O Sonho de Freddy.

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Deixando toda a bagunça e euforia para trás, Leslie, a garota de cabelos ruivos, caminha até a garagem com seu cigarro entre os lábios. Ela para em um dos corredores, olhando para uma parede recentemente pichada com os nomes de todos os alunos que morreram. Um arrepio percorre seu corpo após engolir seco e se força a voltar para seu caminho. Chegando no lugar, aperta o interruptor, ligando a luz fraca e mostrando alguns dos barris de gelo no canto da parede. Gus, um dos meninos, tinha dito que era melhor deixar tudo no canto, pois assim "o ar gelado permaneceria em um lugar só, e demoraria mais para derreter". Leslie dá risada ao lembrar da frase, e quando está prestes a andar para frente, nota que o chão parece mais distante que o normal. Se sentindo mais alta que o normal e sem muita noção de espaço. Estranhando ela dá um passo, quase caindo, por achar que o pé estava mais longe da superfície do que realmente estava.

- Puta merda, bateu... - Diz para si mesma com um sorriso no rosto.

Com um pouco mais de dificuldade, ela anda em passos mais lentos até o canto da parede, se apoiando em um barril e abrindo-o. Mas o engradado de cerveja não está lá, então segue até o próximo ao lado. Não encontrando-o continua seguindo para os lados. No terceiro barril, é possível ver o engradado abaixo dos gelos, mergulhando na água que acabara de derreter. Ela enfia a mão e estica o braço para alcançar o objeto, conseguindo pegá-lo na ponta dos dedos pela embalagem de plástico.  Ao puxar para fora, um pouco de água entorna no chão, criando uma pequena e rasa poça. No fundo da garagem, onde os carros dos professores normalmente ficam, três luzes começam a piscar, atraindo a atenção da ruiva. Olhando naquela direção, ela vê uma sombra muito conhecida, se escondendo na escuridão e olhando em sua direção. O cigarro cai de sua boca, se apagando no chão molhado.  A luz finalmente se apaga naquela parte, o ser some, e agora só é possível ver o metal das laminas refletindo a luz das lâmpadas que sobraram. 

- Não, você não pode estar dormindo... É só essa merda da maconha, nada além disso. - A garota diz para si mesma, mas antes de se virar para sair, ela ouve um passo.

Virando-se novamente para o lugar que a figura estava, prestando atenção no fraco brilho refletido, ela ouve mais um passo sendo dado. O som abafado da música lá fora desaparece, um silêncio ocupa toda aquela garagem. Outro passo é ouvido, aquele brilho se move para frente. Fumaça sai de suas narinas enquanto sua respiração acelera. Um arrepio sobe a coluna de Leslie, que está hipnotizada. Dois passos ecoam, o brilho se aproxima e fica mais forte. As lâminas se levantam e se movem como dedos, refletindo a luz no rosto da garota, bem na altura de seus olhos. As lâmpadas piscam bem rapidamente, revelando as cores vermelha e verde se aproximando. O coração da mais jovem acelera, com as batidas ficando mais altas na sua cabeça do que o som dentro da escola. Três passos á frente depois, a luz já permite que a metade de baixo do corpo do assassino seja exposta, ele propositalmente abaixa um dos braços, revelando a luva metálica usada para torturas. Mas agora outros passos são ouvidos, esses vindos de fora, descendo as escadas atrás da porta.

A porta se abre, assustando Leslie, que derruba as garrafas no chão, quebrando-as e espalhando cerveja sobre a superfície. - Leslie? Tu tá bem?

A garota volta a olhar para o que havia lhe hipnotizado, mas tudo que o garoto na porta vê é escuridão. Em grande velocidade, metade da cabeça de Leslie é rasgada. Seu rosto escorrega aos poucos até cair no chão.  Seu cérebro vaza pelos buracos da carne que preenchia sua cabeça. O garoto grita de medo, já pode imaginar o que ocasionou a terrível morte que acabara de testemunhar, mas antes que pudesse correr de volta para as escadas, a porta bate, se fechando sozinha. Ele agarra a maçaneta e a puxa com força, sem sucesso em abri-la. Ele bate, dando vários socos e grita pedindo socorro, mas é impossível que alguém o ouça lá em baixo. Atrás dele, Freddy se aproxima e levanta seu braço com a palma da mão aberta, a sombra da luva se projeta na porta, acima do jovem. Ele se vira desesperado, mas ainda não vê quem o persegue, e com sua pele sendo perfurada, perde a consciência.

O Último Pesadelo (Concluída).Onde histórias criam vida. Descubra agora