Quando Lorien saia da botica, a chuva tomava conta da pequena vila, poucas pessoas corriam pela forte chuva para chegar em algum abrigo, a jovem meia elfa não queria voltar para dentro da botica, puxou o capuz de seu casaco sobre a cabeça e se pôs a andar na chuva indo para o local do acidente.
A chuva caia sobre a terra remexida, pelo arrastar dos vagões, que já haviam sido tirados do caminho dos trilhos e ecoavam o bater de cada gota da chuva no metal, ao lado dos destroços a água escorria por entre várias pedras retangulares com inscrições, que estavam presas na terra formando triângulos que apontavam para o céu, o sentimento fúnebre toma conta da meia elfa que sem forças cai de joelhos na lama desolada, e com o sentimento de eterna falha em seu peito.
Depois de alguns minutos a chuva diminui e dar lugar a uma leve garoa, um pequeno badalar de sinos traz Lorien de volta a si, que vagarosamente levanta e um pouco cabisbaixa começa a ir em direção a divisa da vila com uma pequena floresta onde alguns barcos estavam.
Ao chegar no porto, as gotas que caiam eram quase imperceptíveis, as ruas estavam tomadas pela lama e uma suave neblina passava por entre os barcos e ocupava o lugar das pessoas na rua, Lorien olhou a sua volta procurando alguém para pedir informações sobre os capitães dos barcos, achou somente uma placa, que apontava para um beco cheio de canos pelas paredes e tomado pela neblina, e dizia "siga para a Taverna do Cotre Fieldw"
Entrando no beco, a queda da garoa e a neblina são trespassados por uma suave cantoria que ecoa pelo beco e reverbera nos canos de ferro que vibram juntos, tomando coragem Lorien adentra de vagar até ser tomada por completo pela espessa nuvem e pelo medo que passa a dominar seu coração, a cada passo que dava a cantoria ficava mais alta, quanto ela apertava os olhos para ver um pouco mais longe, pouco a pouco batuques e palmas acrescentam-se e completam a cantoria, enquanto Lorien leva a mão para dentro do casaco se preparando para puxar a faca, agora nota-se que tudo o que se ouve e guiado pelo soprar suave de uma flauta e o arrastar das cordas de um violino, chegando em frente a uma porta de madeira velha, que ao lado estava escrito "Taverna do Cotre Fieldw", a cantoria e o bater de palmas vagaroso se intensifica e para subitamente, o silêncio retorna.
Lorien empunha sua adaga e apoia a adaga na porta e a abre vagarosamente, ao mesmo tempo que a música retorna, porém em um ritmo diferente, o clima aterrador, some e dá lugar a um local alegre e quente, lá dentro, humanos, meio orcs, halflings e alguns anões cantavam, bebiam e jogavam, enquanto três jovens faunos tocavam ao lado da lareira as mais animadas baladas que sabiam, disfarçadamente ela guarda a adaga, tira o capuz, fecha a porta e pendura seu casaco ensopado de água no mancebo ao lado da entrada.
A meia elfa anda até o balcão de atendimento, onde um pequeno velho, de cabelos grisalhos enchia canecas de cerveja sem parar e antes que ela fale-se algo o velho pergunta:
- O que posso te servir minha jovem? - indaga sem parar de encher as canecas
- Eu quero saber onde encontro uma embarcação que parte para Prefacia?
- Para Prefacia? Eu acho que aqueles cinco vão partir amanhã para lá – ainda enchendo as canecas, o velho sinaliza com a cabeça para a mesa de um anão, aparentemente muito forte, que estava acompanhado por dois homens altos, que cantavam quase que em uma só voz, todas as músicas que os faunos iniciavam, e sentada no meio dos três uma mulher com uma jaqueta de couro avermelhada desbotada pelo sol, analisava alguns papéis enquanto bebia canecas de cerveja, o grupo agia como se fosse familiar ao ambiente, se juntavam a festa da taverna com toda a felicidade que tinham.
- Mas você vai querer comer ou beber algo? Você me parece faminta – Disse o velho agora pegando canecas de baixo do balcão.
E uma breve pausa na mente de Lorien se fez, ela não comia desde antes do acidente e nem se quer sabia quantos dias ela passou desmaiada, e só agora, nessa breve pausa, que ela sentiu o vazio do seu estômago revirar de fome.Respirando fundo e se apoiando para não cair ela diz com calma —Eu vou querer um ensopado de carne com um pouco de hidromel e obrigada pelas informações – ela puxa suas ultimas forças e sai em direção ao pequeno grupo.
Desviando como podia das pessoas que cantavam e dançavam, a multidão cercava Lorien, que respirava fundo, enquanto sua visão se distorcia e ficava escura a cada passo que dava, um estrondo ecoa pela taverna, a música alegre para e todos ao redor olham para o corpo de Lorien caído no chão.
Quando Lorien recobra a consciência, um teto de madeira apresenta o pequeno cômodo todo em madeira, com algumas estantes, cheias de artefatos mecânicos e bugigangas das mais diversas, e no centro a cama em que está deitada, uma cama de lã avermelhada e muito confortável.Enquanto observava o local, e tentava entender onde estava, um ranger de porta chama a atenção da jovem que rapidamente procura ao seu redor seu casaco onde deixou a faca, sem achá-lo se levanta rapidamente, e pega a primeira coisa que vê na estante e se põe em posição de luta.
Entrando pela porta um homem alto, não muito magro de cabelo castanho curto e olhos puxados, trajado em roupas simples entra de vagar empurrando a porta com os ombros trazendo em suas mãos uma tigela mediana e uma caneca. Vendo a menina de pé escorada no canto, segurando um objeto grande e cilíndrico como se fosse uma espada.
- Quem é você e onde eu estou? - gritou Lorien com imponência
- Calma minha jovem você está segura, ninguém aqui vai te fazer mal – falou calmamente andou de vagar até o criado-mudo colocou a vasilha e a caneca em cima e continuou — Eu sou Jong você está no barco da capitã Mirian, você desmaiou na taverna caiu no pé da nossa mesa e o Gerd te levantou, o velho Fieldw, nos contou que você queria ir para Prefacia então te trouxemos até o nosso barco, e a capitã pediu para te colocar no quarto dela por enquanto, venha sente-se não queremos que você caia de novo, vou te deixar sozinha e informar a capitã que você acordou. - ele saiu calmamente e encostou a porta
Lorien chegou perto do criado-mudo e viu que na vasilha tinha o ensopado de carne que havia pedido junto do hidromel, sua barriga ronca e ela sem pensar muito se senta e começa a comer.Alguns minutos depois a porta range de novo e quem entra é uma mulher ruiva de cabelos cacheados, trajada em um sobretudo rubro, ela puxa um banquinho que estava de baixo da cama e senta em frente a jovem.
- Que bom que você já acordou, está melhor? - Lorien acena um sim com a cabeça – Que bom, eu sou a capitã Mirian e você quem é?Ainda um pouco acuada e terminando de comer, Lorien responde -Eu sou Lorien
- Prazer em te conhecer Lorien e bem-vinda ao Serpente Rubra
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A coroa de Brenin
FantasiUm mundo fantástico, habitado por diversas raças, onde não só a magia e a ciência se mesclam e se comunicam entre si, como diversos mundos se conectam e se unem em um grande universo. E assim um encontro guiado por forças maiores leva um menino a c...