Pov's Camila
Não acredito! Poderia ser qualquer pessoa, menos ela. Não poderia ser ela a dona daquela voz rouca que me arrepiava.
A ouvir aquela mesma voz, senti um arrepio na coluna... travei no mesmo lugar, e fui virando devagar em direção a voz.
— Você... – A encarei.
— Eu mesma. Não conseguia dormir, srta. Cabello? Não me diga que sua consciência pesada a impede de descansar? Ou quem sabe veio encontrar seu cúmplice?
— Cúmplice? — Estava tão espantada que não consegui dizer nada inteligente.
— Não adianta ficar me olhando com essa expressão inocente, srta. Cabello. Está muito escuro para que sua armadilha funcione. – Ela cuspiu as palavras com a maior cara de pau.
— Não vou me encontrar com ninguém, Srª Jauregui. O que imaginou? Que eu tivesse vindo avisar meu sócio onde vocês guardam as joias da família?
— Por que não? — Nesse momento Lauren acendeu uma lanterna que eu até então nem tinha percebido que estava em sua mãos, dirigindo o fecho de luz diretamente para mim. — Está pronta para enfrentar o frio, srta. Cabello. Não acha que me deve uma explicação?
Sabia que não importava o que ela dissesse, Lauren não ia acreditar.
Lauren tinha apagado a lanterna, mas fora o suficiente para que ela visse que ela também usava um casaco pesado.
— Sei que não pensa nada de bom a meu respeito, mas minha intenção era apenas sair sem incomodar ninguém. – Respirei fundo, apertando mais ainda meu casaco, pra tentar amenizar o frio.
— Foi o que acabei de dizer. Por que estava saindo assim, na surdina?
Não queria começar uma discussão a essa hora com ele, senão não chegaria em tempo na igreja. Era mais fácil ficar quieta, até que ela a deixasse ir.
— Como é? Vai ficar aí parada sem dizer nada até que fiquemos congeladas? Se veio encontrar alguém já é tempo que saibam que seus planos foram por água a baixo.
— Pensei que tivesse sido clara, Srª Jauregui. Não vim encontrar ninguém. Estava indo à igreja. — Por um segundo, pensei que ela fosse estourar numa gargalhada. No entanto mais uma vez ela me surpreendeu, ela permaneceu quieta, apenas mostrando que não acreditava no que eu dizia. — com licença. Se não for agora, vou acabar chegando tarde.
— Sabe onde fica? – Me espantei com sua pergunta, mais não dei muita importância.
— Dinah disse que fica a cerca de oitocentos metros daqui saindo da estrada principal.
— Por que essa súbita inclinação religiosa?
— Sempre fui à igreja na véspera do Natal. É uma tradição de minha família que pretendo conservar. — Estava ficando aflita. Queria assistir à cerimônia religiosa para me sentir um pouco mais próxima dos pais. — Por favor, Lauren! Apenas me deixe ir.
Lauren me olhou profundamente nos olhos, como se estivesse à procura da verdade, e somente encontraria nos meus olhos. O que me deixou levemente incomodada.
— Vou fazer mais que isso. Eu mesmo vou levá-la. – Ela falou de maneira tão firma.
Não poderia deixar ela me acompanhar.
— Não precisa. Posso ir sozinha. – Falei o mais rápido possível.
— Pensa que não sei onde fica a igreja? Espere aqui um momento, enquanto vou pegar o carro.
Não vou mentir que fiquei feliz porque Lauren resolveu me levar, jamais teria encontrado a igreja sozinha. Ela saiu pela estrada principal, depois pegou outra secundária, deu várias voltas até chegar à igreja, no centro da vila, escondida nas montanhas.
— Obrigada por ter me trazido, Lauren. Jamais teria encontrado o caminho.
— Foi o que pensei. – Respondeu seca.
Entramos na igreja já bastante cheia e encontramos um banco vazio onde nos sentamos. Tentei me concentrar na cerimônia cantando os hinos com sentimento, depois fechando os olhos para rezar por meus queridos pais, ausentes há tão pouco tempo.
Ao terminar, notei que Lauren cumprimentava várias pessoas, embora não parasse para conversar. Fomos caminhando lentamente até o carro e ela abriu a porta.
— Sente e me espere um instante.
Ela não demorou muito e em breve se acomodava ao meu lado no carro.
— Desculpe por fazê-la esperar.
Olhei surpresa para pra Lauren. Será que o espírito de Natal tinha mudado as maneiras de Lauren, fazendo-a delicada e gentil? Ou era ela bipolar?
— Fui ajudar Artur a arrumar o carro com esse frio, o motor sempre custa a pegar — Lauren explicou, deixando-me novamente surpresa.
— Artur é marido da sra. Randle? - perguntei curiosa.
— Exatamente.
Estava começando a descobrir boas qualidades naquela mulher bruta e insensível. Ela era bondosa com os empregados e se preocupava com o bem-estar deles. Será que só conseguia ser estúpida comigo?
A voz da minha consciência fez com que eu pensasse melhor. Lauren tinha sido amável. Se não a levasse de carro até a igreja, ela ainda estaria andando por ali, talvez até estivesse perdida! Já que Lauren tinha tornado possível que ela assistisse a cerimônia religiosa porque ela também não procurava esquecer os ataques dela para se concentrar somente no que ela tinha feito de bom?
Quando chegamos a Moo View, ela parou o carro em frente à porta principal.
— Vá entrando que vou levar o carro até a garagem. – Ela se pronunciou, ainda olhando pra frente.
— Obrigada por ter me levado, Lauren. – Sorri de lado em agradecimento, olhando de relance para ela.
— Não precisa me agradecer.
Abriu a porta do carro e desci, mais antes de descer consegui vi um sorriso rápido no rosto da mulher que tinha os mais belos olhos.
Fui em direção a entrada da casa, sentindo meu coração batendo rapidamente... Respirei fundo antes de entrar.
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Esse foi curtinho... me desculpe! Mais tive um dia não muito bom e estou frustrada.
Quando fico assim costumo escrever mais... então provavelmente teremos atualização dupla hoje... TALVEZ.
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Só por uma noite (Camren) - EM REVISÃO
FanfictionEla não tinha nada a perder! O acidente que acabou com a vida dos seus pais havia deixado Camila Cabello a definhar sozinha em um hospital, certa de que tinha apenas alguns meses de vida. O desespero levou-a a um encontro romântico com uma mulher a...