A verdade

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Camila acordou devagar, sem saber que lugar era aquele, e o que fazia ali. Por um segundo achou que estava no hospital. Depois seus olhos passearam pelo quarto, e ela reconheceu o vestido usado na véspera, cuidadosamente pendurado do lado de fora do armário.

De repente se deu conta de como tinha chegado ali... e mais nada. Sua memória era um vazio total. Não conseguia se lembrar de como deitara na cama, do que tinha acontecido nela. Ficou alarmada. Teria sido uma experiência tão revoltante que se defendera com a perda da memória?

Virou-se para o lado e viu que a mulher dormia de costas para ela. Reparou nos ombros que pareciam que foram desenhados com traços perfeitos e deduziu que por baixo das cobertas, o resto daquele corpo deveria estar nu.

Um medo sem limite a dominou. Ela também estaria nua? Levantando as cobertas, viu que estava usando a anágua. Teria tirado a roupa e tornado a pôr, ou não havia tirado? Não lembrava nada. Como Wolf teria agido? Tinha lhe tirado a roupa para fazer amor e depois tornado a vesti-la? Como podia saber?

Escorreu para fora da cama. Sairia dali imediatamente, antes que ela acordasse.

Sentia-se envergonhada pelo que tinha acontecido e não tinha coragem de enfrentar a si mesma, que diria encontrar aqueles olhos verdes.

Aproximou-se do cabide onde estava o vestido. Quem o tinha pendurado com tanto cuidado? Teria sido ela? Que vergonha!

Ao pegar o vestido, o cabide fez barulho e Camila voltou-se para a cama, preocupada. Wolf se espreguiçou mas continuou dormindo. Engraçado como suas feições já não pareciam tão sérias e pesadas como na noite anterior, pensou. Ela teria conseguido, com seu corpo, eliminar a dureza e preocupação daquele rosto?

Desviou os olhos. Tinha deixado que a ideia de morrer logo valesse mais do que tudo o que aprendera com os pais, que uma moça só devia se entregar a alguém que a amasse, depois das formalidades do casamento. Seu rosto estava em fogo e, mais que depressa, tratou de se vestir para sair dali o quanto antes.

Mal pôde se lembrar como conseguiu chegar em casa. Tinha chamado um táxi e foi com um suspiro de alívio que se viu no apartamento. Foi direto para o banheiro, com a intenção de tomar um longo banho de imersão.

Ao passar pelo quarto, se viu no espelho e quase morreu de susto. Estava ainda com a maquiagem pesada da véspera, toda borrada. Lágrimas brotaram de seus olhos e se misturaram com o rimel, deixando-a ainda pior.

Correu para o banheiro, encheu a banheira com água bem quente e ficou lá dentro bastante tempo lavando o rosto e o corpo várias vezes. A água estava quase fria quando ouviu o telefone tocar.

Saiu depressa da banheira, o que lhe valeu umas pontadas mais fortes na coluna. Enfiou-se num roupão e foi atender.

- Camila? - Uma voz feminina perguntou. - Estou falando com Camila Cabello?

- Sim, sou eu mesma.

- Aqui é Normani. Demorou para atender, estava no banho?

- Estava sim - respondeu aborrecida. Se Normani tivesse ido ao encontro, como combinaram.

- Desculpe por não ter aparecido ontem à noite, espero que não tenha ficado esperando por mim durante muito tempo.

- Tudo bem, Normani. - Camila falou de forma fria. Ninguém precisava saber no que ela tinha se metido. - Obrigada por ter telefonado.

- Não foi só por isso que liguei, Camila. Tenho notícias maravilhosas e queria contá-las para alguém. Pensei logo em você, porque ontem mesmo estivemos juntas.

Não se interessava pelas novidades dela, mas, para ser educada, perguntou:

- Quais são as boas novas?

Só por uma noite (Camren) - EM REVISÃO Onde histórias criam vida. Descubra agora