Novos Amigos.

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A lâmpada está desligada, apenas a televisão ilumina toda a sala, e principalmente o sofá grande e de couro marrom onde as duas irmãs de James estão sentadas. Jasmine e Lola assistem ao desenho animado enquanto comem pipoca em um balde que ganharam no cinema. Mesmo sendo um desenho infantil, até Jasmine, a irmã mais velha, está entretida. Até que James chega, com as mãos encharcadas após lavar as louças, sorridente, com a cabeça nas nuvens, chamando a atenção de ambas as garotas.

- O que você tem? - Pergunta Jasmine, vendo seu irmão se sentar ao seu lado, no mesmo sofá.

- A namorada dele ligou para ele. - Dessa vez foi a mais nova que respondeu.

- Ela não é minha namorada, Lola. Para com isso. - Mesmo negando, ele se alegra só de imaginar.

- Então uma garota te ligou? Que raro, talvez seja o fim do mundo. - Diz Jasmine em tom de deboche.

- Nada disso parece real, é como se fosse um sonho. - Diz ainda sorridente.

- Sonho não, pesadelo. - Responde Lola, olhando diretamente para a TV.

- O que? - Pergunta o garoto.

- Não é um sonho, é um pesadelo. - Em seguida, aponta para TV.

James se assusta ao ver a figura de um homem com chapéu e pele totalmente bizarra na tela. Um tipo de rascunho não finalizado, quase como rabiscos que tomaram forma. Ao fundo, não havia nada além do denominado "chuvisco", que revela a falta de sinal. O garoto se levanta e puxa a televisão da tomada, mas mesmo de costas para o aparelho, ele sabe que há algo de errado. Ainda dá pra ouvir aquele chiado e a sala continua iluminada. Ele dá alguns passos para trás e olha novamente para a televisão, que permanece ligada, mas sem aquela silhueta na tela. Quando olha para trás, suas duas irmãs estão estáticas, encarando o objeto. James logo nota que a lateral metálica da televisão está totalmente quebrada, de dentro para fora, dando a impressão que algo saiu dali. De repente, uma mão agarra a parte de trás de sua camisa, puxando com tanta força que seu corpo é lançado contra o sofá.

Uma voz rouca e velha diz. - Isso é um pesadelo, James. Mas é bem real..

Quando finalmente consegue ver a figura com clareza, reconhece o homem, é Freddy Krueger. Com a pele oleosa e queimada, e uma luva com facas nos dedos. James sabe que aquilo é real, consegue sentir dentro de si.

- Eu não esperava te ver tão cedo. Mas você tinha que abrir a boca, não tinha? - Freddy se aproxima com alguns passos, deslizando suavemente uma das navalhas sobre o antebraço do garoto.

Uma das navalhas atravessa o pulso do mais jovem que se contorce de dor, Freddy observa maravilhado, antes de perfurar o outro pulso também. Em seus últimos segundos, James se debateu no sofá, enquanto suas duas irmãs o encararam, sem expressão, apenas entretidas. Diferente de Krueger, que riu e aprovou a cena, como um telespectador. Após o último suspiro do garoto, o assassino dá passos lentos na direção da luz, criando um pequeno rastro com gotas de sangue, que pingam de sua mão. Esse rastro segue na direção da televisão, especificamente até a parte metálica e quebrada, que possui partes afiadas viradas para o lado externo do aparelho.

Na tarde seguinte, Blu já está arrumada. Usando uma blusa preta e um casaco quadriculado bem fino por cima, casaco esse que ela sempre dobra as mangas, por se sentir incomodada quando seu braço inteiro está coberto. Ela também usa a calça preta de sempre e está pronta para ir até o colégio, só está esperando por Anya. Ela está demorando um pouco mais que o normal, mas é compreensível. Mesmo sendo educados, os pais de Any não estavam contentes com a situação de ontem, e eles acordaram bem estressados. Não tem sido uma manhã comum para todos. Passos são ouvidos e Blu Hunt volta sua atenção para o andar de cima. Usando um coque, preso por um lápis, batom preto e uma blusa cinza, Anya aparece. Na medida que desce os degraus, suas pulseiras batem umas nas outras, fazendo barulho, anunciando sua chegada. Sua franja se move levemente, como sempre, trazendo um aspecto amigável ao seu rosto. Sem perder muito tempo, elas saem de casa. Blu sabe que Anya está melhor, consegue sentir durante o caminhar e isso a alegra, mas a preocupação ainda se mantém.

O Último Pesadelo (Concluída).Onde histórias criam vida. Descubra agora