A realidade é tão subjetiva... e a mente humana tão frágil. No fim, não importa. Quem conta a história decide sua verdade. E a minha verdade é que todos estão mortos.Fim
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Entrelaçados | Lizago Week [08/01 à 15/01]
फैनफिक्शनCompilado de histórias do casal Elizabeth Webber e Thiago Fritz do rpg Ordem Paranormal. Elas não seguem ordem cronológica e nem o cannon, podem acontecer em tempos e universos diferentes. Se necessário, eu colocarei avisos no início do ca...