Herdeiros

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Pov's Camila

Camila sentou numa cadeira, desanimada. Na conversa com Dinah, deveria ter sido firme e insistido que ia embora, mesmo que não tivesse uma razão clara para agir assim. E agora? O que estariam falando? Ele ia contar como haviam se conhecido?

Não queria perder o respeito que a amiga tinha por ela. Se Lauren contasse o que tinha acontecido naquela noite. Dinah talvez não ia compreender. Como podia continuar a trabalhar com ela, se a consideração e a amizade que havia se tornassem nulas?

O som de passos no corredor a tirou dos seus pensamentos. Pegou depressa a bolsa e o casaco, e se preparou para ir, antes que Dinah lhe comunicasse que sua presença não era desejada naquela casa. A porta se abriu, e Lauren a encarou.

— Bancando a esperta, não é, Bunny? Ou vai me dizer que não sabe sobre o que estou falando?

O encarava ainda em pé.

— Era isso exatamente o que eu ia lhe perguntar. E não me chame de Bunny! – disse já irritada, devido o sarcasmos em sua fala.

— Ora, deixe de bancar a garota inocente! Pois não foi você mesma que me disse que seu nome era esse? – Lauren arqueou a sobrancelha.

— Agora já sabe que não é. Sou Camila Cabello, e tenho orgulho do que sou e faço. Pode me dizer como pego um ônibus para Exeter? — Peguei a alça da mala.

— Não vai para casa, não, srta. Cabello. Pelo menos enquanto durar essa festiva época de Natal. — ela ironizou.

— Vou, sim! Não passo nem uma noite sob o mesmo teto que você! — Levantei a cabeça, desafiando o olhar de aço que Lauren me lançava.

Ela deu uma gargalhada irônica, o que me deixou confusa, na noite em que nos conhecemos, infelizmente não tive o prazer de ouvir seu sorriso, mais agora... Respira Camila, Respira!! Juro que se a situação não fosse estranhada, aquele som seria o meu preferido, mesmo contendo toda a ironia naquela gargalhada, ainda sim era adorável.

— Essa é muito boa. Não quer ficar sob meu teto, mas não se incomodou em ficar na minha cama! – Lauren falou me encarando.

— A situação era diferente. – retruquei de imediato.

— Sem dúvida que era. — Lauren mudou o tom da voz. Agora ela parecia enfurecida e autoritária. — O que acontece é que deixei minha irmã lá embaixo, chorando, achando que sou uma vilã porque maltratei a querida amiga que ela trouxe para casa! – disse enfurecida.

— Não vou ficar aqui. E nada vai me fazer mudar de ideia.

— Vai, sim. O que acontece, srta. Cabello, é que minha irmã não a vê como realmente é, uma vagabunda que sai por aí qualquer pessoa que caia em seus encantos. Pelo contrário, ela considera você uma garota pura e sensível, que precisa ficar com nossa família nessa época de Natal, para não ficar em casa, sozinha... Claro, ela me contou que existe o tio James, um senhor que ela não sabe exatamente quem é, mas que não deve passar de um velho que contribui para seu sustento, em troca de um pouco de carinho.

— Tio James não é nada disso. — Fui interrompida pelas mãos fortes e mais de Lauren, que segurava pelos meus ombros.

— Quero deixar claro, Camila Cabello, que não vou passar esse Natal com uma irmã chorosa me acusando de ter sido estúpida com sua melhor amiga, a ponto de fazê-la ir embora. Você vai ficar, compreendeu bem? – Lauren me encarava com aquela imensidão verde, aquele verde estava em tonalidade mais forte.

— Não lhe contou nada sobre... — Não consegui terminar a frase.

— Sobre sua pressa em ir para a cama comigo? Pode ficar certa de que não vou demorar a contar o que aconteceu, se não concordar com minhas condições.

— Se falar, vai estragar a imagem que sua irmã tem de você.- Falei.

— Nada disso, srta. Cabello. Dinah sabe que não tenho nada de santa, quando se trata de mulheres. Apesar de nunca ter trazido nenhuma para casa...

— Então, está vendo? Agora trouxe... — Não resisti em agredi-la.

Por um instante, Lauren apenas me observou, sem acreditar que tinha ouvido direito.

— Não está pensando que eu queira repetir aqui o que aconteceu naquela noite em Exeter, não é?

Camila ficou furiosa, os olhos lançando faíscas de ódio.

— Como se atreve a pensar nessa possibilidade? – Cuspi as palavras em sua cara.

— Conheço bem seu tipo, srta. Cabello. Não resiste a nada, não é? Só a previno do seguinte: fique afastada de meu irmão. Jason é muito jovem e se impressiona por rostinhos bonitos. A última coisa que quero ver acontecer é ele se apaixonar por você!

— Não gostaria que eu fosse sua cunhada? — respondi com o maior sarcasmo, indignada porque aquela mulher a colocava a um passo da sargeta.

— Acho melhor guardar seus truques e armadilhas para pessoas de sua própria espécie.

Não aguentava mais. Por que ainda estou aqui ouvindo tantos desaforos? Não era nada disso que Lauren estava dizendo, e no entanto, não tinha como provar!

— Não vê que é impossível eu ficar? Por favor, me deixe ir, Sr Jauregui.

— Foi Dinah quem lhe disse que meu nome é Jauregui? - Lembrou-se de repente que não tinham sido apresentados, portanto ela não poderia saber seu sobrenome.

— Não. Dinah fala muito pouco sobre a família. Mas esse é seu nome, não é? – Tentei desviar o assunto.

— É. Mas se Dinah não lhe contou, assim como não falou muita coisa sobre nós, o que mais conseguiu descobrir?

Notei que Lauren não usava mais o tom irônico do início e me senti encorajada a dar explicações.

— Tio James achou que você devia ser Lauren Jauregui. Quando lhe disse que vinha para cá, a convite de Dinah, e lhe contei sobre os irmãos e que todos moravam em Eldridge, ele achou que já tinha ouvido falar em você. Contou até que eram muito ricos e que... – Fui interrompida.

— Ricos? O que esse tio James quis dizer com isso?

— Ora, ricos, com muito dinheiro.

— E o que ele achou de sua vinda para Moor View, para ficar uns dias conosco?

— Tio James achou que era uma ótima ideia.

Não estava preparada para a reação da mulher a sua frente. Ela a sacudiu pelos ombros, até que ela se sentisse um pouco zonza.

— Claro que é uma excelente ideia!

Na sua ingenuidade, não entendia por que ela estava tão furiosa. Seus olhos até brilhavam de raiva. O que tinha dito para transformar a mulher daquele jeito?

— Não sei por que.- Perguntei confusa.

— Não, não sabe, não é? Pobre violetinha do brejo! Você é esperta e pensa que me engana com esse olhar inocente? Mas sou mais esperto que você! Então não sabe por que Dinah nunca fala na própria família?

— Ela é de natureza reservada e...

— Continua bancando a inocente, não é? Ou ainda vai afirmar que não sabe que eu, Dinah e Jason somos herdeiros de uma grande fortuna? Já sou dona de minha parte e os dois só estão esperando completar vinte e cinco anos. Compreende agora por que somos o alvo predileto de gente que quer dar o golpe do baú?

Puta merda!! Não acredito no que ouvi... ela acha que estou interessada na droga do dinheiro deles. Ela que vá se fuder junto com todo esse dinheiro.

Idiota, babaca, imbecil.

Senti minha mão coçando pra lhe dar um tapa forte na cara.

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E ai meus amores... o que estão achando :??? Não esqueçam de deixar seus comentários.

Beijos.

Só por uma noite (Camren) - EM REVISÃO Onde histórias criam vida. Descubra agora