*NARRATIVA SUPERFICIAL DE UMA RELAÇÃO ABUSIVA.
Oi... Eu sou Jung Hoseok, se a autora souber que vim falar com vocês sem ser do jeito dela, acho que ela surta.
Eu nem sempre fui esse Hoseok tímido, medroso e quieto. Um dia eu já fui debochado, piadista e sem medidas para as palavras, mas às vezes nos acontecem coisas que nos fazem mudar na marra e comigo não foi diferente.
Por ser muito falante, não me desfazer de ninguém, já fui confundido com um ômega fácil. Quando as gracinhas começavam meu lobo se impunha e alguns entendiam que o fato de eu falar com todos, sorrir e brincar significava que eu queria algo mais. Até o dia que ele apareceu e me defendeu de um velho abusado e assediador. O velho dizia que eu era uma delícia e que um dia iria me foder até eu gritar com seu nó dentro de mim.
O rapaz que me defendeu era um jovem forte, bonito... Ryan, era o seu nome. Daquele dia em diante ele sempre estava por perto na lanchonete que eu trabalhava. Ryan aos poucos foi me conquistando com seus sorrisos, mas o olhar dourado dos seus olhos, faziam meu lobo estremecer. Eu fiquei tão cego de amor por ele que não dei ouvido ao meu lobo que já pressentia algo errado com Ryan, em seu olhar.
Nós dois passamos a nos encontrar com certa frequência e então o meu primeiro beijo aconteceu. Um tanto desajeitado por falta de experiência, mas Ryan me ensinou a beijar da forma que ele gostava e eu aprendi. Nossos encontros eram regados a beijos e carinhos, mas meu ômega o repudiava de todas as formas, porém eu já estava apaixonado por Ryan e fomos morar juntos.
Ryan e eu éramos o casal perfeito, como nossos amigos diziam, nós não brigávamos. Nunca se quer discutimos por algo, mas com o tempo as coisas mudaram. Ryan foi se mostrando ser uma pessoa bem diferente da que eu conheci e me apaixonei.
Começou com as roupas que ele dizia serem chamativas, depois foram os meus amigos, amizades não poderia ter, pois em seu ponto de vista um ômega comprometido não deveria ter amigos. Deveria apenas cuidar da cassa, do companheiro e dos filhos quando os tivesse.
Chegou um tempo em que não podia nem sair de casa sozinho. Não sei em que momento me deixei levar por suas palavras e saí do emprego, fiquei totalmente em suas mãos, meu lobo não falava mais comigo, eu estava só, mas eu amava o meu carrasco.
A primeira agressão física veio depois de ele passar um final de semana fora e quando chegou tinha cheiro de outros ômegas em seu corpo. Perguntei o que tinha acontecido e ele simplesmente respondeu "estava fodendo outros ômegas, já que nem isso você sabe fazer direito."
Naquele momento eu quis terminar com ele e ir embora, mas ele usou sua voz de alfa comigo e de repente meu rosto ardia pelo tapa recebido. Foi o primeiro tapa e pela força do alfa acabei caindo no chão e ali ficando calado com a mão no rosto.
"Você é minha vagabunda, tem que me servir. Vai para onde se sair daqui? Você não tem mais ninguém. Sou o único que faz a caridade de ficar com você". As palavras vinham como flash em minha memória. Era sempre assim, elas surgiam e eu revivia toda a dor daquela época.
Naquela noite acabei dormindo no sofá, com meu corpo todo doendo. As agressões não ficaram só no tapa, eu levei chutes e socos e pela dor que eu sentia dentro do meu peito, no meu abdômen...eu havia perdido meu bebê e Ryan nem ficou sabendo que seria pai. A dor que sentia era imensa, não sei em que momento dormi, mas acordei com Ryan me fazendo um carinho em meu rosto como se nada tivesse acontecido na noite anterior. Era sempre a mesma coisa.
"Meu amor me desculpa. Foi meu lobo que estava furioso e acabou descontando em você. Eu quero cuidar de você meu bem por que você é o ômega da minha vida, me perdoa. Não sei o que seria da minha vida sem ter você nela" e eu me iludia com suas palavras e aí foi meu erro.
Eu perdoei, mas sempre havia as palavras ríspidas, um aperto mais forte no braço. Às vezes eu dizia que não estava com vontade, mas mesmo falando não, ele insistia dizendo que eu era seu namorado e precisava satisfazê-lo ou ele procuraria na rua.
Eu me anulei, me calei e aceitei meu destino até o dia que vi a oportunidade surgir. Ryan precisou viajar para os Estados Unidos, iria resolver uma questão de herança, foi quando eu aproveitei a oportunidade para fugir. Peguei uma mochila, um pouco de roupa e o dinheiro guardado que eu tinha escondido dele.
Sempre que Ryan chegava bêbado e dormia eu mexia em sua carteira e pegava algum dinheiro para mim, isso me assegurava uma condição para fugir e ter um lugar barato para ficar um tempo.
Então fui para Seoul e morei num quartinho que cabia apenas eu e estava ótimo. Quando consegui meu primeiro emprego de lavador de pratos eu senti que algo em mim havia mudado. Meu lobo voltou a falar comigo e eu não queria me envolver com mais ninguém. Meus cios eu passava dopado. Não confiava em nenhum alfa perto de mim.
Depois do meu segundo emprego eu fui parar em uma entrevista para vagas em loja de cinema, o salário era bem melhor e teria as gorjetas. Não tinha um currículo bom, mas tinha duas cartas de recomendações muito boas dos meus empregos anteriores.
Acabei sendo selecionado para fazer um teste, o entrevistador, um alfa, foi muito bom e generoso com todos nós. Nesse dia eu conheci Min Yoongi, um alfa respeitador que fazia meu lobo rodopiar dentro de mim novamente. Sentir o gosto do seu beijo aquela noite ascendeu meu lobo. Foi bom estar do seu lado, mas as malditas palavras de Ryan me fizeram acordar do meu sonho e mandar o alfa ir embora. Acho que nunca vou superar esse trauma na minha vida. Tenho paranoias, sinto que sempre estou sendo observado e seguido. Os pesadelos me acordam no meio da noite, mas quando o sol nasce um novo dia se inicia e eu agradeço por meu trabalho ser tranquilo e bom.
Isso é parte do meu passado, preciso superá-lo. Senti algo diferente pelo alfa Yoongi e meu lobo gostou dele também. Quem sabe um dia eu supere o passado e se Min Yoongi estiver disponível, talvez, só talvez eu tenha uma chance de ser feliz.
*** MOMENTO COM A AUTORA***
NÃO SE CALE, PEÇA AJUDA SE VOCÊ SOFRE VIOLÊNCIA DOMÉSTICA, ABUSO E OUTROS INCIDENTES DO MESMO NÍVEL.
Além do número de telefone 180, é possível realizar denúncias de violência contra a mulher pelo aplicativo e na página da (ONDH) do Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos (MMFDH), responsável pelo serviço. No site está disponível o atendimento por chat e com acessibilidade para a Língua Brasileira de Sinais (Libras).
Também é possível receber atendimento pelo . Basta acessar o aplicativo, digitar na busca "DireitosHumanosBrasil" e mandar mensagem para a equipe da Central de Atendimento à Mulher – Ligue 180.
Retirado do site Gov.br
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MY ALFA
Fanfiction"...Hoseok, veio de Gwang-Ju para Seoul a pouco mais de um ano e meio. Ouvi dizer pelos bastidores das lanchonetes através dos funcionários fofoqueiros, que ele veio em busca de algo novo, pois havia sofrido muito em um relacionamento abusivo com se...