Uma História do Passado

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- Fechem as janelas, rápido, o vento está empurrando a chuva para dentro! – Exclamou o Sr. Rams.

- Que chuva forte Rams, a meses que não ouvia trovoadas como essas...

- Certamente meu rei, já estamos entrando nos meses de passagens das Mobulas Volant, e com elas vem as tempestades. – Respondeu-me cordialmente o Sr. Rams.

- Ou será que as tempestades que vem com elas?

- Claro, meu rei.

Nesse momento uma empregada, que descia as escadas, com muita reverencia se dirigiu à nós e falou.

- Meu rei, Sr.Rams...todas as janelas já foram fechadas.

- E meus filhos onde estão?

- Alteza, Maya está levando-os para o quarto.

- Obrigado, Sr. Rams certifique-se que todas as portas foram trancadas, tenham uma boa noite.

Juntos falaram – Boa noite, vossa alteza. – Curvaram-se e seguiram em direção diferentes.

Enquanto eu subia as escadas em silêncio, pensava – Como, que tudo isso se tornou meu, eu que não tinha nada além da amizade do Ramsday, uma virada do destino de fato. O que será que o grande Mórach me guarda para o futuro?

Entrei no corredor principal com suas paredes de pedras cobertas por grandes tapeçarias, que iluminadas pela incandescência das lâmpadas nas paredes, tornavam os reis aqui estampados mais majestosos e os tornam em figuras mais gloriosas, gravados realizando seus grandes feitos marcados na história, serei eu tão grandioso e digno de ser tecido com os mais finos fios e pendurado ao lado de Mildren, que com seu machado derrotou 130 homens sozinha, sem que nenhum fio de seu cabelo fosse tocado, sendo sucedida por Véuhr que dominou os céus, pois com seu grito o céu trovejava de fúria e todo o exército inimigo se abalava, o que terei que fazer para alcançar a glória de meu pai, que conseguiu comandar homens as mais difíceis batalhas e ainda sair vitorioso, qual momento meu será estampado ao lado dos antigos reis?

Por um breve momento a tristeza tomou conta do meu ser e em silencio caminhei ao lado dos olhares imponentes dos reis do passado, apenas os meus passos ecoavam pelas paredes, conforme avançava pelos ladrilhos o silencio lentamente era quebrado por iniciais sussurros, que aumentavam gradualmente até se tornarem risadas e gritarias de crianças, vindos da biblioteca. Me aproximei da porta com ardilosa sutileza, e abri uma pequena brecha, o suficiente para ver o que estava acontecendo sem ser notado.

Ali dentro a confusão era enorme Maya corria atrás de Alexia, que estava montada em um dos autômatos bibliotecários, Sigfrid e Leonardo rolavam pelo chão trocando socos, pontapés e enforcamentos, tendo como plateia Luna, que observava cada golpe atentamente, enquanto Alex, que estava fora da vista, surgia por cima das estantes curvilíneas da biblioteca, calçado com a bota mecânica, que provavelmente havia escondido ali mais cedo.

Meu coração se enche de felicidade, a ansiedade e abalo somem, dando espaço para um sorriso surgir no rosto, sorriso que logo escondi, me preparei para abrir a porta logo após que Alexia passasse para surpreender Maya, assim que o autômato agitado passou carregando a minha engenhosa filha, entrei e interrompi a perseguição, a babá arregalou os olhos e instantaneamente parou, passou as mãos em seu vestido amarelo com flores vermelhas, na tentativa de arrumá-lo e ainda ofegante disse:

—Meu rei, eu não sei mais o que faço, eles estão incontroláveis.

Olhei nos olhos castanhos escuros e cansados de Maya e serenamente lhe disse — Calma, eu cuido deles agora – Maya se pôs de pé ao lado da porta, ainda arrumando seu vestido longo, meus filhos ainda imersos em suas brincadeiras não perceberam a minha presença, sorrateiramente cheguei perto de Sigfrid e Leonardo e os agarrei, pus um em cada braço e me sentei ao lado de Luna que prontamente me abraçou com toda força que seus pequenos braços tinham, passei a mão na cabeça da minha caçula e perguntei — Então Luna, quem estava vencendo a luta? — Ela levanta os ombros em sinal de quem não entende os que estava acontecendo e antes que eu falasse algo, Sigfrid tirando seus cachos loiros do rosto, exclama:

— Claramente era eu pai, eu estava vencendo.

— Isso apenas por que eu estava deixando – exclamou Leonardo fechando o rosto.

— Pai! – Gritou Alexia, pulando do autômato desgovernado em cima de mim.

­— Alexia minha filha, sempre mexendo com os autômatos, já te disse que eles têm que trabalhar e você criar os seus próprios e onde está Alex? Eu o vi pular e depois sumiu.

— Deve estar escondendo as botas que pegou da sala de equipamentos.

— Alex, venha cá – Gritei.

Logo não demorou para surgir vindo de uma estante com um livro na mão fingindo que o estava lendo.

— Oi, pai tudo bem? Estava lendo esse livro de antigos reis e não notei o senhor chegar.

— Certamente você, Alex, estava tão comportado quanto sua irmã Luna e não estava brincando com nenhuma engenhoca como de costume, tenho certeza — ri por um breve momento e continuei — sentem-se os dois.

Maya que observava na porta, logo se prontificou e pegou algumas almofadas que ficam pela biblioteca, trazendo as até nós e colocando no chão, Alex e Alexia logo se sentaram e se acomodaram, coloquei Leonardo em uma almofada e Sigfrid logo saiu da perna e se jogou em outras do lado oposto, Luna ainda agarrada a mim pediu.

— Conte uma história pai, por favor.

— É claro, como poderia negar a história de cadanoite de vocês, estão todos confortáveis? Maya sente-se, essa nem você ouviu —Maya se sentou em uma das almofadas e continuei ­— essa história não estáescrita em nenhum livro, até o momento, e ela começa em outro mundo. 

A coroa de BreninOnde histórias criam vida. Descubra agora