O Poder de Freddy Krueger.

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As flechas iluminadas são lançadas em Freddy Krueger, perfurando e atravessando seu peito, derrubando-o no asfalto sujo com o impulso. Sangue negro é derramado no chão cinzento e Freddy, sem expressar sinais de dor, gargalha bem alto como resposta para as investidas. Com um estalo de dedos, as seis sombras desaparecem, sobrando somente seus arcos, que caem do telhado das casas até o gramado da calçada. Anya Taylor Joy arregala os olhos, por não esperar tamanha inutilidade daquelas flechas. Krueger se levanta lentamente e com as próprias mãos, retira as flechas atravessadas em seu peito, sem nenhuma dificuldade. Jogando-as uma por uma no chão.

- Blu, eles estão livres! Tem que ser agora! - A loira grita para sua amiga, que está sentada no chão da calçada mais próxima, focando na própria força.

- Tá bom. - Blu Hunt responde. Iniciando um esforço que nunca tinha sido necessário, ela executa o plano de Anya.

Mas em um salto rápido, Krueger consegue penetrar três de suas garras no peito da garota de cabelos loiros, perfurando seu coração com as lâminas geladas. A mesma arregala os olhos, lançado um olhar perdido e desacreditado sobre as lâminas inseridas em seu corpo. Uma enorme dor se inicia no peito, descendo aos poucos até sua barriga. O demônio de pele queimada sorri assistindo o sangue quente escorrer por sua luva e molhar suas mãos, relembrando de quando estava vivo. Em uma última tentativa, ela segura a cabeça de Freddy com as mãos, queimando-o com a ponta de seus dedos. A dor das chamas ainda é bem real para ele, a última que sentiu antes de morrer. Anya se esforçou para que a sensação fosse bem vivida. Então o mesmo se joga para trás, caindo de costas, mas ainda rindo. Para ele, a situação é uma bela tragédia, do tipo que diverte como nenhuma outra coisa poderia.

Blu abre os olhos, finalmente encerrando todo aquele esforço, mas logo vendo sua amiga caída no chão, com a blusa ensanguentada. - ANY!! - Ela grita antes de correr até o corpo de sua amiga. Segura a mesma em seus braços, tentando fazer pressão no corte com as mãos.

- Eu disse... Toda a cidade está nas minhas mãos. Você acha que pode me parar? - O assassino pergunta de forma retórica, reafirmando a superioridade de seu poder.

Mas algo o derruba. Olhando em volta, ele se depara com a freira sem metade do corpo que tinha sido encontrada no labirinto. Ainda confuso, dois braços pálidos e extremamente longos o abraçam, vindo de suas costas, é o ser sem face, prendendo-o em um abraço.  Um monstro grande e forte salta sobre uma das casas, caindo em frente ao demônio, eles se encaram como se olhassem para um espelho. O monstro é uma versão de Freddy Krueger, grande e forte, que não possui cores nem mesmo em suas roupas. O ser repete a frase "Super Freddy !" sem parar e de forma lenta, quase como um Frankenstein. Uma mulher sai das sombras, com um moicano empinado e pele acinzentada, usando uma roupa de couro preta e com vários buracos nos braços. Seus olhos são negros e fundos, um líquido escuro escorre dos buracos oculares, como lágrimas. Não demora muito para várias outras criaturas bizarras e assustadoras surgirem, se aglomerando em volta do homem que os criou. Diversas garotinhas pálidas com vestidos antigos azuis formam uma corrente em volta, dando as mãos. Todas as criaturas agem como bichos-papões, não aparentam ter vida. São um corpo oco criado com o intuito de assustar.  Uma sessão de tortura se inicia, as obras entram em conflito com seu criador.

Dentro do colégio de Springwood, entre o calor e a fumaça negra que impede a respiração, Hailee Steinfeld se encontra frente a frente com Freddy Krueger, ou uma de suas muitas versões. Freddy admira o esforço da garota, se divertiu como nunca quando percebeu o medo e o desespero exalando dela ao notar que a própria irmã estava em perigo. Mas agora pretende tornar essa diversão mais sádica.

- Você não é real, eu estou acordada. - Hailee diz em voz alta, mas obviamente falando consigo mesma. Sua visão está turva, para ela não há diferença entre a figura de Krueger e a fumaça negra que sai de trás do mesmo, parecem um só.

- Esquece, garota. Isso é real, eu sou seu pesadelo! - O homem diz com um sorriso no rosto.

Logo o mesmo se aproxima para atacá-la, Steinfeld se defende como pode, segurando com força o braço com a luva, evitando a aproximação das lâminas. Estando tão próximo, a figura dos pesadelos alterna entre a fumaça negra e o rosto desfigurado e queimado do assassino. Se torna impossível saber se aquilo está acontecendo ou não, mas com certeza há risco. Com sua força, consegue derrubá-la. No chão, diversas aranhas surgem, se acumulando e formando uma poça negra, repleta de  pernas e olhos. Segurando sua cabeça com uma das mãos, Krueger tenta afundar o rosto da garota no meio dos aracnídeos, acelerando o seu coração e trazendo seu medo de volta á tona. Ela se debate de agonia e grita de desespero, fazendo de tudo para não cair em seu medo. Com muito esforço, Haiz solta um grito ainda mais alto, usando suas últimas forças e chutando Freddy para o meio das chamas. A figura novamente desaparece, restando somente sua luva de metal que caiu em meio ao fogo, esquentando como da última vez. Ela nota que o que tinha no chão não eram aranhas, mas sim cerveja, ele tentava jogar álcool no corpo da mesma, na intenção de atrair o fogo. A mulher se levanta, tossindo bastante e notando que um enorme arranhão foi deixado em seu ombro. Sua pele está suada, a respiração acelerada como o coração, e seu corpo não tem mais forças para continuar. Seu olhar se volta para a luva em meio as chamas, que agora brilha de tão quente, se destacando como uma ideia terrível entre pensamentos. Hailee quer e sabe que precisa acabar com isso de uma vez por todas. Com os olhos fechados, ela pensa em Imogen Poots, Elle Fanning e Charlie Heaton. O fogo fecha as portas e janelas, únicas saídas, e seus pulmões se enchem de fumaça, assim como seus olhos se enchem de lágrimas pela ardência.

Após todos os ataques coordenados, o rei dos sonhos se encontra caído, sendo espancado por todos os monstros criados por sua mente doentia e pelos medos de suas vítimas. Seu poder se voltando contra si. Próxima ao homem, Blu Hunt está de joelhos com o corpo de Anya Joy em seus braços. A garota está perdendo bastante sangue, ambas pensam na consequêcia que isso terá na vida real.

- Any, por favor, aguenta... - Por mais que tente segurar, as lágrimas continuam escorrendo por seu rosto.

- Hey, calma... - A loira tenta sustentar um sorriso, mas a dor não permite.

- Vai dar tudo certo, ok? - Hunt acaricia o rosto quente de sua amiga.

E algo acontece. Os monstros recuam. A linguaguem corporal dos monstros demonstram medo. Ao poucos, todos se afastam dando passos para trás, alguns até mesmo tremem. Freddy Krueger se levanta calmamente, e com uma de suas mãos limpa a poeira de seus ombros. O mesmo grita, assustando as criaturas, que correm para longe. Em poucos segundos, só ele resta. 

- Não tenho medo de bicho-papão. - Diz olhando no fundo dos olhos de Blu que está no chão.

Com os dedos ensanguentados, Anya segura a mão de sua amiga, chamando sua atenção. - Blu, eu vou ficar bem. Acaba com ele!

- Any, mas se eu te deixar aqui...

- Se você não for atrás dele, todo mundo morre. - Anya toca os cabelos negros da garota, tentando encorajá-la. - Destrói esse desgraçado, tu pode. Constrói seu futuro...

Hunt respira fundo e engole o choro. Há algo em sua garganta, dificultando sua respiração, seu peito dói e ela se sente cansada. Mas deita o corpo de sua amiga no chão, com cuidado, e se levanta. Agora é ela quem olha nos olhos do homem. A imagem do homem se tornou nojenta para ela, seu olhar raivoso e completamente cheio de ódio diz tudo. Sua postura fica ereta e o sangue corre mais rápido por suas veias.

- Você tá acabado, desgraçado. - Sua pele fica vermelha. Ela cerra o punho com tanta força que suas unhas cravam na pele das palmas.

- Ouvi o discursinho dela, vai me derrotar com o poder do amor? 

- Com o ódio... - Suas unhas penetram a pele das palmas das próprias mãos.

Freddy finge estar assustado, tentando desestabilizar a garota. Blu pensa em Anya, Imogen, Charlie, em seu pai e todos que já morreram por causa de seu medo. É o momento de passar por cima disso e se provar. E o último olhar de seu pai vem em sua mente, com aquele sorriso que sempre lhe dava forças nos momentos mais importantes. Ela se lembra agora.

O Último Pesadelo (Concluída).Onde histórias criam vida. Descubra agora