O peso do passado

3 2 0
                                    


Lorien acordou atordoada, seu braço estava preso pela poltrona, não conseguia tira-la de cima, era muito pesada e a cada tentativa mais fraca ela ficava. Olhou ao seu redor procurando Henry, talvez ele pudesse ajudá-la, mas não conseguia ver onde ele estava.

Ouvindo vozes e passos se aproximando, começou a gritar com o pouco de força que lhe restara.

– Socorro, eu estou aqui!

Ela gritou incessantemente, até a ajuda chegar.

Duas mulheres ouvindo os pedidos de ajuda de Lorien, correram entres os destroços, procurando quem pedia ajuda, no caminho conforme viam vitimas alertavam aos outros onde tinham feridos.

Quando finalmente chegaram no local que Lorien se encontrava, disseram.

– Acalme-se nós vamos te ajudar

Lorien acenou com os olhos e desmaiou.

As duas mulheres se prontificaram a levantar a poltrona, que esmagava o braço de Lorien, buscaram um pedaço de madeira, grosso e forte o suficiente para resistir ao peso, cavaram em baixo dele um buraco, grande o suficiente para encaixar a ponta da madeira em baixo, uma das mulheres apoiou seu peso sobre a extremidade mais alta, levantando um pouco a poltrona, mas o suficiente para que a outra tirasse o braço.

Levaram-na para onde estava cuidando dos feridos e voltaram para socorrer outros.

Lorien acordou na noite do outro dia, estava deitada em uma cama de um quarto, com uma máscara de couro em seu rosto, que estava ligada por um tubo a uma máquina de engrenagens que bombeava ar para ela.

Tirou a máscara, olhou para os lados e viu uma sineta em cima de uma mesa a sua esquerda. Ao tentar esticar seu braço para pega-la notou que estava sem ele. Tivera sido amputado, ela fechou os olhos e os tapou com sua mão direita, tentava segurar as lágrimas, porém a dor do sofrimento era enorme, não resistiu e começou a chorar e gritar, suas lagrimas banhavam seu rosto e seus gritos ecoavam pelos corredores do pequeno hospital.

Todos que ouviam os gritos, estremeciam de medo e seus corações se entristeciam. Os gritos de desespero chegaram até o quarto em que estava uma enfermeira, que saiu correndo procurando de onde vinha os gritos de desespero.

Ao achar o quarto abriu a porta de forma brusca, e viu Lorien se debatendo na cama, correu em direção pulou em cima dela tentando segurar a garota, que continuava a gritar e a chorar, seu rosto já não tinha mais o brilho característico, estava vermelho e todo lambuzado de lagrimas, a enfermeira com toda sua força conseguiu segura-la até que as lágrimas parassem de cair e ela se cansasse, e lentamente adormecesse.

A enfermeira desceu de cima de Lorien, sentou se em uma cadeira ao lado da cama e dormiu ali mesmo.

Ao amanhecer do outro dia Lorien estava mais calma, porém seu rosto ainda não tinha voltado ao seu brilho normal, ela se sentou e acordou a enfermeira que lhe explicou o que tinha acontecido com o seu braço.

A enfermeira vendo a infelicidade da menina, não sabia o que falar, lembrou que nunca tivera sido boa em consolar as pessoas. Se levantou, informou que os pertences dela estavam no armário e saiu, deixando a porta aberta.

Um velho que passava do lado de fora do quarto, viu a desolação que a menina expressava, se aproximou da entrada, deu duas batidinhas na madeira da porta – que chamou a atenção de Lorien – e entrou no quarto dizendo:

– O que você tem minha jovem?

Ele parou em frente a cama, com um olhar gentil.

– Ora você não vê? Disse Lorien em um tom rude

O velho ignorou o tom de voz e continuou

– Não vejo o que? Que está sem um braço, isso não é nada, muitas pessoas vivem bem somente com um braço.

– Mas não eu, como poderei lutar agora, o meu dever mais importante é guerrear, e eu perdi o braço do meu escudo. Merda! – Disse Lorien virando a cara.

Tenha paciência menina, nem tudo está perdido, eu soube que um inventor em Prefacia desenvolveu uma prótese para casos assim, você pode ir até lá e ver se acha ele.

Lorien não acreditou muito no homem, mas pensou – se isto realmente for verdade, meu avô deve conhecer esse cara.

O velho vendo que ela não queria muito conversar, decidiu sair do quarto. Quando saia do quarto ouviu, em baixo tom:

– Desculpe ter sido ignorante, e obrigado pela dica.

Sem se virar disse: – De nada minha jovem – e continuou a andar.

Depois de um tempo pensando, Lorien se levantou, fechou a porta, pegou suas roupas que estavam no armário, tirou as roupas de trapos que vestia, e se trocou, ainda se acostumando a falta do seu braço esquerdo. Saiu do quarto e deu de cara com o médico que estava indo falar com ela.

– Aonde você vai? Eu não te liberei ainda.

– Eu tenho que ir para Prefacia, estava em missão e tenho que retornar.

O médico olhou para ela e notou o símbolo dos Guarreis bordado na manga direita do casaco, assustado disse:

– Desculpe me, eu não sabia que você era uma guardiã.

– Sou, então me de passagem!

– Desculpe, mas não posso te liberar sem antes ver como está a cicatrização, por favor, entre e sente-se na cama.

Ela voltou, de cara fechada, tirou seu casaco e sentou na cama. O médico puxou uma cadeira, sentou, gentilmente pegou no braço amputado, e enquanto o examinava perguntou:

– Então, como que uma jovem como você, já é uma guardiã?

– Eu treino desde pequena, meus pais também era guardiões eles me treinaram, mas morreram na guerra dos mil anos, foi graças a divisão deles que a guerra acabou.

– Meus pêsames, eles devem ter sido verdadeiros heróis

– Sim, eram, salvaram o cosmo, e eu fiquei órfã, desde então fui criada pelos guardiões remanescentes, até os meus 15 anos quando meu avô retornou de suas pesquisas em Muspel, dois anos depois recebi uma carta que me convocava para ser uma guardiã. Eu só aprendi a lutar só sei fazer isso, mas agora tudo foi para o lixo.

– Calma nem tudo está acabado, você é jovem ainda pode aprender outras coisas.

– Talvez – Disse Lorien em baixo tom e sem nenhuma empolgação.

– Pronto, terminei, parece que a cicatrização está indo bem – Puxou um pequeno frasco do bolso ­e continuou – Tome essas pílulas por 3 dias, uma de manhã e outra à noite que a dor passará e a ferida fechará mais rápido.

Ele entregou o remédio, se levantou, desejou boa sorte e saiu olhando sua lista de pacientes, antes que ele entrasse no corredor Lorien perguntou:

– Por acaso você sabe se entre os pacientes do acidente tem um menino, humano, não muito alto, pele escura, cabelos cacheados, o nome dele é Henrique.

O médico procurou sua lista de nomes, mas não viu o nome do garoto escrito nela.

Lorien presumindo o pior, foi consumida por um enorme sentimento defracasso, respirou fundo, vestiu seu casaco, e foi para o pequeno porto aéreoda vila.

A coroa de BreninOnde histórias criam vida. Descubra agora